Amor universal

Pedra de roseta

Participante: O senhor pode falar um pouco sobre as bem-aventuranças?

Como já havia dito, já passei a vocês tudo o que tinha a ser passado. O que estamos fazendo agora é tirando dúvidas. Agora, tirar dúvidas não é estudar tudo novamente. Ao falar assim não estou falando que não vou estudar hoje as "bem-aventuranças", mas preciso hoje deixar algo bem claro.

Daqui a pouco não mais estarei aqui para estudar com vocês porque a minha missão terá terminado. Neste momento, precisarão "pensar" sozinhos. Por isso afirmo que o importante é começarem a conhecer o mecanismo das coisas, ou seja, como decodificar os ensinamentos dos mestres.

Por isso, ao invés de fazer como sempre fiz, ou seja, estudar diretamente o texto, quero ir um pouco além. Gostaria de começar esta conversa falando dos fundamentos de onde surgiram os textos que são conhecidos como "bem-aventuranças".

O meu objetivo primordial hoje é tentar lhes ensinar a aprender a entender não só este ensinamento, mas todos os ensinamentos de Cristo. Isto porque, depois que aprenderem a compreender os ensinamentos em essência ficará fácil compreender este e outros textos do Novo Testamento. Portanto, vamos lá!

Quem ensinou as "bem-aventuranças"? Jesus, o Cristo.

Não existe um Jesus Cristo. Naqueles tempos não existiam sobrenomes. Jesus era conhecido como Jesus de Nazaré porque nasceu na cidade deste nome ou ainda como Jesus, filho de José. Jesus Cristo, portanto, não é um nome.

Mas, por que este adendo foi colocado ao nome de Jesus? Porque ele foi reconhecido como o messias, o prometido. Portanto, Jesus Cristo quer dizer "Jesus, o prometido".

Por que prometido? Porque no velho testamento os profetas, falando em nome de Deus, prometem à humanidade que um dia viria o "filho de Deus" que libertaria o povo do Senhor da opressão.

Quem é o filho do Senhor? O espírito que se reconhece como tal. Como já disse anteriormente, todos somos filhos de Deus, mas não nos reconhecemos como tal. Para que possamos fazer jus a este título é preciso que nos reconheçamos como seres espirituais e não humanos. Para isso é preciso que o espírito esteja de posse de sua consciência espiritual e não ligado a egos humanizados.

Portanto, o espírito que foi prometido pelos profetas seria um que estivesse ligado à sua consciência primária e não a um ego humano. Sendo assim, Jesus não poderia ser este espírito, pois ele era um ego humano.

Por isso afirmo: Jesus era um espírito ligado a um ego humanizado que em determinado momento ligou-se a um espírito puro (ligado à sua consciência espiritual). Daí o nome: Jesus, o Cristo.

Resumindo, então, posso dizer que as bem-aventuranças, assim como todos os ensinamentos do Novo Testamento, são transmissões realizadas por um médium (Jesus) influenciado por um espírito superior (o Cristo).

Esta é a origem dos ensinamentos. Tudo que está no Novo Testamento foi passado à humanidade através de um médium guiado por um espírito de posse da sua consciência espiritual. Por isso afirmo que todo ensinamento atribuído a Jesus Cristo tem origem em um espírito de posse da sua consciência espiritual.

O que quer dizer um espírito de posse da sua consciência espiritual? Já falamos disso também: são os espíritos que estão livres da ação do individualismo que surgem pela formação da idéia do "eu".

Poderíamos dizer que os espíritos que existem a partir das realidades formadas por sua consciência plena - ou primária como Krishna fala - são os universalistas. Eles são individualidades do Universo, mas vivem em perfeita comunhão com o Todo e por isso deixam de ser individualistas.

Existindo a partir desta consciência eles estão livres do egoísmo que se expressa através das posses, paixões e desejos. O espírito quando existindo a partir das realidades formadas por uma consciência primária está tão perfeitamente interligado ao Todo que nada mais possui nem deseja.

Agora dá para entender aquilo que está no Novo Testamento e é atribuído a Jesus, o Cristo: ensinamentos universalistas (não individualistas) de um espírito superior transmitidos por um ego humano.

Participante: A partir do que foi exposto, como podemos entender as mensagens trazidas por aqueles que são chamados de mestres ascensionados?

O que é mensagem de um mestre chamado de ascensionado, eu não saberia lhe dizer, pois esta determinação a um espírito é essencialmente humana.

Apesar disso, posso afirmar que o que devemos entender em tudo na existência carnal é que se trata de uma emanação divina. Tudo que existe origina-se em Deus (Causa Primária). Por isso, seja que rótulo se dê a quem transmite uma mensagem, deve-se entender que ali está uma emanação divina.

