O evangelho segundo Tomé

Logia 10 - Amor universal

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Logia 10

“010. Jesus disse: vim para atear fogo ao mundo e, vede, eis que estarei vigiando até que ele arda”.

“vim para atear fogo ao mundo”

Este ensinamento assemelha-se muito a outro ensinamento do Evangelho de Mateus.

“Não pensem que eu vim trazer a paz ao mundo. Não vim trazer paz, mas a espada”. (Mateus – 10,34)

Os dois ensinamentos são mal compreendidos e muitas vezes criticados por algumas doutrinas, mas talvez sejam dos mais importantes trazidos por Jesus e que mais podem auxiliar os espíritos na busca da sua evolução.

A missão de Jesus (Boa Nova) foi trazer o amor universal para o planeta. Todos os seus atos exemplificaram esta forma de amar e devem ser como um “guia” para que se coloque em prática o amor universal, este sentimento que é, na verdade, a prova que o espírito veio fazer na carne.

Este amor é a “espada” e o “fogo” citados pelo Mestre nos dois ensinamentos aqui comentados. Jesus veio ao planeta para implantar o amor universal, transformando este amor em uma “arma” para que o espírito use para alcançar a sua própria evolução. O “fogo” não é para queimar os outros, mas para que o espírito queime a si mesmo; a espada não é para ferir os outros, mas para “matar” a si próprio...

Jesus nos traz o amor universal para que ele queime o “ser humano” e deixe nascer de dentro dele o espírito que ali mora. Este é o objetivo da espada: “matar” o ser humano para que renasça, em vida, o espírito que habita o corpo humano. Para que aconteça esta transformação é necessário que o espírito coloque em prática os três componentes do amor universal: alegria, compaixão e igualdade.

O “fogo” trazido por Jesus deve “queimar” todas as tristezas e infelicidades para que a felicidade universal seja o guia do espírito.

As tristezas e infelicidades são geradas quando o ser humano não consegue contemplar os seus conceitos ou verdades individuais. Sempre que alguma coisa acontece e ele não concorda, por não achar “certo” ou “bom”, ele se entristece. Como o ser humano acha que os seus conceitos são sempre “certos” e “justos”, sempre que são contrariados, ele afirma que houve uma injustiça.

Para se alcançar a felicidade universal é preciso entender Deus como causa primária das coisas, ou seja, gerador de todas as situações que ocorrem. Quando se alcançar esta consciência, as injustiças se acabarão, pois compreenderemos que Deus é a Justiça Suprema do Universo.

Como uma causa justa pode gerar uma injustiça? Entendendo-se que todos os fatos são justos por natureza, mesmo contrariando o que cada um acha, pode o espírito anular o sentimento de injustiça que gera a infelicidade e a tristeza.

A felicidade universal só será alcançada quando o espírito abdicar de seus conceitos, ou seja, de seus valores para “certo” ou “errado”, entendendo que não é ele a causa primária das coisas, mas Deus, quem possui o conhecimento necessário para aplicar a Justiça Suprema.

O espírito que vive o amor universal não tem conceitos e por isso não acha nada “errado” ou “mau”, pois sabe que Deus não poderia praticar injustiças. Entretanto também não acha “bom”, pois este conhecimento depende de que ele conheça o “mau”...

Para o espírito que vive o amor universal existe apenas a Perfeição, pois além de ser a Justiça Perfeita, Deus também é a Inteligência Suprema e o Amor Sublime. Por isso, o espírito que nutre o amor universal encontra em cada situação a justiça, a forma e a bondade perfeita do Universo.

Assim, para alcançar a felicidade universal, o espírito precisa eliminar os seus conceitos e alterá-los pela real visão da ação de Deus em sua vida: causa primária de todas as coisas.

O espírito que não possui conceitos não vê “erros” nos outros e, portanto, aceita o modo de proceder de cada um.

