Em busca da felicidade - Textos - Parte I-Técnica

Encontrar Deus

Participante: Sabe, eu penso que estou aqui numa grande viagem. Estou de primeira classe porque sou filha de Deus. Meu DNA é Deus, nosso autor. O que mais preciso?

Achar Deus, saber quem é Deus de verdade.

Estou dizendo isso porque, se você acha que Deus só vai lhe dar passeios de primeira classe, não O conhece. Se acha que Ele é bonzinho, humanitário e que ama os outros, não conhece Deus. Você conhece o deus que criou para si à partir do que lhe ensinaram e que nada mais é que uma projeção das suas vontades, uma projeção dos seus desejos.

Deixe-me lhe fazer uma pergunta. Quem disse que o céu é tão bom assim? Ou melhor, você já reparou que todo mundo acha que o céu é bom e o inferno é ruim? Apesar disso, vocês preferem durante a vida viver no inferno do que viver no céu.

Durante a vida gostam de rodinha para conversar, gostam de esposa, namorada, de viajar, passear, de se divertir. Todas estas coisas só tem no inferno, não no céu.

São todos estes benefícios que lhe venderam, que lhe ensinaram? Sim, pois eles querem que você fique no mundo dos devas. E se lá tem isso, lá é o inferno.

Sabe, vocês projetam o céu a partir daquilo que gostam. É por isso que existem as cidades espirituais, os lugares espirituais (tipo matas, florestas, jardins, etc.).

Sabe porque o mundo dos devas tem isso? Para que os iguais se juntem. Se você gosta de uma boate, irá para uma cidade espiritual que tenha uma e dançará a noite toda, pois é disso que você gosta. Mas, isso não é o céu.

O céu é um lugar angélico. A música celestial não tem nada a ver com a de vocês. A atividade dos Espíritos libertos da materialidade não tem relação com as coisas humanas. Se você que gosta das coisas mundanas vai para lá totalmente ligado nessas coisas, vai sair correndo.

Participante: Mas a gente não sabe o que é lá e, como você mesmo disse, não temos noção do que é. Foi vendida uma imagem para gente e esse é o nosso céu.

Está certo o que falou: criaram essa imagem para vocês. Acontece que agora estou lhe provando que essa imagem só foi criada para lhe iludir.

Observe a lógica. Você tem um bom, não? Com esse bom, que é humano, é que cria o céu. Não é o que sempre falei: as cidades espirituais são uma projeção humana? Sendo assim, você não vai atingir o céu se ficar preso ao seu bom; atingirá o seu céu e não o céu.

É isso que estou falando. Não estou brigando ou dizendo que estão errados: só quero que compreendam que ficar buscando o seu bom é ficar marcando passo no mesmo lugar.

Se você projeta um céu a partir de valores humanos, vai buscar o céu humano. Assim, não sai da humanidade.

Participante: Você tem um ano para quebrar esse céu humano e nos mostrar o outro céu?

Eu não tenho um dia, nem um minuto. Se você não comprar a ideia e não disser que vai parar com essa busca inútil, eu não posso fazer nada.

Participante: Mas não é o que nós estamos fazendo aqui?

Talvez você esteja, mas pode ter outros que não. Por isso preciso deixar bem claro: se você não fizer, nada acontecerá.

Diga a si mesmo: ‘isso tem lógica pra mim? Tem, então como é que eu faço a partir de agora?’ Mas, se ao invés disso, quiser saber se não era alguma coisa, se poderia ser outra, se está certo o que foi dito, continuará ainda amarrado nas mesmas coisas. Esse é o grande problema.

Porque não falo mais de Deus? Porque falar disso seria mantê-los presos no seu Deus. Porque não falo mais de elevação espiritual, só de felicidade? Porque falar disso seria manter vocês presos no ideal do que é elevação espiritual. Porque não falo mais de Espírito? Porque falar disso iria manter vocês presos nessa busca de dez anos que foi vivenciada pelas perguntas sobre o que o Espírito faz, sem nunca ter conseguido entender como ele faz as coisas.

É preciso ter consciência de que nunca vão entender estas coisas porque lhes falta um sentido para tanto. É como se faltasse, por exemplo, uma visão além da visão, que é uma coisa física, e que vocês não têm.