Mas, também devemos entender que qualquer mensagem é uma faca que corta dos dois lados. Ao mesmo tempo em que uma mensagem transmite um ensinamento, ela cria uma prova. Isso porque toda mensagem transmite um ensinamento e este é utilizado para criar um "certo" e um "errado" do qual o espírito encarnado se apropriará e julgará o próximo.

Sendo assim, não importa a que mensagem você tenha tido acesso - seja de um espírito considerado ascensionado ou de outro qualquer que não seja reconhecido como tal - é uma orientação e ao mesmo tempo uma provação.

Voltemos à conversa de hoje. Agora que já entendemos a origem dos ensinamentos do Novo Testamento, pergunto: qual a essência que está embutida em cada um deles? Para sabermos isso é preciso compreender qual foi a missão de Cristo ao transmitir através de Jesus os ensinamentos universalistas.

Esta missão foi deixada bem clara na Bíblia: transmitir a "boa nova do Reino do Céu". O objetivo de Cristo durante aquela missão foi trazer à humanidade a boa notícia do Reino do Céu.

Mas, qual é esta boa notícia? Cristo informou à humanidade que aqueles que praticarem determinada coisa estarão sentados ao lado direito de Deus. Esta visão é bem dogmática e, por isso, muitas vezes ininteligível para os seres humanizados de diversas crenças. Por isso, vamos passar esta informação para nossas palavras, para palavras do universalismo e do espiritualismo.

A boa notícia que aquele espírito ligado à sua consciência primária trouxe através de um ego humano foi que o fim das encarnações para provas e expiações pode ser alcançado por quem seguir determinados ensinamentos. Isso é, numa linguagem mais moderna, o mesmo que foi dito ao povo de então quando foi afirmado que há um caminho para se estar sentado ao lado direito de Deus.

Partindo dessa premissa, podemos afirmar que aqueles que estão do lado esquerdo são os que ainda se encontram presos ao ciclo de encarnações. Quem se alinha ao lado direito é aquele que passa a viver no Reino do Céu, ou seja, não reencarna mais, pelo menos para provas e expiações.

Essa é a boa notícia do Reino do Céu que um espírito de posse de sua consciência espiritual revelou através de um ego humano. Ele ensinou que qualquer espírito pode encerrar o ciclo de encarnações cumprindo alguma coisa.

Mas, o que é preciso cumprir para estar ao lado direito de Deus? Cristo deixou isso muito claro: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Com isso a boa notícia estava então solidificada: qualquer um que durante a sua encarnação amar a deus acima de qualquer coisa e ao próximo como a si mesmo, no desencarne alcançará a ressurreição, ou seja, a libertação da consciência humana.

Esta é a boa notícia do Reino do Céu. Todos que amarem a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, não mais encarnarão e libertar-se-ão da ligação a egos humanizados.

Ao dizer isso eu estou criando para vocês uma "pedra de roseta": um código para que vocês possam decodificar todos os ensinamentos do Novo Testamento. Não importa que palavras estejam na sua Bíblia, o que está embutido nelas é um caminho para a libertação do ciclo de encarnações para provas e expiações. Este caminho é composto pelo amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quando Cristo fala do cego espiritual, ele fala daquele que não ama a Deus sobre todas as coisas e nem ao próximo como a si mesmo. Quando fala que não se deve julgar, diz que não julgar é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Quando diz que você deve conviver com o seu inimigo, está dizendo que viver assim é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Veja: sem entender isso, sem colocar esta essência que decodifica o ensinamento, nós criaremos uma multiplicidade de intenções para os ensinamentos de Cristo, enquanto ele não teve nenhuma outra intenção a não ser trazer a boa notícia do Reino do Céu, a não ser dizer a cada um o que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Cristo não quer que você tenha visão espiritual, não julgue ou que conviva com o seu inimigo. Não é isso que ele quer que você faça... Na verdade ele fala estas coisas porque elas são expressões do amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, que é o mote de seus ensinamentos.

Participante: Como é amar a Deus? Pergunto isso porque não se sabe como é Deus. Como amá-lo então? Deus seria a vida? Se puder fale um pouco de Deus: sua forma de agir e como Ele nos ama...

Vou começar a lhe responder pela última pergunta (fale um pouco de Deus): impossível... O ego humanizado não tem condições de conhecer a Deus. Falta a ele um sentido para isso.

NOTA: "Pergunta 0010: Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus? Não, falta-lhe para isso o sentido".

