Imperfeições do ser - Textos

Códigos humanos

O primeiro instrumento usado pela mente para tornar politicamente correto o poder que supõe exercer sobre os outros são os códigos humanos: o de ética, de beleza, de moral, de boa educação, etc.

A mente cria diversas normas reguladoras de atitudes durante uma ação que servirão para que ela tome o poder, ou seja, possa determinar o que é certo ou errado de ser feito. Se, alguém, por exemplo, ao comer segura o garfo de uma forma não convencional, a mente se acha no direito de recriminar o que aquela pessoa está fazendo. Para isso cita o código de boas maneiras. Se alguém usa uma determinada combinação de cores nas roupas ou um corte de determinada forma que o ser humanizado não goste, ele tem o código de moda para dizer que o que o outro está vestindo está errado.

Esta atitude é considerada normal e é politicamente aceita pelos seres humanizados. Mais: eles consideram isso um uma demonstração de carinho e atenção com quem está agindo fora do código. Engano: isso é um julgamento e um ato altamente egoísta...

Julgar alguém consiste em analisar algum procedimento e emitir uma sentença a respeito dele. Pouco importa o que esteja sendo analisado, quando alguém emite um parecer sobre alguma coisa está dando uma sentença. Nos exemplos que citamos, a sentença decretada pelo julgamento é o ‘está errado’. Portanto, quem analisou a forma de se alimentar de uma pessoa ou a roupa de outra julgou. Se este ser humanizado é espiritualista ou cristão, foi contra o ensinamento de Cristo, pois este, quando ensinou que não devemos julgar, não deixou brecha para nenhuma possibilidade de se agir assim. Pelo contrário, ele ensinou:

“Quem disser ao seu irmão que ele não vale nada, será julgado pelo tribunal. E quem chamar o seu irmão de idiota estará em perigo de ir para o fogo do inferno”. (Mateus, 5, 22)

Não importa que sentença se confira, seja a pensa de morte ou a crítica mais corriqueira e simples, tudo que for resultado de uma análise será considerado como elemento que não deixa o ser elevar-se.

Isso é fácil de ver, mas como disse, a mente cria hipocrisias para justificar a sua ação. Neste caso ela afirma que aquilo não é um julgamento nem uma crítica: trata-se apenas de uma opinião que surge fruto de uma observação. Mais: reclama para si o direito de ter opiniões sobre os outros...

Tudo isso é apenas conceitos politicamente corretos que a mente usa para justificar a sua busca do poder para nutrir o egoísmo. A opinião que cada um tem a respeito dos outros nada mais é do que o julgamento deste através do código de normas que cada um possui e que não é universal. É o exercício do poder pela mente para proteger suas próprias crenças.

Quem disse que existe uma forma certa ou errada de se segurar o garfo? Algum mestre ensinou que comer de um determinado jeito é certo? Quem disse que roupa tem corte padrão e cores que combinam melhor? Tudo isso é dito apenas pelas normas humanas e quem se submete a ela vive humanamente. Como já vimos, o sistema humano de vida, ou seja, a submissão ás normas, é uma impureza para o espírito. Portanto, quem usa o código de boas maneiras ou o de moda para julgar o que os outros fazem está se sujando mais.