Reforma íntima - Textos - volume 07

Espiritologia - um resumo

A ESPIRITOLOGIA possui como finalidade básica transformar-se em mais um instrumento à disposição dos espíritos no processo de encarnação (sansara) no planeta Terra para a promoção da reforma íntima (alteração de valores da consciência) necessário para o aproveitamento da encarnação para a elevação espiritual.

A ESPIRITOLOGIA é classificada como uma ciência, ou seja, como um estudo sistematizado de objetos e/ou assuntos para que surjam verdades e realidades que não estão na consciência do ser humanizado.

A ESPIRITOLOGIA não é uma doutrina, pois não pretende criar um conjunto de princípios que sirvam de base a um conjunto filosófico, mas apenas revelar verdades e realidades, criando novas concepções para a existência humana do espírito.

A ESPIRITOLOGIA é uma ciência religiosa, pois as verdades e realidades por ela reveladas têm como objetivo aproximar o ser universal do Senhor Supremo, Deus, o Pai.

As verdades e realidades analisadas pela EPIRITOLOGIA fazem parte do mundo carnal, ou seja, são aquelas que são compreendidas racionalmente pelo ser humanizado através da ação do seu ego.

Ela ocupa-se, portanto, de analisar a compreensão que o espírito humanizado tem de si mesmo (a consciência sobre o eu); a compreensão que ele possui em sua consciência das funções (papéis) que representa neste mundo; a compreensão a respeito dos acontecimentos onde vivencia tais funções e a compreensão sobre os elementos (objetos e outros seres) que compõem junto com ele a vida carnal.

Apesar de revelar novas realidades e verdades, a ESPIRITOLOGIA não nega a existência de nada. Ela parte do pressuposto que tudo que um espírito acredita é real, pelo menos para ele. O que ela intenta é mostrar que a realidade que o espírito humanizado crê é apenas uma ilusão, uma miragem: algo que ele vê no lugar do que existe realmente.

Outro aspecto importante no estudo espiritológico dos objetos e/ou assuntos do mundo carnal é que a ESPIRITOLOGIA não aplica adjetivos ao que analisa e às verdades e realidades que revela. Sendo assim, os conceitos de bom ou mal, certo ou errado, bonito ou feio não fazem parte da ESPIRITOLOGIA.

As verdades e realidades que a ESPIRITOLOGIA utiliza para analisar objetos e assuntos do mundo carnal são diferentes das compreensões ilusórias vividas pelos espíritos humanizados porque se fundamentam em bases diferentes: ao invés do materialismo, o espiritualismo; ao invés da submissão a doutrinas religiosas, o ecumenismo; ao invés do individualismo, o universalismo.

Materialismo é a crença humana ou valores terrestres que o ser humanizado aplica ao elemento analisado; espiritualismo é a verdade ou realidade espiritual daquele elemento.

Crença nas doutrinas religiosas é vivenciar como real a compreensão, que é calcada no materialismo, que cada doutrina religiosa confere a respeito de determinado elemento; ecumenismo é o conhecimento calcado no espiritualismo do ensinamento de todos os mestres da humanidade enviados por Deus: Krishna, Buda, Cristo, Anjo Gabriel (que transmitiu os ensinamentos através de Maomé) e Espírito da Verdade (que se expressou através da codificação feita por Allan Kardec).

Individualismo é vivenciar como reais verdades ou realidades que são fundamentadas no dualismo e na pluralidade; universalismo é criar compreensões que contemplem como fundamento que tudo que existe no Universo é uno e funde-se no Todo Universal, que é, também, chamado de Deus.

Sendo assim, a ESPIRITOLOGIA analisa toda racionalidade do ser humanizado - os conhecimentos humanos, sejam eles técnico-científicos ou morais; as doutrinas religiosas e as compreensões fundamentadas ao individualismo humano - e a expõe às verdades e realidades transmitidas pelos mestres da humanidade, visando eliminar todo dualismo e pluralidade nela existente para poder transformá-la em universalista.

Apesar das verdades e realidades reveladas pela ESPIRITOLOGIA embasarem-se nestes três aspectos, elas ainda não são Absolutas, ou seja, eternas e universais.