Para o segundo questionamento seu (como é amar a Deus) a resposta é simples: seguir os ensinamentos do Novo Testamento. Se a essência da missão deste espírito ligado à sua consciência espiritual foi ensinar a amar a Deus acima de todas as coisas, fazer isso é seguir aquilo que ele ensinou.

Cristo ensina: por que vocês se preocupam com o que vão vestir ou comer amanhã? A partir daí pergunto: o que é amar a Deus? Não se preocupar com o que vai comer e vestir amanhã. O mestre deixou um ensinamento que lhe orienta para que quando alguém lhe peça a túnica você dê o manto também. A partir daí, o que é amar a Deus? É dar além do que lhe pedem... Ele diz: se um soldado estrangeiro (seu inimigo) lhe mandar carregar um peso por um quilômetro, carregue por dois. Lendo isso podemos compreender que amar a Deus é fazer pelos nossos inimigos além do que eles esperam...

Compreendeu? Para saber o que é amar a Deus é só você pegar o ensinamento e entendê-lo. Por isso afirmei que estou passando a vocês uma "pedra de roseta", um código para compreender o que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, o que, em essência, é o que está por trás de todos os ensinamentos do Novo Testamento.

Como ensinou o Espírito da Verdade (pergunta 14 de O Livro dos Espíritos), não perca tempo criando sistemas que se transformarão em labirintos dos quais não conseguirá sair. Não importa que assunto esteja sendo abordado em qualquer ensinamento da Bíblia, o que sempre será mostrado é apenas um caminho que reflita o amor a Deus sobre todas as coisas ao próximo como a si mesmo.

Participante: Será se entregar à vida?

É mais do que isso. À vida você não pode deixar de se entregar, porque na verdade está totalmente entregue a ela. Você acha que domina a vida, mas na verdade ela lhe leva, ou seja, acontece o que ela quer e não o que você deseja. Portanto, você não tem consciência disso, mas já está totalmente entregue a ela.

A partir desta simples constatação, eu diria que amar a Deus não é entregar-se à vida, mas ter consciência de que você é um barquinho sem leme e vela que o mar leva para onde quer. Esta é a primeira posição daquele que ama a Deus sobre todas as coisas, mas existe outra: é preciso não sofrer por causa deste não comando da existência.

Muitos até alcançam a idéia de que a vida é uma emanação divina, mas sofrem com a consciência da perda do controle. Como podem, então, dizer que amam a Deus, já que o amor para existir necessita da felicidade?

Participante: Se a evolução é individual, por que precisamos buscar Deus? Por que precisamos ter vontade de Deus?

Eu não falei em buscar a Deus ou ter vontade Dele... Eu falei em amar a Deus. São coisas completamente diferentes.

A partir daí você poderia me perguntar então: por que precisa amar a Deus? Eu respondo: não precisa.

Veja uma coisa... Cristo diz: eu sou o caminho e não a realização. O amar a Deus, portanto, é o caminho para a evolução espiritual e não a realização. Deixe-me tentar explicar...

Deus é o Universo, é tudo que existe. Quando você ama a Deus, ama o universal, o Universo, o Todo. É isso que Cristo ensinou. Ele não disse que se deve amar a Deus, mas amar-se a Tudo.

Mas, por que amar ao Universo, a Tudo, é um caminho para a elevação espiritual? Porque acaba com o egoísmo, o individualismo. Quem ama o Todo universal não ama a si mesmo prioritariamente. Portanto, amar a Deus é um caminho para destruir o egoísmo...

Seria muita prepotência de Deus dizer: só quando Me amar conseguirá elevar-se... Esta não pode ser a postura de alguém que prega a humildade. Além do mais, um amor fundamentado no ganhar alguma coisa não é amor, mas bajulação.

Na verdade, o sentido do mandamento que constitui a boa nova não é amar a Deus, um espírito, um ser, mas sim amar o universal acima do individual. Isso, todos os mestres falaram...

Vamos além? Por que você não pode ser individual no Universo? Porque ele fere os outros. O egoísmo de cada um fere o próximo e com isso não se realiza o segundo item da boa nova: amar ao próximo como a si mesmo.

Então veja, a elevação não se consegue entregando-se a um deus que seja uma individualidade, uma imagem ou uma idéia, mas universalizando-se. Isso é elevação espiritual.

Portanto, a boa notícia do Reino do Céu é de que se pode por fim ao ciclo de encarnações humanas. Mas, para que isso se torne realidade, é preciso que o espírito preso a este ciclo caminhe paulatinamente para a universalização, ou seja, para o amor ao Todo acima de suas próprias posses, paixões e desejos. Este é um bom resumo para quem quer entender os ensinamentos do Novo testamento.

