6ª Conversa - Conciliar a vida material com a espiritual

Falando sobre a opção

Participante: essa semana meu chefe me ligou gritando por não ter cumprido uma regra da empresa. Na hora acabei respondendo de fora ríspida e chorei. Na hora pedi desculpas, mas não consegui mudar o ato. Hoje busco me harmonizar com ele intimamente e já conversei novamente pedindo desculpas, entendendo que mesmo não concordando com ele naquele momento é necessário respeitar tudo que me foi ordenado. Não consegui mudar o ato, mas internamente tento mudar sentimentos sabendo que aconteceu o que tinha que acontecer.

Você está relatando um acontecimento humano, e como acabei de dizer, tem um interesse humano na empresa. Se não tivesse, mandava ele passear naquela hora e nunca mais voltava lá. Além disso, tem um objetivo espiritual, já que quer viver em paz com quem lhe agrediu.

Seu caso é uma prova de que mesmo querendo objetivos materiais, pode lutar para viver a vida em paz. É uma prova de que não é necessária, para haver a opção pelo mundo espiritual, é preciso abrir mão do lado material.

Para se conseguir isso é preciso da decisão de viver em paz e acho que essa decisão você já tomou. Isto que escreveu comprova isto.

Participante: qual a diferença entre optar pelo caminho espiritual e optar pela paz, seguindo o caminho material? O caminho espiritual não é a paz em si?

Não. O caminho espiritual não é a paz. A caminhada se faz em paz. O caminho espiritual é a felicidade e ela precisa da paz. Paz e harmonia.

Primeiro, não falei em optar por caminhos; falei em optar pelo que você quer. O que é mais importante para você: a realização espiritual ou a realização material? Você não opta por caminhos, opta aonde quer chegar.

É um pouco diferente. Quando vocês vão buscar algum lugar, escolhem o caminho para chegar ao lugar. Na questão espiritual não há caminhos. O que há são pontos de chegada que são escolhidos. Depois dessa escolha se caminha por caminhos que a vida constrói para chegar lá.

Portanto, não é pelo caminho que você opta, mas sim pelo ponto de chegada, pelo objetivo. Este objetivo, se espiritual, é completamente contrário ao objetivo material. O ser humano quer uma coisa e o ser espiritual quer outra.

A realização das duas coisas simultaneamente é algo quase impossível. Até porque quem ama a tudo e a todos jamais se sente realizado materialmente ou até espiritualmente, porque não se importa em se realizar, mas apenas amar.

Participante: seria viver a vida minuto a minuto respondendo mentalmente a todos os acontecimentos sem sofrimento, sem culpa e nem prazer?

Perfeito. É exatamente isso o caminho para chegar lá.

A caminhada, porque os caminhos são apresentados pela vida, são os acontecimentos. Para alcançar a vida sem sofrimento você tem que optar onde quer chegar. Não fazendo essa opção vai viver correndo de um lado para outro. Nesse caso, sempre terá frustração no meio ou na chegada.

Esta decisão é fundamental: o que eu quero para mim? O que é prioridade, qual é a minha opção? O fato de haver escolhido um objetivo de vida é que vai servir como fiel da balança para ver se você sofre ou não.

Participante: difícil é não se perder no enredo das historinhas mentais. Na verdade se Deus é tudo, não sei aonde ir ou se há onde ir.

Toda história da mente é fundamentada em uma realização material e justamente por não ter feito essa opção de forma clara, decisiva, incisiva é que lhe leva a cair na história da mente. Se tivesse tomado essa decisão de foro íntimo sólida, jamais as historinhas da mente lhe confundiria. Nesse caso teria certeza que é a razão que está explorando o objetivo material: ganhar, ter o prazer, a busca da fama, a busca do elogio.

Agora, como você não tem a opção firme, ainda está correndo entre o material e o espiritual. Por isso a historinha da mente acaba lhe confundindo. Essa confusão vem do fato de confundir os objetivos.

