O evangelho segundo Tomé

Especial - Amar a Deus sobre todas as coisas

Este texto não se refere a nenhuma logia especial, mas é um resumo das logias 68, 69a e 69b

Amar a Deus sobre todas as coisas

Nos três últimos ensinamentos (logia 68, 69a e 69b) foi ensinado como amar a Deus acima de todas as coisas, ou seja, amar a Deus acima do que os outros fazem, do que nós fazemos e acima das situações da vida.

Esses ensinamentos são a base para a felicidade universal, pois é necessário que o espírito se sinta participante das coisas universais para poder alcançar esta felicidade. Apenas entendendo Deus como Causa Primária, Aquele que possui a Inteligência Suprema, a Justiça Perfeita e o Amor Sublime, o espírito conseguirá evoluir.

Quem ama a Deus acima dos atos reconhece a Justiça Perfeita e por isso não se sente injustiçado (não tem seus conceitos satisfeitos). Quem ama a Deus acima de todas as coisas reconhece o Amor Sublime e não se acusa porque sabe que está servindo de instrumento a Deus para a execução de Sua obra.

Para poder viver esta realidade universal é preciso que o espírito ponha em prática os sentimentos do amor universal. Quando fizer isto não mais sofrerá com os acontecimentos da vida material e viverá feliz.

Este amor foi também descrito no Sermão do Monte na primeira frase de Jesus: “Bem-aventurado os pobres de espírito” (logia 54). Neste sermão Jesus traçou todos os requisitos para os bem-aventurados, ou seja, para aqueles que gozam a felicidade dos santos. Santos não são os puros, mas aqueles que amaram a Deus acima de todas as coisas, aqueles que não se preocuparam com as situações de sofrimento que os outros impuseram a eles, não se auto flagelaram com seus próprios atos e nem questionaram as suas condições de vida. Estes conseguiram amar a Deus acima de todas as coisas.

O ser humano afirma que não consegue esta prática por que não é “santo”, mas com isto comprova que não conhece a história da encarnação destes espíritos. Sidarta Guatama (Buda), o primeiro espírito a alcançar a evolução nesta geração do planeta Terra nasceu rico, filho de um grande senhor, criado em um castelo longe de todas as pessoas para que não sofresse. Poderia ter vivido toda a sua vida dentro daquelas paredes, mas um dia saiu para procurar o que lhe faltava e achou.

São Francisco de Assis era filho de senhor de terras. Pertencia à nobreza da sua época e recebeu, durante boa parte de sua vida, todos os conceitos de um ser humano. Um dia, porém, abandonou tudo e foi vivenciar os ditames do Sermão da Montanha.

Francisco Cândido Xavier não nasceu “santo”. Sua infância, juventude e boa parte do seu trabalho mediúnico foram influenciados pelos conceitos de ser humano. Um dia, porém, conseguiu abrir mão desses conceitos e começou a viver a bem-aventurança.

Muitos são os exemplos que poderemos dar, principalmente de Jesus, que viveu a infância, juventude e início da maturidade como ser humano até o dia em que despertou para sua missão. Citamos estes três exemplos para que aqueles que buscam “desculpas” para iniciar seu processo de evolução não justifiquem sua inércia, acusando e culpando as condições de sua vida para tanto.

Buda viveu antes de Jesus, São Francisco de Assis na idade média e Chico Xavier na atualidade. Todos foram capazes, apesar dos costumes, condições e conceitos da vida humana em cada época. A reforma íntima não depende de fatores externos, mas é necessária uma atitude interna: amar a Deus acima de todas as coisas.

Não é preciso ser “santo” para se reformar, mas santo é aquele que consegue se reformar, ou seja, vencer a si mesmo. Para isto basta o espírito abrir mão de sua individualidade, da necessidade de premiar os seus conceitos. É preciso ter a fé de que o Pai o proverá e então realizar os seus trabalhos (espiritual e material), deixando que Deus guie seus passos sem impor condições.

A transformação do ser humano em espírito tem que passar pela convicção que Deus é a Inteligência Suprema do universo e por isso só Ele tem o poder de causar os acontecimentos para que a Justiça e o Amor sempre prevaleçam.