Participante: Universalizar-se é identificar-se com o universal, cm o Universo, ao invés do individual, ego?

Não... Não é identificar-se: é integrar-se. Identificar-se é você se ver dentro do Universo; integrar-se é você ser ele.

Tem uma figura que foi feita anteriormente que bem define isso. O Universo é como um quebra cabeça, onde cada espírito é como se fosse uma de suas peças.

Identificar-se, como você propôs como elevação espiritual, é saber que é uma parte do quebra cabeça, saber que é uma peça que o compõe. Mas, isso não lhe faz integrar-se a ele, ou seja, não lhe faz compreender que sozinho você não vale nada. Universalizar-se é ter a plena consciência de que você, peça que compõe o todo, sozinho nada vale e assumir o seu posto fazendo com que o Todo valha alguma coisa.

Integrar-se é ter a consciência de ser uma peça, mas também é saber que a peça sozinha nada forma. É preciso que cada peça perca seu individualismo e assuma seu posto junto às outras para que a figura que surja da fusão tenha sentido.

Identificar-se é saber apenas que é uma peça do todo, mas ainda possuir individualismo. Integrar-se, é anular o individualismo para que o bem coletivo sobreponha ao individual.

Participante: O senhor já falou hoje algumas vezes sobre o Deus personificado. É muito difícil para mim me desvencilhar do conceito de Deus personificado. Racionalmente consigo, mas sentimentalmente é difícil. Cada vez que ajo egoisticamente me sinto culpada por estar desagradando a Deus, mas não podemos desagradar a Ele, não é mesmo? Isso me causa muito conflito...

Realmente no tocante a Deus, existem diferenças de culturas que transformam a realidade. Para os ocidentais, Deus virou uma pessoa, uma individualidade. Você, como ocidental que é, foi criada com a idéia de um Deus "homem", espírito, quando ele é mais do que isso: Ele é tudo...

Por isso concordo com você: realmente para os ocidentais é difícil desvencilhar-se dessa idéia. Mas, tem que ir tentando paulatinamente libertando-se dela. No entanto, durante este processo de mudança de cultura você não deve lastimar-se quando errar (não conseguir viver o Deus Tudo). Quando não conseguir alterar sua visão sobre Deus, não deve sofrer, porque, afinal de contas, se Deus é tudo, Ele é o próprio erro ou aquilo que você chama de "errado".

Participante: Eu não sei mais o que pensar... Você diz que nós não sabemos o que é amar e ao mesmo tempo diz que temos que amar. Como fazer algo que não conhecemos?

A sua pergunta é interessante: como fazer algo que não sabe? A resposta é: deixando de fazer o que você sabe que está fazendo...

Por exemplo: você não vai aprender a amar, mas deve desaprender de ter raiva, de achar que o carinho é amor, de que o sentimento de mãe pelo filho é amor... Na verdade todo trabalho de elevação espiritual é de destruição e não de construção.

Sendo assim, posso dizer que a elevação espiritual não se caracteriza por aprender a amar, mas deixar de fazer algo que se conhece. Quando isso for conseguido, o amor surgirá naturalmente.

Na verdade foi o que disse outro dia: o espírito já ama, pois o amor é a única coisa real no Universo. No entanto, por estar preso ilusoriamente a um ego humanizado ele acha que está abraçando, que está tendo raiva, que está sofrendo. Tudo isso ele acha que está fazendo enquanto realmente está amando...

Portanto, é preciso deixar de achar essas coisas para poder ver o amar que já faz.

Participante: Tenho alguns alunos japoneses que não acreditam em Deus. Eles dizem que nunca pensam em Deus. Isso é algo irreal para mim. Como alguém pode viver sem pensar em Deus? Como fica a elevação deles se nem pensam que Deus existe? Eles acham super estranho como nós pensamos...

Vou lhe dizer algo interessante: eu também não acredito em Deus... Eu nem penso em Deus... Deixe-me tentar lhe explicar isso...

Por favor, me responda: seu marido está em casa?

Participante: Sim...

Por que, então, você está pensando em Deus lá no alto, se Ele está aí do seu lado?

Veja: você quer pensar em Deus, mas no ser, na individualidade, no Senhor do Universo, mas tudo é Deus. Portanto, se você pensar no seu marido, estará pensando em Deus...

Essa é a filosofia de Buda. O budismo originalmente não trabalha com a idéia de um Deus personificado, que está longe de você e ao qual deve se dirigir. Para eles Deus está em volta de cada um através de tudo e todos que existem...