Pelo próprio dinamismo científico (a constante transformação da realidade e da verdade) do qual está imbuída a ESPIRITOLOGIA, ela sabe que as verdades e realidades que revela ainda não são prontas ou completas dentro dos aspectos espiritualismo, ecumenismo e universalismo.

A ESPIRITOLOGIA tem a plena consciência de que elas são mais reais do que aquelas que os seres humanizados vivem como verdades, mas ainda não são definitivas. As verdades agora reveladas representam apenas o limite de compreensão atual da racionalidade humana, mas ainda não alcançaram o Universalismo Absoluto.

 Todo estudo que a ESPIRITOLOGIA realiza sobre os elementos da vida carnal têm como fundamento uma Verdade que foi trazida por Krishna, um dos mestres enviados por Deus: ‘tudo que pode ser compreendido pela razão humana a partir das percepções recebidas pelos órgãos dos sentidos (visão, audição, paladar, olfato e sensibilidades do corpo) é maya (ilusão), miragem.

A partir deste aspecto fundamental, podemos, então, definir a ESPIRITOLOGIA como um estudo sistematizado das ilusórias compreensões do ser humanizado a respeito de si mesmo e da sua ‘vida’ - das funções que exerce durante a encarnação, dos acontecimentos que participa e dos elementos terrestres - visando revelar novas verdades e realidades que as substituam.

Sendo assim, todo estudo espiritológico parte do seguinte aspecto: a compreensão que o espírito humanizado tem sobre si mesmo (ser humano) é ilusão e tudo aquilo que ele vive (sua vida) também é irreal.

Como nova realidade para estes elementos, a ESPIRITOLOGIA consagra, a partir dos ensinamentos dos mestres, o elemento ‘ser universal’ (espírito, alma, anjo, etc.) e a encarnação (ligação do ser universal com um ego que criará as compreensões ilusórias).

Eliminando o elemento homem como verdade da realidade sobre si mesmo de um ser universal, o materialismo acaba automaticamente, pois os valores espirituais de sentido da vida são completamente diferentes daqueles preconizados pela humanidade. O homem vive para realizar-se materialmente (ser feliz prazerosamente) enquanto que o espírito vive para atingir a realização espiritual (acabar com o seu egoísmo para poder se universalizar, aproximando-se de Deus, e, assim, viver a felicidade que Pai tem prometido aos seus filhos).

Eliminando o elemento vida humana das compreensões racionais do ser universal humanizado, aquilo que ele está vivenciando (a auto visão, as funções, os acontecimentos e os objetos) naquele momento muda de realidade. Isto porque, enquanto a vida humana consagra como realidade uma série de acontecimentos surgidos ao acaso ou por motivação individual do próprio ser humano, a encarnação trata-se de uma série de acontecimentos que precisa necessariamente se alternar entre o bom e o ruim (vicissitudes) para que, desta forma, eles representem o gênero de provação pedida pelo próprio espírito antes da encarnação.

Portanto, ao invés de analisar os elementos do mundo material como seres humanos e como vida, a ESPIRITOLOGIA o faz tendo como real a existência do ser universal e de uma encarnação.

É a partir destas duas realidades espirituais, ecumênicas e universalistas que a ESPIRITOLOGIA revela novas verdades e realidades que alteram a compreensão racional do ser humanizado.

Aqui acaba o resumo da ESPIRITOLOGIA como ciência acadêmica ou como geradora de verdades e realidades. Mas, ela é mais do que isso: também é uma ciência aplicada.

A partir dos ensinamentos dos mestres, a ESPIRITOLOGIA compreende que o ser universal que acredita racionalmente e emocionalmente nas verdades e realidades criadas pelo seu ego está afastado da graça de Deus (a felicidade que Ele tem prometido aos seus filhos). Ao invés deste estado de espírito, o ser humanizado vive preso ao ciclo de dor (sofrimento) e prazer, que, como ensinado, também é sofrimento.

É para libertar o ser universal humanizado deste ciclo e levá-lo a vivenciar apenas a graça de Deus é que a ESPIRITOLOGIA se aplica, ou seja, utiliza as verdades e realidades que criou como metodologia de ‘cura’ das dores morais.

