Saber e conhecer

Duvide de tudo

Quem aposta as suas fichas nas informações que a mente gera, não imposta o que aconteça, estará sempre perdendo, pois tanto o prazer como a dor afasta de Deus. Por isso, o sábio se desapega do saber.

Só entendendo o desapego do saber é que podemos compreender o restante do ensinamento do Bendito Senhor que estamos usando desde o início desta conversa: o verdadeiro sábio se desapega das coisas desse mundo e por isso vive com cara de bobo. Na hora que disser a si mesmo que não sabe de nada, ou seja, que duvidar de tudo que a mente cria, viverá com cara de bobo, de quem nada sabe...

Antes de continuarmos, deixe-me apenas reforçar um aspecto da vivência das coisas do mundo pelo sábio. Não estou falando em duvidar de algumas informações, mas sim de todas as criações dos agregados. Estou falando em duvidar de todas as formas que são percebidas, de todas as sensações e declarações que as formações mentais criam. Duvidar do que se lembra de ter acontecido.

Por exemplo. Num determinado momento você está recebendo a informação de que por conta do que se lembra sobre momentos semelhantes que foram vividos, deve estar nervoso agora. Duvide de tudo que forma essa consciência ao invés de apenas querer se libertar do nervoso.

Duvide da lembrança da vivência anterior, duvide da consciência que é formada neste momento. Se não duvidar dessas coisas, dificilmente conseguirá se libertar da sensação que está sendo criada neste momento. Se achar que sabe o que aconteceu anteriormente e o que está acontecendo agora, certamente viverá qualquer sensação gerada pela mente como real, como necessária de ser vivida.

Se neste momento está recebendo a sensação de ter raiva por conta do que está acontecendo e por causa de elementos de situações anteriores e acha que essa raiva é certa, aceitou as justificativas da mente para tê-la. Permanecendo ligado às criações que mente faz de momentos anteriores, permanecerá ligado às que ela está fazendo no seu agora. Com isso a vivência da raiva é inevitável.

A vivência da felicidade nesse momento não depende apenas do desapego às sensações que são geradas num momento, mas de tudo o que está presente nesse momento, mesmo inconscientemente. Por isso o verdadeiro sábio desacredita de tudo que está envolvido na formação mental daquele momento.

O desapego a tudo que a mente cria é a diferença entre conhecer e saber que leva o ser a aproveitar a encarnação e viver desde já a felicidade que Deus tem prometido. Muitos não conseguem realizar este trabalho porque se concentram em não conhecer, o que é impossível.

Outra coisa que dificulta este processo é que muitos ainda se prendem a alguns saberes, libertando-se apenas de algumas informações e não de todas. Por isso sofrem em alguns momentos e em outros não.

Como não conseguem a vivência plena da felicidade, consideram-se incapazes de realizar o trabalho da encarnação. Isso é falso: todos são capazes de alcançar a sabedoria. Para isso basta apenas não saber nada...

Para nada saber é preciso aplicar a tudo que vem á mente o pode ser ou pode não ser, pouco importando se em sua memória existe a informação de que o que está sendo dito já foi comprovado que é verdadeiro ou real. Quem aplica o não saber a qualquer informação gerada pela ação dos cinco agregados não terá nada que lhe criará a contrariedade e com isso conseguirá viver a felicidade plenamente.