Está vendo um computador em sua frente? Ele é Deus e por isso você já está com Ele... Está vendo este livro? Já está com Deus... Mas, você não vê isso e fica querendo procurar um Deus que esteja lá em cima, no céu...

Essa questão passa por aquilo que acabamos de falar: a idéia do ser ocidental do Deus espírito, homem, individualidade. Seja qual for a linha doutrinária de um ser humanizado oriental, esta não trabalha com a idéia de um Deus distante. Para os seguidores de qualquer doutrina oriental Deus está em tudo que existe ao seu redor, por isso ele não precisa buscá-Lo...

Por isso, me desculpe, mas eu também não busco a Deus: eu convivo com Ele quando estou com você e todos que me rodeiam; convivo com Deus com a cadeira onde coloco o corpo que estou usando e com o pito (cigarro) que utilizo para trabalhar. Por causa disso, lhe digo: não acredito em Deus...

Eu não acredito neste Deus lá de cima que os egos ocidentais convivem porque Ele está muito longe para nós O alcançarmos. Ele encontra-se muito distante de nós que precisamos conviver com Ele...

Eu prefiro conviver com o Deus que está ao meu lado, não importando o que ou quem esteja ali. Afinal de contas, como já vimos em diversos estudos, sejam eles fundamentados em doutrinas orientais ou ocidentais, tudo que existe é emanação do Pai e, portanto, Ele emanado...

Se eu me concentrar em endeusar a cadeira, vou viver com Deus, convivendo com um elemento material. Este é o grande segredo da elevação espiritual que o oriental conhece e o ocidental não: é preciso endeusar (conviver com Deus) divinizando todas as coisas que estão ao seu redor para promover a reforma íntima. Se você se prende em buscar o Deus que, para você, está em algum lugar muito longe onde sua consciência não consegue alcançar, se perde no caminho.

Este é o grande segredo da evolução espiritual que as doutrinas ocidentais, as doutrinas fundamentadas no Deus individualidade, não conseguiram passar. Mas, como sempre digo, isso não é erro, mas prova para cada um.

Verifique as histórias daqueles que segundo estas doutrinas conseguiram a santidade. Veja se eles não passaram em determinado momento a divinizar tudo aquilo com o qual conviviam? Foi nestes momentos que eles encontraram a Deus...

A doutrina era a mesma que você segue, mas eles se libertaram da interpretação humana e foram mais além, ou seja, venceram a prova. Se eles conseguiram, você também pode...

Perguntaram como tinha sido o meu dia. Eu respondi que, como sempre, foi maravilhoso. Quiseram saber o que era maravilhoso para mim e eu respondi que era porque eu estive com Deus o dia inteiro... Mas, isso só aconteceu porque eu me preocupei em cada lapso de tempo em tornar divinas as coisas que me cercam.

Se eu estou por acaso no meio de uma cena bárbara, divinizo o quadro que está à minha frente, apesar da interpretação que o meu ego dê àquela forma que está sendo percebida. Eu não sai dali mentalmente para procurar Deus nas alturas: eu conviverei com as idéias e formas percebidas como emanações divinas, como o próprio Deus.

Recentemente ocorreu um acidente que chocou a população deste país (queda do avião da TAM em Cumbica). Diante daquele quadro todos foram procurar Deus lá em cima, no céu, e não encontraram nada, pois estavam presos às imagens que o ego criou. Se, ao invés disso, tornassem divino aquilo que estavam percebendo, vivendo, teriam encontrado Deus nos corpos carbonizados e no monte de entulho...

Na verdade, este estudo de hoje tinha como fundamento falar-se das bem-aventuranças. Eu, porém, tinha pedido para antes criar um sistema decodificador para todos os ensinamentos do Novo Testamento. A pedra de roseta, como disse, é o amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, mas a única forma para colocar isso em prática é aprendendo a conviver com as emanações divinas divinizando-as.

Mas, isso não serve apenas para o Novo Testamento, serve para todo o trabalho da reforma íntima, independente de que doutrina se utilize. Tem uma pessoa que sempre me pergunta sobre elevação espiritual e, apesar de ter dado muitas respostas ao longo dos anos, agora posso, enfim, dar a resposta final: elevação espiritual é a denominação que se dá ao processo de conviver com a divindade em todas as coisas.

Ela jamais será conseguida simplesmente ficando de joelhos rezando para um Deus que está lá longe. Preocupem-se em divinizar todos e tudo que vocês convivem que com certeza encontrarão Deus. Agora, se quiserem encontrar o Deus ser, precisam aprender a construir foguetes e utilizarem roupas especiais para irem para o céu físico (o Universo) onde vocês imaginam que Deus está trancafiado...