Fundamentando-se nos ensinamentos dos mestres, a ciência espiritológica aplicada como metodologia de cura das dores morais entende que a vivência do ser universal humanizado dentro do ciclo do prazer e da dor tem origem na presença do egoísmo em todas as realidades criadas pro este ser. Ou seja, que todas as realidades ilusórias que são criadas racionalmente pelo ego ao qual está ligado o ser humanizado passam antes pelo crivo do individualismo.

Quando a realidade criada está de acordo com os valores individuais de cada um, o ser humanizado vivencia o prazer, ou a satisfação de ter visto as suas expectativas realizadas; quando isto não acontece, vem a dor moral, o sofrimento.

Alterando-se as realidades para padrões mais espirituais, ecumênicos e universais, tal processo extingue-se. Isto porque estes novos padrões não são fundamentados no individualismo, mas no universalismo.

Apesar de ter esta consciência, a ESPIRITOLOGIA sabe que o egoísmo é como um tumor que corrói internamente em silêncio. Sendo assim, o ser humanizado não ‘sente’ a presença dele nas realidades e verdades com que convive.

Mas, assim como o tumor (doença física), o egoísmo também gera efeitos colaterais, ou seja, gera sintomas que podem ser reconhecidos pelo ser humanizado. Estes sintomas são: as posses – material (dos elementos do mundo), sentimental (pelo falso amor ou desamor que os seres humanizados nutrem entre si) e moral (o saber a verdade e a realidade das coisas) - o apego a vida carnal, que leva inexoravelmente ao medo da morte, e a perda da fé em Deus.

Portanto, se o tumor não pode ser compreendido pelo ser humanizado, pois sua razão não o admite, estes sintomas podem e, por isso, a ESPIRITOLOGIA, utilizando-se das verdades e realidades geradas por sua faceta acadêmica, as aplica à compreensão racional do ser humanizado levando-o a eliminá-los. Com isso, o espírito extingue o atual padrão sentimental (viver entre o prazer e a dor) e alcança a felicidade incondicional.

Mas, para que isso aconteça, o ser universal humanizado precisa antes apagar a paixão que nutre por si mesmo e por suas compreensões. Estas paixões (ter certezas) são geradas pelo próprio ego ao qual o ser humanizado está ligado através do elemento egoísmo que foi utilizado na sua composição.

Estas paixões precisam ser eliminadas para que as dores morais acabem, pois enquanto elas existirem o ser humanizado terá sempre a vontade de ganhar e o medo de perder, desejará o prazer e terá medo da dor, buscará sempre ser afamado e terá medo da infâmia, apegar-se-á ao elogio e terá medo da crítica.

Vivendo subordinado ao resultante de suas paixões, que criam os desejos – positivos (querer) e negativos (ter medo de acontecer) - o ciclo de prazer e dor (dores morais) é inexorável.

Por isso, a ESPIRITOLOGIA, como ciência aplicada para eliminar as dores morais, também age no sentido de levar o ser humanizado a libertar-se dos desejos (sonhos, ideais) criados por seu ego.

Como ciência aplicada, então, pode se dizer que a ESPIRITOLOGIA age no racional humano alterando valores e realidades para que as novas verdades, mais espiritualizadas e universalizadas, ajudem o ser universal humanizado a libertarem-se dos desejos com os quais convive durante a vida carnal.

Alterando-se as verdades e realidades, as paixões se extinguem, pois pelo critério universalista delas, a possessão como sintoma do egoísmo acaba.

Liberto, então, da ação destes elementos sobre sua racionalidade, o ser universal humanizado pode, então, viver a felicidade que Deus tem prometido ao seu filho, pois não há mais razão para prazer (contentamento de desejos e paixões) ou dor (descontentamento destes mesmos elementos).

Neste ponto, a ESPRITOLOGIA aparentemente confunde-se com a Psicologia e daí a origem de seu próprio nome. No entanto, elas se diferem em um aspecto: a Psicologia visa tirar o ser humano apenas da dor e levá-lo a vivenciar exclusivamente o prazer, enquanto que a ESPIRITOLOGIA se aplica para libertar o ser humanizado destes dois estados de espírito.