Imperfeições do ser - Textos

Libertando-se do sistema humano

Dissemos anteriormente que para promover a reforma íntima é necessário que se coloque o egoísmo que está presente em si a serviço da elevação espiritual, mas isso é impossível para aquele que se acredita humano. Vivendo esta crença, o máximo que conseguirá é criar um subsistema humano que norteie a busca espiritual.

Elevação espiritual é atingir a universalidade. Para isso é preciso alcançar a completa isenção de normas reguladoras de atividades, de obrigações e de necessidades. Quem vive a busca da elevação espiritual como um subsistema humano ainda tem estas coisas. Ou seja, esta busca passa a tornar-se certa, uma obrigação e torna-se necessária. Quem vive desta forma apenas alcança o prazer de ter realizado o que pretendia e não a completa harmonia.

Quando falo que você precisa atingir a neutralidade com seus pensamentos, não disse que deve compactuar com aqueles que abordem a questão da evolução espiritual. Falei que deve libertar-se de todos.

Saibam de uma coisa: os seus pensamentos são expressões do sistema humano de vida. Eles não se formam ao por acaso: tudo o que ele afirma está subordinado às normas deste sistema, ás obrigações e necessidades que o fato de se achar humano traz. Mesmo que estas informações digam respeito à prática do que estamos conversando agora.

Recentemente uma pessoa me disse que estava tentando ver o seu filho como um espírito irmão. Disse que estava agindo assim porque compreendeu que esta é a forma do espírito se relacionar com outro. Aparentemente ele está seguindo um ensinamento, mas isso não é real. Na verdade ele continuou preso a um sistema humano de vida mesmo quando trocou o nome filho pelo de espírito irmão, pois esta nova visão ainda estava sendo feita como uma necessidade, por obrigação e estava sendo considerada certa. Ou seja, as características do sistema humano de vida continuavam presentes, mesmo com a troca do título dado ao outro ser.

Por isso lhe respondi que de nada adiantava o que ele estava fazendo. O importante não é mudar o rótulo que se dá ao outro, mas conviver sem acreditar em todas as coisas que a mente fale através de pensamentos naquele momento. Aconselhei-o a continuar a conviver com o outro como filho, mas sem ter certo ou errado nesta relação, sem ter ou exigir obrigações, sem ter necessidades a serem supridas. Quando isso acontecer, seja o outro considerado como filho ou espírito irmão, haverá harmonia.

Portanto, não é o conceito que possua sobre as coisas que regulamenta a sua relação com o outro, mas sim a subordinação a um sistema que se caracterize pela existência do certo e errado, que gere obrigações e que crie necessidades. Independente do rótulo que se conceda, sentindo-se humano, estas características existirão e por conta do egoísmo surgirá o anseio e a exigência que aquilo que esteja de acordo com suas crenças aconteça. Como isso não ocorre sempre, a desarmonia é inevitável.

Por isso disse diversas vezes: todo pai e mãe têm o direito de querer dizer ao seu filho o que achar que deve dizer; só não pode esperar que o filho faça o que ele diz que deve ser feito. Aquele que espera isso está subordinado ao sistema humano de vida. Este vive o prazer quando atendido e o pesar quando não, ou seja, está sempre desarmonizado com o momento presente.

Quem já se libertou da etapa de evolução que vocês estão agora, vivem sob a égide de um sistema que não possui estas características e por isso conseguem se harmonizar, viver a felicidade que Deus tem prometido.

Participante: mas, o senhor não diz sempre que como habitantes de um mundo de provas e expiações devemos viver como humanos?

Não é isso que eu digo. O que falo é que como espíritos no grau de evolução que corresponde ao que é chamado de mundo de provas e expiações vocês precisam se expor a idéias humanas. Só que quando isso acontece, não devem crer nelas, mas sim promover a sua reforma íntima, que se consiste em ao ter estas idéias não crer nela. Deve fazer isso porque sabe que é um espírito e que aquelas idéias nada têm a ver com a realidade espiritual.

Este é o processo de reforma ou como é chamado pelos espíritas, o transformar o homem velho no novo. Houve uma reforma em você, pois mesmo sendo bombardeado por idéias fundamentadas no processo humano de vida, passaram a não mais viver a partir delas.