Já me perguntaram até onde Deus está no Universo, como se o Todo pudesse ser fragmentado...

Foi isso que Cristo ensinou. A prática do amor a Deus sobre todas as coisas é alcançada exatamente quando se diviniza tudo aquilo que nos cerca. Quando você diviniza tudo que lhe cerca, está amando a Deus acima de todas as coisas.

Participante: Nós espíritos somos partes de Deus ou criação Dele como filhos, ou é a mesma coisa?

Para lhe responder preciso voltar a um ensinamento que vimos no estudo do Bhagavad Gita: o Deus ser, o Emanado e as Suas emanações. Deus, o Espírito Supremo; as individualidades e elementos materiais que são emanados por Ele; a movimentações destes deuses emanados que são emanações do Senhor. Pegando estes três deuses que Krishna ensina que existem como o próprio Senhor, vemos, então que tudo é Deus.

Respondendo-lhe agora, posso dizer que o espírito é emanado por Deus, gerado pelo Pai, mas faz parte de Deus porque faz parte daquilo que chamamos deuses emanados. Tudo o que este ser faz é criado originalmente pelo Senhor, por isso são emanações de Deus.

Sendo assim, o espírito faz parte de Deus como um todo, mas é uma individualidade diferente do Deus Ser. Trata-se de uma individualidade gerada pelo Senhor, mas que faz parte daquilo que chamamos de Deus, porque é um dos deuses emanados.

Aliás, Cristo ensinou: vós sois deuses... Era exatamente neste aspecto tríplice de Deus que o mestre se baseou para dizer isso.

Por isso afirmo: sem entender perfeitamente a Realidade sobre aquilo que é chamado de Deus, não há como entender os ensinamentos de Cristo. Ele não fala de um deus preso no céu, mas de um Senhor que está diuturnamente ao seu lado. Mais: em tudo que diz, o mestre nazareno ensina como divinizar tudo o que está ao seu lado para poder encontrar Deus.

Participante: Isso é fácil para o "bom" e o "belo", mas para a violência, injustiça e iniqüidade fica mais difícil...

Claro que sim... Por que isso? Porque você é regido pelos seus conceitos ao invés de divinizar o Universo do Senhor.

A violência é um conceito humano e não um ato violento, tanto assim que existem graus de violência. Tem gente que considera algumas coisas violentas que você não considera. Por isso ela não pode ser universal...

Tudo o que é universal é eterna e globalmente considerado de uma só forma. No Universo tudo que não é universal é individual. Portanto, a violência não é um ato divino, mas uma individualização que alguns fazem de uma emanação divina.

Então veja: é preciso ir além de você mesmo. Por isso eu disse que a elevação espiritual consiste em universalizar-se Para isso é preciso que vá além de você mesmo, além do seu individualismo, que nada mais é do que uma individualização do que é universal.

Portanto, você considera bárbaro um determinado acontecimento, mas é uma barbaridade divina e por isso é divino. Isso é amar a Deus acima de todas as coisas, é viver harmonicamente com a Causa Primária de todas as coisas...

O resultado prático do ensinamento da resposta número um do Espírito da Verdade em O Livro dos Espíritos é a divindade de todas as coisas. Por causa disso você precisa compreender que se quer viver com Deus, não deve conviver com um ser, um espírito, mas sim com as emanações deles, divinizando tudo que existe.

Este é o primeiro mandamento ensinado por Cristo (amar a Deus sobre todas as coisas): aprender a viver com todas as coisas emanações de Deus, como divindades. A partir disso, pergunto: como se consegue colocar em prática o segundo mandamento?

Existe uma palavra hindu que é o sinônimo do amar o próximo como a si mesmo. Esta palavra é "namaste'. Ela é um sinônimo para o mandamento de Cristo porque quer dizer "o meu divino interior saúda o seu divino interior".

Para que se possa amar o próximo como a si mesmo é necessário conviver com cada um com o seu divino interior que está acima das idéias que o ego cria para você mesmo. É, ainda, conviver com o divino interior dele e não com as qualificações que o ego gera para aquele ser humanizado.

Em resumo, amar o próximo como a si mesmo é conviver com o outro como divino a partir de sua própria divindade. Quando falamos em divino devemos entender sem máculas, sem qualquer idéia negativa que o ego cria para qualificar a você e ao próximo.

Foi isso que Cristo disse: você é divino e outro também; por isso você deve aprender a conviver com o próximo dentro destas características. Este é o segundo mandamento ao qual o mestre nazareno disse que cada um deve se esforçar de corpo, mente e alma para realizar.

