Reforma íntima - Textos - volume 07

Culpabilidade nos assassinatos

Dentro da doutrina Espiritualista Ecumênica aquele que pratica um assassinato não pode ser considerado “culpado”. Se Deus comanda o ato do assassinato, como pode Ele então julgar alguém culpado? Culpado de que: de fazer o que Deus acha Justo e Amoroso?

Essa forma de visão das coisas é apenas um desenvolvimento de todos os ensinamentos trazidos pelos mestres enviados por Deus. Não foi o próprio Jesus Cristo que pediu ao Pai que perdoasse os seus algozes porque não sabiam o que estavam fazendo?

Deus não culpa ninguém por assassinar o outro, mas transforma em “assassino” aquele que possui a “culpa” de quebrar o equilíbrio universal, ou seja, negativar o positivismo universal, individualizar o todo.

Isso também não quer dizer que acabar com a encarnação de outro pode considerado um ato “normal”, “corriqueiro”, a que todos estão sujeitos. É preciso se compreender bem o ensinamento para que não pairem dúvidas sobre o assunto.

Existem duas visões que podem ser aplicadas ao desencarne por meio de um ato violento: carma positivo ou negativo. O primeiro é pedido pelo próprio ser como um “merecimento” enquanto que o segundo é uma conseqüência por falências de provas.

O carma positivo é sempre gerado pelo aproveitamento das oportunidades que Deus concede ao espírito durante a encarnação (ver “Talismã”). Assim, um ser pode “pedir” durante a confecção do seu “livro da vida” que, conseguindo reagir positivamente as vicissitudes de sua existência, ela se extinga por meio de um assassinato.

Para que isso aconteça necessário é que haja um instrumento, alguém que materialize o planejado. Esse ser é escolhido pelo próprio espírito que será assassinado e quem provoca aceita por amor. Nesse caso, Deus não está penalizando quem pratica, mas orquestrando o planejamento dos seres.

Quando, por qualquer meio de ação, um ser acaba com a existência carnal de um espírito, com essa motivação, não pode ser considerado um assassino. São seres que, por fundamentos positivos (amor), se transformam em instrumento de aplicação da lei da ação e reação.

Mas, o desencarne por assassinato pode não ser a primeira escolha do espírito que irá desencarnar. Essa forma de “morte” só será escolhida preferencialmente se, de alguma forma, contribuir para a elevação de quem vai passar pela situação. No entanto, ela pode também ser optada de forma secundária.

Não exista apenas um momento ou uma forma de “morte” na existência carnal de um ser. A lei da ação e reação nos deixa antever essa verdade absoluta. Quando o ser planeja a sua existência sempre prevê situações para a ação universalista e individualista.

Assim, o desencarne por meio violento pode ser programado como merecimento positivo, e nesse caso se transformará em primeira opção, mas também pode ser programado como merecimento negativo. Nessa hipótese não se trata de planejamento preferencial, mas de opção para amenizar as ações negativas.

Por não crer na falência de suas provas, o espírito dificilmente acerta antes da encarnação um instrumento para essa hipótese. Por isso, quando necessário utilizar essa hipótese, Deus terá que providenciar um instrumento. É nesse caso que entram aqueles merecem passar pelas situações conseqüentes de um assassinato.

Os merecedores de ser aprisionado, passar por humilhações na mão da polícia e da sociedade (resultados materiais do assassinato), são aqueles que pediram isso como opção de acordo com o resultado de suas provas. São espíritos que deveriam “vencer” algumas tentações (situações de vida) e não conseguiram.

É por esse motivo que se transformaram em assassinos daqueles que precisavam ser assassinados. Portanto, eles não podem ser acusados pelo ato, que na verdade é conseqüência, mas pela ação espiritual (escolha de sentimentos) que foi a causa do acontecimento.

Baseado nessas verdades absolutas é que afirmamos no início desse trabalho que Deus não pune o assassino, mas transforma aqueles que não venceram as suas provas em assassino. Com base nessa verdade, a penalização material daqueles que praticaram o ato deve mudar.

O assassino precisa passar por situações conseqüências de seus atos, mas não precisam de outras penas. Não precisam da acusação, da crítica, do desprezo ou do ódio. Esses sentimentos apenas aumentarão as suas penas. Devem ser tratados como Jesus nos ensinou a tratar a todos: com amor.

Não são transgressores da lei material, mas, antes de tudo, transgressores da lei divina. É por essa base legal que devem receber a sua “culpa”. Não se tratam de criminosos, assassinos ou monstros, mas de ovelhas perdidas do rebanho do Pai.

Para aplicarmos a eles a pena que merecem temos que lembrar a parábola da ovelha perdida. O pastor abandona tudo (suas convicções e certezas) e parte na busca dessa ovelha. Quando a encontra afirma: amo-lhe mais do que as outras.