O evangelho segundo Tomé

Histórico

Extraído do Livro “Apócrifo – Os Proscritos da Bíblia”

Compilação de Maria Helena de Oliveira Tricca

Editora Mercuryo

Em 1945, no Alto Egito, na região de Nag Hammadi, deu-se uma descoberta extraordinária. Um camponês árabe encontrou em uma das cento e cinqüenta cavernas existentes em certa montanha pergaminhos extremamente valiosos.

Essas grutas eram usadas como sepulcros desde a VI Dinastia, há uns 4.300 anos. Os pergaminhos estavam encerrados em um jarro de barro de quase um metro de altura.

Essa história guarda muitas semelhanças com o achado dos Manuscritos do Mar Morto, em Qumran, ocorrido dois anos depois, em 1947. Em ambos os casos, por total ignorância, muitos dos textos foram queimados como “lenha”, outros viraram sapatos, outros ainda reverteram ao pó ao serem desenrolados sem os cuidados técnicos que exigiam.

Os manuscritos de Nag Hammadi fazem parte, hoje, do acervo do Museu Copta do Cairo. Entre estas maravilhas encontrou-se o Evangelho Segundo Tomé, o Dídimo, que o autor qualifica de secreto.

O Evangelho Segundo Tomé, o Dídimo, é uma coletânea de logias – frases ou palavras atribuídas a Jesus Cristo – e parábolas evangélicas. Este texto era muito citado como Evangelho de Tomé, que não se deve confundir com o Evangelho Pseudo-Tomé. Juntamente com o de Felipe, foi muito usado pelos maniqueus.

O interessante é que muito se lia nos escritos dos doutores da Igreja a respeito deste Evangelho, mas não se lhe conhecia o texto. Uma vez encontrado, uma surpresa: das cento e quatorze logias, dezessete já eram conhecidas nos fragmentos papiráceos de Oxyrhynchus, papiro do século III descoberto em Bechnesa, antiga Oxyrhynchus, em 1907.

É nitidamente um Evangelho gnóstico, com alguns textos de difícil entendimento, muitas vezes devido à distorção da tradução do grego para o copta. Além disso, há dúvidas quanto à língua do original, se o semita ou o siríaco. Mas o texto em questão parece não passar mesmo de uma tradução.