Mas, para a perfeita compreensão deste tema, precisamos ainda retirar conceitos humanos, como, por exemplo, os que determinam o que é ser divino. Como disse acima, tornar-se divino e divinizar o próximo é não conviver com as idéias negativas que o ego cria para as coisas. Mas, apesar de dizer isso, não estamos aqui falando em ser "bonzinho", em seguir os padrões "bom" da humanidade.

Ver-se como divino não tem nada a ver com os padrões humanos de bondade. Por exemplo: quando você grita, xinga ou briga com o próximo, estes atos são emanações de Deus. Portanto, são frutos do seu divino interior. Quando você tem inveja dos outros é o seu divino interior que está tendo inveja.

É por isso que Cristo pode referir-se aos seus apóstolos como "vermes", pode pegar o chicote e sentar no lombo dos mercadores do templo sem culpar-se. Para o mestre nazareno não existia diferença entre estas atitudes e as de cura ou de ressurreição de mortos, pois ele sabia que tudo era emanação de Deus e, portanto, oriundos do seu divino interior.

Tudo que você faz vem do seu divino interior, porque vem de Deus e, por isso, precisa conviver com tudo o que faz como divino. Para isso é preciso não se culpar, não se criticar. Mas, o divino interior do outro também não tem nada a ver com bondade ou estar certo. Tudo o que o próximo realizar também será oriundo da divindade interior dele e, portanto, também divino.

Sendo assim, se você briga ou o próximo briga com você saiba que são só emanações divinas e não atos "errados" ou "maldosos". Torne divino o seu mau humor e o do próximo, pois aquele estado de espírito foi gerado pelo Senhor do Universo e é, portanto, o próprio Deus.

Estes são os dois mandamentos que Cristo ensinou - e, acima de tudo, vivenciou - como caminho para que o ser humanizado entre no Reino do Céu, ou seja, liberte-se da roda de encarnações para provas e expiações: tornar divina todas as coisas para poder conviver com o seu divino interior com o divino interior dos outros.

Aí está o amor universal... Amar a Deus sobre todas as coisas é tornar tudo divino e amar ao próximo como a si mesmo é aprender a conviver com todos num plano de divindades que são.

A partir daqui não importa mais que palavras estejam no Novo Testamento: é preciso divinizar tudo que existe e conviver com este tudo dentro da propriedade divina que eles contêm. O resto - as letras, as interpretações, as leis - são só figuras criadas pelo ego. É por isso que Cristo disse que não veio derrubar a lei, mas dar a ela o real sentido.

Sabe como não matar pode ser um ato de elevação espiritual? Quando ele for praticado pelo reconhecimento da divindade de cada um. Se este ato deixar de ser executado apenas pela prisão à letra fria - "lá diz que eu não posso matar por isso não mato, mas bem que aquele merecia morrer" - ou para tirar benefício próprio - "se eu não matar vou para o Céu" - de nada adiantou não ter matado. Melhor seria se houvesse praticado este ato divinizando-o como Cristo fez ao matar a figueira...

Este é o ensinamento de Cristo, mas também de todos os mestres... Alcançar esta postura é elevação espiritual. Para isso é preciso promover a reforma íntima, ou seja, mudar a forma de tratar as coisas (pessoas, objetos e acontecimentos) do mundo: ao invés de viver aprisionado aos valores criados pelo ego, conviver dentro das características divinas que tudo possui.

Participante: Qual a função do ateísmo nos dias de hoje?

Será que, frente a tudo o que falamos, existe ateísmo no mundo terrestre? Eu acho que não... Vejamos...

O que é um avaro senão um ser que diviniza o dinheiro? Se ele vive com este elemento como divino ele não é mais ateu... Vocês dizem que são ateus aqueles que não acreditam no seu Deus, mas se Ele não é aquele ser que está lá em cima, qualquer um que divinize qualquer coisa está convivendo com Deus...

Olha, precisamos ser muito claro. Tem certos conceitos que os seres humanizados não aceitam tocar. Um deles é Deus. Na verdade, Deus é um conceito que está enraizado no ego de vocês e que não aceitam que se toque nele.

Ao longo de todos estes anos de estudo muitas pessoas me disseram que estava muito difícil conviver com a idéia do Deus Causa Primária, com a idéia que tudo é divino quando se convive diariamente com atrocidades e desgraças. Por que é difícil conviver com isso?

Por causa do conceito Deus bonzinho. Deus não é bonzinho: este é um conceito que os egos ocidentais possuem, ou seja, um carma que precisa ser vencido por um grupo de espíritos.

