Vida humana

Apego à letra fria

A sua pergunta sobre caridade foi muito importante porque para respondê-la pude começar a realizar o que tínhamos programado para fazer hoje. Para clarear o que vamos dizer, pergunto: o que é uma doutrina? É um conjunto de informações que deve dirigir a sua forma de agir. Ou seja, que devem servir como bases para reagir aos acontecimentos da vida.

A doutrina espírita é um conjunto de informações que deveriam ser postas em prática por aqueles que a segue. O mesmo acontece com a doutrina cristã, a budista, a hinduísta, etc. Todas são formadas por informações que deveriam ser postas em prática pelos seus seguidores durante a vivência da vida.

Digo deveriam, porque infelizmente não é assim que acontece...

Para compreender o que afirmei pergunto: o que na sua vida é praticado das informações que estão na doutrina que diz seguir? Mais: o que o conhecer as informações da sua doutrina alterou a sua forma de viver? Pouca coisa...

Quem não pratica as informações que a doutrina traz, ou seja, não vivencia o acontecimento fundamentado nelas, não faz nada. De que adianta, então, dizer que conhece os ensinamentos que a compõe?

Vocês são espíritas, não é verdade? Ou seja, deveriam vivenciar os ensinamentos do Espírito da Verdade, não é mesmo? Veja como é simples provar que isso não é real na existência de vocês.

Responda-me: que dia você nasceu? Qual a sua cidade de nascimento? Que dia ocorreu seu nascimento? Quem são seus pais? Tenho certeza que você tem respostas a todas estas perguntas, não é mesmo? Apesar disso, a doutrina que você diz seguir afirma que todos os espíritos foram gerados por Deus na erraticidade...

Apesar de dizer que segue a doutrina espírita, você ainda acredita que nasceu num hospital, não é mesmo? Imagine Deus grávido entrando num hospital para dar a luz a um espírito...

Veja a incongruência: você diz que acredita na doutrina espírita, mas não crê nos ensinamentos dos espíritos, mesmo no mais fundamental que afirma que você é um espírito que foi gerado por Deus na erraticidade... Ainda convive com a realidade que você é um ser humano que nasceu em um hospital em tal dia e que foi gerado porque seu pai e sua mãe tiveram uma relação carnal.

Repare como você diz que acredita numa coisa, mas como a sua realidade está longe do que diz acreditar. Repare também como este não praticar lhe acarreta transtornos. Por não se ver como espírito e sim como um ser humano, vive uma vida; já aquele que crê na mesma coisa e vivencia sua verdadeira origem, vive uma encarnação. Como vamos provar hoje, as duas coisas são completamente diferentes...

Depois de ver tudo o que vimos, eu posso, então, dizer que a sua doutrina não vale de nada para você...

Participante: não é tão fácil assim colocar em prática os ensinamentos da doutrina...

Desculpe, é sim: é fácil para quem não precisa da aprovação dos outros.

O problema da prática dos ensinamentos para vocês reside no fato que se agirem seguindo os ensinamentos viverão diferentemente dos outros. Por isso poderão ser criticados, caluniados e perseguidos.

O verdadeiro seguidor de uma doutrina é aquele que não se preocupa com o que vai acontecer com ele por causa da prática de suas informações. Ou seja, é aquele que pela confiança que tem nos ensinamentos da doutrina ousa ir além do que os outros vivem.

Aliás, Cristo falou desta ousadia... Na Bíblia Sagrada ele diz que aquele que quem só abraça o amigo, mas não cumprimenta o inimigo, não deve esperar nada de Deus, pois qualquer ateu faz isso. Que adianta você acreditar numa informação se no momento da sua vivência da vida age como qualquer outro que não acredita?

Todos que dizem acreditar numa doutrina se tornam um crente. Sei que vocês espíritas tem pavor desta palavra, mas esta é a verdade: quem acredita nos ensinamentos dos espíritos é um crente deles. Por causa desta crença devem viver de acordo com eles, professá-los. Se não vivem, que adianta a sua crença?

Na verdade a maioria dos seguidores das doutrinas religiosas vive apenas um apego à letra fria. Quem se apega a letra fria é aquele que diz que sabe, que conhece os ensinamentos de uma doutrina, mas não os vivencia durante os acontecimentos da vida. Ele se orgulha do que sabe, mas esta cultura de nada vai lhe adiantar no outro mundo, porque não houve uma prática dela durante a vivência dos acontecimentos carnais.