Vida humana

Expiação

Estamos conversando sobre o texto da pergunta 132 de O Livro dos Espíritos. Vimos que para uns a encarnação é missão e para outros expiação. Depois disso falamos da vicissitude, mas quando o fizemos não levamos em consideração o final da frase. Nela é dito que viver as vicissitudes caracteriza a expiação.

“Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corpora; nisso é que está a expiação”.

Com este último trecho do texto o Espírito da Verdade nos mostra, então, o que é expiação. Mas, como este termo também é mal compreendido pelos seres humanos, vamos falar um pouco sobre isso...

Os humanos acham que expiação é pagar por erros de outras vidas. Não é isso que o Espírito da Verdade diz: Ele deixa bem claro: expiar consiste-se em viver uma existência com vicissitudes. Isso muda completamente a compreensão que se tem sobre os acontecimentos da vida.

Quem acredita que expiar é pagar por faltas do passado vive as vicissitudes da vida como castigo. Trata-se de penalidades impostas a infratores. Como se pode viver uma situação compreendida desta forma sentindo-se amado por Deus?

Se como já vimos as vicissitudes consistem-se numa oportunidade de elevação. Por isso elas não podem ser um castigo, mas um ato amoroso. Dar a cada um uma nova oportunidade de elevação é fruto de um Amor Sublime e não ato de um juiz carrasco que condena um criminoso.

O seu momento presente é uma expiação, mas não é assim porque em outra vida você fez isso ou aquilo, mas porque está sendo amado por Deus, ou seja, está ganhando uma nova oportunidade de elevação. É como um pai humano que faz o que o filho não quer que aconteça porque sabe que aquilo é o melhor para o seu futuro.

O Deus que dá a expiação não é um pai sádico que quer o mal de seu filho ou que quer aprisioná-lo para mostrar o quanto ele sabe o que é certo. É aquele que reconhece que o filho não é capaz de saber o que é melhor para si e proporciona oportunidades para que alcance isso.

A expiação não é um ato de um Deus julgador, mas de um Pai que sabe que precisa criar condições para o filho aprender. É o ato de um pai que sabe que se não criar estas oportunidades o filho não encontrará aquilo que precisa encontrar.

Não é o ato de um ser que julga, que castiga e penaliza. É o ato de um Pai que dá uma nova oportunidade de elevação para aquele que não se aproveitou da anterior. É um ato amoroso e não um castigo.

Por isso a perfeita compreensão deste termo é importante. Quem não o compreende bem não consegue viver o acontecimento como fruto do amor divino e o vivencia como uma pena que está pagando. Será que o bandido encarcerado pode achar que a sociedade que o julgou e condenou lhe ama?

“167. Qual o fim objetivado com a reencarnação? Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade”.

Quando se liga o termo expiação como a finalidade da encarnação e se diz que ela é caracterizada pelas vicissitudes vividas durante a encarnação, o que se vive durante a vida carnal passa a ter outro significado. Ao invés de ser só sofrimento como imaginavam ou de ser ter ou não ter como conversamos, torna-se o fruto do amor de um Pai por seus filhos. Com esta compreensão dá para se sentir amado...

Apesar de Cristo ter ensinado que existe uma forma diferente de se aplicar a lei (Bíblia Sagrada – Evangelho de Mateus – Capítulo 5 – Versículo 17), que é o amor, vocês ainda vivem com o Deus do Velho Testamento: aquele que castiga e pune. Isso não é verdade. Deus não pune quem em uma encarnação tirou o braço de alguém com a perda de uma mão nesta vida. Ao retirar a mão nesta vida dá uma vicissitude, uma nova chance de elevação. Quando é esta a finalidade, o ato deixa de ser um castigo e torna-se uma oportunidade fruto do amor divino.

 Acreditar que os acontecimentos da vida sejam punições de acontecimentos de vidas anteriores nada mais é do que a idéia do inferno aplicada à vida. O inferno que os católicos acreditam existir é o lugar onde se cumpre penalidades pelo que se fez durante a vida. Os ensinamentos dos espíritos viram para acabar com a idéia do inferno e não para transportar as penalidades para outro lugar. Quando se acredita que estas penalidades são aplicadas em nova encarnação mantém-se a idéia da existência de um lugar específico para que elas aconteçam.