Saber e conhecer

Cristo e a consciência para ser feliz

Participante: Cristo é um estado de consciência?

Não. Cristo é uma forma de lidar com a consciência que a mente cria.

Sabe qual o problema da humanidade? Palavras...

Palavras têm diversos sentidos. Consciência, por exemplo, tem o significado de estar consciente, de ser a personalidade, de ser o criador de realidades. Ou seja, possui diversos sentidos. O problema é que ao usá-la, você leva em consideração apenas um e com isso acaba tendo uma ideia diferente do assunto.

Portanto, cuidado ao lidar com palavras, pois elas são muito complicadas para aquele que quer libertar-se da humanidade. Aliás, meu conselho é que vocês abandonem qualquer saber, inclusive o saber o que estão falando. Se ficarem apegados a alguma palavra estarão presos a um saber e a meio caminho do sofrimento.

Este sofrimento não precisa ser necessariamente nessa vida, mas pode ocorrer depois dela. Quando sair dessa carne se conscientizará da realidade do universo e sofrerá com o tempo que perdeu se prendendo às ideias humanas expressas por palavras.

Participante: Paulo falou que Cristo vivia nele. Como pode isso?

É o problema das consciências e das palavras que acabei de falar.

Paulo vivia desapegado da criação dos cinco agregados, que é a mesma forma que Cristo vivia. Sendo assim, o apóstolo podia dizer que Cristo vivia nele.

A compreensão é muito fácil. O que a dificulta é o saber quem é Cristo, o que é uma consciência, etc. O que dificulta a compreensão é o fato de se julgar o mundo a partir dos seus saberes.

Saiba que sempre que alguém ouve ou lê algo que foi escrito por outro usando as suas verdades jamais saberá realmente o que o quem escreveu ou falou queria dizer.

Participante: para chegar a Deus tenho que viver uma vida Jesus Cristo?

Não. Deve viver a sua vida com a cabeça que Jesus viveu a dele.

Se a vida é o que os cinco agregados criam, jamais poderá viver a vida que ele viveu. Só poderia viver a vida dele se tivesse os mesmo cinco agregados que ele teve. Como isso não é possível, precisa viver a vida que os seus agregados criam para você.

Só que para viver como Jesus, não importa o que os seus agregados criem, é preciso reagir as criações como ele reagiu.

Participante: então, ter a consciência do Cristo é ter a consciência de que só vivenciamos o que os cinco agregados geram?

Sim. Ter a consciência crística, ou de Cristo, é saber que tudo o que pertence a esse mundo, a vida humana, é uma criação dos cinco agregados e por isso não pertence à realidade do universo. No entanto, não é só isso que forma a consciência crística.

Na verdade o não apego à criação dos cinco agregados é apenas uma das características da consciência de Cristo. Existem diversas outras, inclusive algumas que vocês humanos não possuem condições de compreender ou de ter sequer uma mínima ideia.

Já disse isso diversas vezes, mas vou falar novamente: parem de procurar compreender os ensinamentos. Parem com essa busca e dediquem-se apenas a viver a vida que lhes aparece a partir da criação dos cinco agregados. Esqueçam a tentativa de tentar compreender o que os mestres ensinam, pois enquanto humanizados não possuem condições de compreender.

Mais um detalhe: mesmo que consigam entender, saibam que não entenderam nada. Na verdade, se isso acontecer foi os cinco agregados que propuseram uma compreensão à qual vocês se apegaram como verdadeira ou real. Por isso, ao invés de terem compreendido alguma coisa que pode ajudá-los, só entraram num caminho onde haverá sofrimento...

Participante: um problema que eu não criei, mas o vivo de uma determinada maneira. Como posso vivê-lo de outra forma?

Primeiro detalhe: quem disse que o que alguém criou e que você está vivendo é um problema? Não importa o que seja, quem disse que isso é um problema? Seus cinco agregados. Portanto, não acredite nisso...

Na verdade ninguém tem problema algum; vive uma criação dos cinco agregados que é valorizada como um problema e acredita neste valor. Não foi você quem teve a consciência de que determinado acontecimento é um problema. Isso só aconteceu porque você aceitou os componentes daquela formação mental como verdadeiros e reais e por isso vive o acontecimento como um problema. Se não tivesse agido desta forma, jamais teria um problema para viver...

A partir disso posso, então, lhe falar como viver aquele momento de uma forma diferente: vivenciar o acontecimento sem acreditar que ele se constitui num problema. Sem fazer isso, não importa como viva, estará sempre vivendo um problema.

Participante: os evangelhos dizem que devemos viver em Cristo, mas isso é realmente preciso? Precisamos viver em Cristo ou podemos viver apenas em Deus?

Muito boa pergunta.

Para responder, pergunto antes: o que é viver em Cristo? Para sabermos isso, precisamos antes responder a uma questão: como Cristo vivia? A resposta: em Deus. Ele dizia assim: eu não faço nada, mas é meu Pai que faz através de mim. Portanto, Cristo vivia em e com Deus.

A partir dessa rápida análise chegamos à sua resposta: se você vive em Cristo, terá necessariamente que viver em Deus. Mas, vocês ainda acham que podem existir em um ou em outro...

O problema é que vocês separaram Cristo de Deus. Como podem fazer isso se o próprio mestre afirmou: eu e meu Pai somos Um? Para aquele que realmente vive em Cristo, não há o mestre e Deus, pois se o próprio declarou-se completamente subordinado e integrado ao Senhor, não pode haver um distinto do outro.

Participante: qual a diferença entre a renúncia ensinada por Buda e a negação da vontade humana ensinada por Cristo?

Nenhuma.

Participante: é ensinado que devemos pedir a Jesus para compartilhar conosco os seus valores, como, por exemplo, o amar. Qual a sua ideia sobre isso?

Primeiro acho que Jesus não ama. Ele já morreu: você sabia? Ele acabou. Jesus foi apenas um personagem humano e não um espírito.

Agora, digamos que peça, ao invés de Jesus, ao espírito que chama de Cristo para compartilhar o amor dele. Pergunto: será que este pedido é necessário? Ele já compartilha seu amor o tempo inteiro com vocês. Posso afirmar isso porque os espíritos libertos da humanidade não fazem outra coisa a não ser amar.

O problema não é ele não amar, mas você não se sentir amado por ele... Ele ama, mas você não se sente amado. Por isso acha que precisa de alguma coisa e imagina que deve pedir.

Por que não se sente amado por ele? Porque ainda acredita em contrariedades, na existência de problemas na sua vida. Porque ainda acha que pode julgar o mundo, que sabe as verdades para isso. Quem vive desta forma não se considera amado, apesar de estar sendo.

Porque você vive desta forma? O que causa essa vivência? Os seus saberes. Só vive julgando o mundo quem sabe que determinadas coisas não são boas, que pode trazer prejuízo.

Viu, agora, a importância de se libertar dos seus saberes? Libertando-se deles vai poder viver o amor que pede para que os espíritos compartilhem.