Participante: Como seria amar a Deus sobre todas as coisas dentro de uma visão material, uma vez que só ela é possível ao ser humano?

Seria amar a Deus sobre todas as coisas.

A partir desta resposta, você poderia dizer: ‘mas, assim, o senhor está sendo redundante, me explique, por favor’. Explicar o que? O que é amar? Você não sabe o que é amor. Explicar como é amar a Deus? Mas, você não sabe o que é Deus. Explicar o que é amar todas as coisas? Você jamais vai englobar tudo o que existe no mesmo saco para poder criar o todas.

Então, não dá para explicar isso para vocês. Agora, amar a Deus sobre todas as coisas é a perfeição e quem a alcança é feliz. Então, vamos buscar ser feliz que estaremos amando, mesmo sem saber como se ama.

Participante: A partir do momento que entendemos que o céu não é como esperamos, seria natural querer ficar no mundo dos Devas. Essa escolha é possível?

Mais do que possível: é natural que queira ficar no mundo dos devas.

O que é o mundo dos devas senão a sua projeção de paraíso? É a sua projeção de um mundo bom. Por isso seria natural a opção por este lugar. Agora, isso não vai adiantar nada: você terá que voltar.

Imagine a cena. Você, cansado de um dia de trabalho, senta-se e vive mentalmente estar muito bem numa ilha isolada, tomando banho de mar, cercado de natureza. Fica ali relaxando, mas uma hora alguém lhe chama e diz: acorda, está na hora de trabalhar.

Optar pelo mundo dos devas é isso.

Participante: O verso 9.25 do Bhagavad Gita diz: ‘aqueles que adoram os semideuses, nascerão entre os semideuses. Aqueles que adoram fantasmas e Espíritos nascerão entre tais seres. Aqueles que adoram os antepassados irão ter com os antepassados e aqueles que me adoram, viverão comigo’. Por isso pergunto: como adorar o Deus verdadeiro e não aquele que eu crio, e viver com Ele?

Essa adoração que quer encontrar surge quando não adora os outros deuses.

Sua pergunta é idêntica ao que já falei a respeito de se chegar à felicidade se você não sabe o que ela é: eliminando o que você sabe que não é felicidade.

Se há três elementos no mundo (prazer, dor e felicidade) e você não sabe ir para a felicidade porque não a conhece, mas conhece os outros elementos, vá aos poucos abandonando cada um deles e com isso chega ao caminho do meio, onde está a felicidade.

Você chega à felicidade, não a gera; chega à felicidade, não se torna feliz; chega ao verdadeiro Deus, não busca Deus.

Deu para compreender? O processo não é de criação, mas sim de eliminação, pois para vocês é impossível criar algo que não conheçam.

Participante: No livro “A dois mil anos”, de Emmanuel, que estou lendo, se faz menção, no início do livro, ao pesar que foi essa existência para ele, pois esteve com Jesus e o negou. Nessa visão que estudamos, porque ele teria esse pesar se sua missão aqui era justamente fazer isso?

Porque ele ainda é um deva. Você acabou de ouvir um verso do Bhagavad Gita que fala sobre isso.

Não é que o Espírito que ditou isso ainda está atrelado a um ego: ele é um ego humano. Não se tratam de palavras de espírito, mas sim de ego, pois ainda foi sentido pesar.

Aliás, uma das coisas que vai mudar a partir de agora é que vamos parar de falar em ego. Isso porque se eu falo de ser humano, não posso falar de ego, pois o ser humano é o ego. Sendo assim, você não tem ego: é o ego.

Voltando ao caso do autor do livro que citou, na época que ele escreveu estava atrelado a um ego, era um ego. Hoje pode não ser mais, não sei lhe dizer. Mas uma coisa posso lhe dizer: quem é humano fala de coisas humanas. Paulo e João, o Evangelista, dizem isso.

Só os que vêm de cima falam coisas de cima. Não adianta querer ouvir coisas humanas de seres que vêm de cima, porque eles não falam mais disso.

O pesar é uma coisa humana, então só pode ser falada por seres humanos.