Vida humana

Caminho para atingir o objetivo

“Para uns, é expiação; para outros, missão”.

A busca da perfeição que cada ser vivencia durante a encarnação possui dois tipos: a expiação e a missão. Isso quer dizer que para uns ir ao emprego é uma expiação, mas para outros é uma missão.

“Mas, para alcançarem esta perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal; nisso é que está a expiação”.

O espírito da verdade já disse o que precisa ser feito e falou dos caminhos para se alcançar o objetivo. Agora ele mostra como se faz: suportando as vicissitudes da existência corporal. Como todos vocês dizem que querem aproveitar a oportunidade da encarnação, temos que compreender profundamente o termo vicissitude, pois ela é o caminho para se atingir o objetivo espiritual.

Para os espíritas o termo vicissitude está ligado à carência, a sofrimento, mas isso é irreal. No dicionário se diz que vicissitude é a alternância de situações da vida. Ou seja, a vicissitude se caracteriza por um momento da existência você ganhar e noutro perder, num ser contentado e noutro não, receber um elogio num momento e no outro ser criticado. Isso é a vicissitude que o espírito precisa vivenciar para alcançar a perfeição.

A vicissitude não está ligada ao que os espíritas acreditam porque ela é a alternância e não um dos aspectos da vida. Ter ou não ter alguma coisa são pontos da vicissitude e não apenas o não ter.

Sendo assim, o Espírito da Verdade acabou de lhe mostrar que para alcançar a perfeição deve viver o ter e o não ter. Agora, você que diz que acredita nele, o que faz quando não têm algo? Pede a Deus para lhe dar...

Olhe que incongruência: Deus lhe dá o não ter como instrumento para que você alcance a perfeição e você ora a Ele pedindo que lhe dê o que não tem. Age como se Deus estivesse à disposição para lhe contentar os seus mínimos desejos humanos. E os seus anseios espirituais, onde ficam?

O espírito antes de encarnar possui uma consciência, um anseio, uma vontade. Aquilo que o espírito pensa antes da encarnação está ligado ao anseio de unir-se amorosamente com Deus. É este objetivo que move o espírito quando pede suas provações.

Mas, porque o ser liberto da materialidade pede este ou aquele gênero de provas? Porque conhece a sua realidade, porque reconhece o seu estado espiritual.

“264. Que é o que dirige o Espírito na escolha das provas que queira sofrer? Ele escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, às que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder, muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar, pelas paixões inferiores que uma e outros desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contato com o vício”.

Os gêneros de provações que o espírito sabe que precisa viver são representados durante a vida carnal pelas vicissitudes que cada um vivencia. Ou seja, foi o anseio do espírito que gerou esta ou aquela carência ou abastança que agora vive quando humanizado.

Agora, encarnado, você quer outra coisa. Acha que seu desejo de agora, que é material, pode suplantar o espiritual?

“267. Pode o Espírito proceder à escolha de suas provas, enquanto encarnado? O desejo que então alimenta pode influir na escolha que venha a fazer, dependendo isso da intenção que o anime”.

De tudo isso pode se compreender que a alternância dos acontecimentos humanos entre momentos de prazer e sofrimento são representações das provações que o espírito pede antes da encarnação. Eles não podem ser alterados depois que a encarnação se inicia, pois lhe move, então, outro anseio. Sem mudar este, o ser continuará sofrendo ou tendo prazer com as vicissitudes da vida e não realizará a união amorosa com o Pai.

Tudo isso está em O Livro dos Espíritos, aquele que contém os ensinamentos que vocês leram, que aceitaram e que dizem ter fé. Por isso acho que não estou contando nenhuma novidade, não é mesmo?

Esta é a visão da vida que vocês deveriam ter, se colocassem em prática o que dizem acreditar. Mas, para isso acontecer a primeira coisa que precisa ser conscientizada é de que são espíritos vivendo uma vida humana e não seres humanos vivendo uma aventura espiritual. Vendo-se como espíritos teriam essa visão da vida humana, pois ela é a que os espíritos libertos da humanidade têm.

Os livros de romance espírita são dramatizações onde se pretende transmitir os ensinamentos. Quem já leu um espírita viu espíritos encarnados pedindo para ter e o desencarnado explicando que ele não pode receber porque precisa do não ter. Porque não aplicaram isso na existência de vocês? Porque acham que aquilo é só uma literatura e não realidade.

Enganam-se... Um romance espírita é a narração de uma encarnação igual à sua. É a história de uma vida humana igual a que você tem vista a partir do prisma espiritual.

Para o personagem do romance espírita o não ter é certo, mas para você não. Por quê? Porque imagina que ele é fictício e que a sua existência é apenas uma estória. Já você, é de carne e osso, real, e sua vida também. Ou seja, porque vê a vida a partir da sua visão humana. Se a visse pelo espiritual entenderia que as duas situações são idênticas.

Viu o que falei antes? Colocar em prática só a sua crença de que é um espírito já muda por completo a sua vida. Na hora que deixar de se ver como um ser humano deixa de nascer num hospital para viver uma vida humana e começa a compreender que está vivendo uma encarnação. Por isso sabe que tudo que está acontecendo trata-se de uma vicissitude que serve como caminho para a sua perfeição espiritual. Ciente disso o não ter pode ser vivido sem o pesar da dor e o ter com o prazer da conquista; desse modo tudo pode ser vivido com equanimidade. Neste momento está estabelecida a conexão amorosa com Deus.