Participante: no momento que que a gente ouve que temos este caminho que você ensina a trilhar, criamos o vício de pensar se podemos conseguir 24 horas por dia

Sim, esta é outra questão e importante, pois para vocês seres humanos, só imaginam ter conseguido se fizerem o tempo inteiro.

É a questão da vida. A vida acontece apenas um segundo. É o presente. O presente vai para o passado e vem do futuro, mas você só tem o presente para viver. Então, tem que conseguir agora. Só que se não conseguir já, no outro presente haverá uma nova chance.

Além do mais, vocês ainda não estão no mundo de regeneração. O planeta está; vocês não. Por isso não precisam realizar o tempo inteiro.

Participante: ao escolher atingir o objetivo espiritual, parece que os caminhos materiais se fecham aos poucos, já que não trabalhamos em cima deles. Pode falar um pouco sobre isso?

Posso falar para você que isto está acontecendo na sua vida, mas que não é regra.

Veja, a prova do espírito não é nascer pobre. Nascer rico também é prova. Portanto, a riqueza material, o conseguir coisas materiais, não é sinal de que está se caminhando bem e o não conseguir também não é sinal de que se está caminhando mal. Não é por aí. Não queira medir o avanço espiritual pelo avanço material.

Na próxima reunião quero fazer uma pergunta para vocês: dá para medir a evolução espiritual? Dá para medir o quanto você evoluiu espiritualmente? Eu sei que já cansei de dizer que não, ou melhor, vocês já cansaram de entender que eu disse que não, mas dá sim, e eu vou mostrar isso. Depois que u responder, você vai ter outro termômetro para medir a sua elevação espiritual do que as aparentes situações de penúria que acontecem na sua vida.

Participante: cheguei a um ponto da minha vida onde não tenho objetivos, pelo menos não poderia afirmar se tenho algum. Me sinto monótono, paralisado, talvez frio. Mesmo coisas que eu perseguia feito louco, como sexo e outros prazeres, estão perdendo sentido. O prazer que minha mente afirma que estas coisas tem a oferecer, na verdade, nada oferece ou no final esse prazer vira dor. Não sei o que faço, sinto que estou no piloto automático. Mesmo o desejo desenfreado de buscar informações de aperfeiçoamento perdeu o sentido, mas as vezes me aterroriza a ideia de nada a fazer e de nem onde ir.

Este terror por não ter o que fazer é, digamos, o último suspiro da mente.

O não gostar da monotonia é o último suspiro da mente. Aguarde um pouco porque o que você está me dizendo, a monotonia, o não querer, o não achar graça é o reconhecimento de que um trabalho está sendo feito para um outro objetivo. Espere mais um pouco.

Participante: seria o mesmo que se sentir perdido?

Sim. É o mesmo que se sentir perdido. Como ainda não conseguiu se libertar totalmente, ainda tem falta e essa leva a ideia de estar perdido e consequentemente não ver que está caminhando em outro sentido.

Por isso disse: calma, espera. Se por um lado já não há objetivos que chamem a atenção, isso é sinal que você está caminhando para outro lado. Calma.

Prepare-se porque ainda há uma última tentativa da mente. Ela dizer: ‘está vendo, vai dar tudo errado’. Fará isso para ver se você abandona o outro caminho.

Então é só calma

Participante: quando estamos trabalhando e resolvendo os problemas do mundo material, estamos evoluindo espiritualmente?

Podem alcançar ou não. Como Cristo ensina, Deus julga a intenção. Se fazem uma atividade material com a intenção material, não fizeram nada pela evolução espiritual. Se fazem uma atividade material com uma intenção espiritual, sim, estão evoluindo.

Se você trabalha para ganhar dinheiro, para ser promovido, para ter sucesso na carreira profissional, está buscando bem material. Nesse caso tem um objetivo material e não o espiritual. Agora, se ao fazer o seu trabalho do dia a dia se mantiver ocupado em amar a tudo e a todos, está fazendo um trabalho material e alcançando a elevação espiritual.

O mundo é de intenção, de intencionalidade e não um mundo de ação.