Resolvendo problemas - 3. Ansiedade

Convivendo com as situações da vida

Deixe-me lhe explicar uma coisa. A vida é feita de vicissitudes. Sabe o que é isso? Sabe o que quer dizer a vida ser formada por vicissitudes? Haver alternâncias nas situações.

Essa é uma característica da vida humana. Nela as situações da vida se alternam constantemente. Ou seja, num dia existe uma coisa, no outro o contrário. Isso quer dizer que um dia você está por cima e no outro por baixo. As situações da vida variam constantemente. Elas não são fixas, únicas.

A vida é assim, mas nós não precisamos viver dessa forma. Precisamos aprender a viver no meio. Quando ela estiver acima, precisamos ficar no meio; quando descer, precisamos continuar no meio. Para isso, é preciso aprender a conviver com as intenções que a mente cria.

Intenção é ter o desejo que determinada coisa aconteça. No entanto, por causa da característica vicissitude da vida, é impossível que tudo que desejamos aconteça. Haverá momentos que o que queremos aconteça e em outros não. Se devemos aprender a viver no meio, precisamos não nos exultar quando o que desejamos acontece e nem cairmos em depressão quando não acontecer.

A partir de tudo isso lhe digo. Você já teve momentos em que conseguiu ser independente, que conseguiu não precisar de ninguém. Só que hoje depende de alguém. Para fazer o trabalho que aconselho é preciso, então, ao invés sentir-se dependente neste momento, viver no meio. Para isso, compreenda uma coisa: por mais que torne-se independente, sempre dependerá de alguém.

Hoje seu dinheiro está acabando e por precisa de ajuda. Por isso, imagina-se dependente. Mesmo sendo, não aceite o sofrimento que isso pode lhe trazer. Para isso, compreenda que a vida é feita de vicissitudes e neste momento é deste lado da vida que está. Com isso pode matar em si a intenção de ser independente.

É esse o trabalho que precisa ser feito. Você precisa aceitar que a vida tem dois lados e que eles se sucedem. Só com esta compreensão pode se libertar do apego de ter que viver apenas um dos lados dela.

Só se combate a intenção com a constatação da realidade e com consciência de que um dia, dentro do próprio tempo da vida, as coisas mudarão. Hoje você depende dos outros. Esta é a sua vida neste momento. Mas, em outros momentos, poderá voltar a não mais depender.

Se esta é a sua vida neste momento, viva ela. Faça isso sem achar que isso é ruim, que está errado. Para isso é preciso entender que este momento é uma situação da vida, um momento da sua existência que precisa aprender a viver.

Amanhã quando a situação mudar, ao invés de exaltar-se, ou seja, achar-se totalmente independente, diga a si mesmo: ‘por mais que ache que sou independente sempre dependo de alguém’. Essa forma de viver no meio das emoções da vida vai lhe preparar para quando no futuro a vicissitude fizer as coisas mudarem.

Se não aprende hoje a viver no meio, quando as coisas sobem, se torna arrogante; quando ela desce, se torna submissa. Para poder se libertar destas duas coisas é preciso que compreenda que não dá para se ter o que quer na hora que se deseja.

Tudo o que quer, um dia terá. Não estou falando objetos, de coisas, mas de condição de vida. Um dia terá as condições de vida que quer, porque os acontecimentos da vida se alternam. Agora, na hora que estiver vivendo alguma coisa, aproveite o que tem sem se deixar levar por isso. Na hora que não tiver, aproveite o que dispõe sem se deixar levar pela carência que a mente acusa.

Isso acaba com a sua ansiedade. Lhe faz esperar o momento de ter sem sofrer por não ter. Na hora que não sofrer porque não tem, conseguirá mais facilmente ter.

Portanto, fique tranquila, não será dependente dos outros o resto da vida, apesar de neste momento estar. Aproveite para tirar do agora a lição que precisa ser independente sem sentir-se totalmente independente; preciso ser dependente, sem sentir-me submisso.