Como os espíritos vivem em sociedade e, portanto, interagindo uns com os outros, quando procuram impor os seus conceitos, sempre trazem a infelicidade. Ter o amor universal é vigiar-se para não querer impor suas vontades aos outros, levando a infelicidade e a tristeza para eles.

É esta consciência que o amor universal traz. O espírito que nutre este sentimento tem a consciência de que fere os outros ao procurar sempre ganhar para alcançar o prazer, ou ao impor seus conceitos.

O espírito deve alcançar a consciência de que todos têm o direito de “achar” e fazer o que quiserem e estarão sempre “certos” dentro de seus conceitos. Por esta consciência, o espírito que nutre o amor universal não busca impor nada, nem mesmo que os outros espíritos não tenham mais conceitos...

Aquele que tem o amor universal entende que Deus não concede o livre arbítrio apenas para ele, mas que o dá a todos, gerando em cada um o “direito” de pensar, achar e fazer o que bem quiser.

Isto leva ao terceiro sentimento básico do amor universal: a igualdade entre todos. Apenas o espírito que não possui conceitos pode entender a igualdade entre todos.

Esta igualdade não deve se basear apenas em posses, mas no uso que cada um faz do seu livre arbítrio.

Quando se fala em igualdade, o ser humano pensa apenas no direito de todos possuírem as mesmas coisas materiais.

A igualdade é o direito a todas as posses, inclusive a posse moral, ou seja, a posse da verdade. O espírito que nutre o amor universal concede esta posse aos irmãos para que exista realmente uma igualdade entre todos. Ele não limita esta posse e aceita que cada um possua verdades distintas.

Enquanto o espírito possuir “verdades” ele não será igual, mas superior aos demais. Por sentir-se superior não conseguirá alcançar a consciência de que está ferindo os irmãos, espalhando, assim, a infelicidade e a tristeza que acabam com a felicidade universal.

 “vede, eis que estarei vigiando até que ele arda”

Jesus trouxe o amor universal, mas vigia para que ele seja compreendido e colocado em prática pelos espíritos na carne. A vida na carne é considerada uma prova para o espírito, na qual ele tem que responder a todas as questões com o amor universal. Desta forma, podemos entender a afirmativa acima como a informação de que Jesus está presente em cada momento da vida do espírito conclamando-o a responder corretamente a questão.

Jesus é um integrante da comunidade espiritual fora da carne que dá suporte aos espíritos durante a sua provação na vida carnal. Assim sendo, esta afirmação nos mostra que sempre o espírito está recebendo auxílio para poder responder com o amor universal. Este auxílio se dá através das situações que acontecem no dia a dia da vida carnal: são os acontecimentos diários da vida do ser humano que compõem as questões da prova que ele faz. Estes acontecimentos são provocados pela comunidade espiritual para que o espírito encontre neles a alegria, a compaixão e a igualdade entre todos.

Por este motivo deve o ser humano, a cada situação de sua vida carnal, responder sempre com estes três sentimentos a tudo que acontece. Cada vez que o espírito reage a uma situação com tristeza, sofrimento ou injustiça, está utilizando outro sentimento e não este amor universal.

É nesse momento que é providenciado mais um acontecimento, como uma nova chance, para que o espírito busque mais uma vez utilizar-se do amor universal e não de outros sentimentos. Todo este processo é comandado no planeta por Jesus, em nome de Deus, como vigilância para que o amor “queime” o ser humano e para que o espírito renasça.

Somente quando o espírito reagir de forma a manter a igualdade entre todos, tomando cuidado para não ferir ninguém e mantendo a alegria geral, o fogo do amor universal terá “ardido” no ser humano que existe, fazendo renascer o espírito.

A vigilância que Jesus exerce é constante e nada fica oculto, pois Ele conhece os sentimentos que serviram como base para o raciocínio que comandou o ato. Portanto, apenas quando o amor universal arder como fogo, poderá o espírito alcançar a sua evolução.