Deus é justo, é a própria justiça. Deus é amoroso, é o próprio amor, mas amar não é satisfazer as necessidades e desejos humanos do ego. Por isso afirmo: Deus não é bonzinho, mas justo e amoroso e para poder ver estas coisas é ação é preciso se libertar dos conceitos existentes no ego para defini-las, pois eles não são universais.

Não se vence uma ferida que está apostemando passando remédio em cima. É preciso enfiar o dedo no buraco e tirar o carnegão que está lá dentro. Não se trabalha elevação espiritual sem enfiar o dedo e retirar completamente o carnegão que está atravancando-a.

Este carnegão, para os egos ocidentais. é o conceito sobre Deus que eles carregam. O conceito de um deus homem, ser, que mora no Céu e não se faz presente na Terra. O conceito de um deus que está no Céu, mas que se submete aos padrões humanos de "certo" e "errado". O conceito de um deus que só para satisfazer os desejos do ser humano.

Estas são características das doutrinas religiosas do mundo ocidental. O judaísmo, o cristianismo em qualquer de suas vertentes, o espiritismo e o próprio islamismo tem essa idéia de um Deus ser que vive no Céu e está lá para realizar o que o ser humano quer.

Sem enfiar o dedo na ferida e retirar estes conceitos que são fundamentados nos desejos humanos, não se vence elevação espiritual. Para se alcançar a Deus é preciso se conviver com Ele. Mas, para isso, você não deve apenas se prender aos momentos de oração aos céus, mas conviver com as emanações do Senhor que estão ao seu redor.

A bagunça é divina, a dor e o sofrimento são divinos, a fome é divina e a ganância também. Conviver com Deus em tudo e tudo com Deus: sem isso não se consegue a elevação espiritual.

Não estou falando em conviver com o Deus ser, aquele espírito que pensa, que realiza as coisas de caso pensado. Exata é a visão de vocês: Deus é um ser que faz as coisas para maltratar, para machucar...

Não, esse Deus não existe. O que existe é o Universo e ele é Deus, é divino. Pouquíssimos espíritos podem alcançar este ser que vocês que querem alcançar, inclusive eu. Por isso tenho que conviver com aquilo que Ele me dá, aplicando a elas as suas características divinas: Justiça e Amor...

É isso que está no poema "Pegadas na Areia". Deus está sempre caminhando ao seu lado. Isso você consegue ver, como disse alguém hoje, nos momentos onde seus desejos são realizados. Mas, Ele também está lá quando isso não acontece: é você apenas que não vê as pegadas Dele.

Na verdade, o que você não vê são as suas pegadas, pois está no colo. É Ele que está deixando rastros no chão e não você...

Acho que agora podemos ver as bem-aventuranças, não?

Felizes os que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do céu é deles.

Dentro do que falei hoje, quem são os felizes? Quem são os espiritualmente pobres? Aqueles que sabem que tudo é Deus. Aqueles que divinizam tudo o que acontece. Ele é pobre espiritualmente porque tem a consciência que tudo é muito mais potente que ele. Tudo é muito mais rico em divindade. Esses não reencarnarão: continuarão vivendo no Reino do Céu.

Felizes os que choram, pois Deus os consolará.

Felizes os que choram, ou seja, os que divinizam o choro. O choro é parte da vida. Ele não é algo fora da vida, mas um elemento que faz parte da vida e, portanto, é uma emanação de Deus e por isso é divino. Se eu divinizo o meu choro, eu me sinto consolado por Deus. Eu choro, mas por dentro estou em contato com a divindade.

Felizes os humildes, porque receberão o que deus tem prometido.

Quem é humilde? É aquele que não possui as coisas. Por que ele vive assim? Porque sabe que tudo é de Deus. Para isso ele precisa divinizar tudo. Aquele que age assim receberá tudo o que deus tem para lhe dar, que é a felicidade incondicional.

Felizes os que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele os deixará completamente satisfeitos.

Felizes aqueles que tornam divinos tudo aquilo que ele vivencia, pois Deus os deixará completamente satisfaz, não importando o que o ego diz que está acontecendo. Infeliz é aquele que diviniza o que o ego afirma que está acontecendo. Estes não receberão satisfação de Deus...

Sabe o que é divinizar aquilo que o ego diz que está acontecendo? É acreditar como real e verdadeiro tudo o que o ego diz que sabe, que conhece, que está "certo" ou "errado"...

Felizes os que têm misericórdia dos outros, pois deus terá misericórdia deles também.

Felizes os que divinizam o que os outros fazem, pois Deus o divinizará também...

Felizes os que têm coração puro, pois eles verão a Deus.

Felizes os que só vivem um mundo de emanações de Deus, um mundo divino, pois eles verão Deus. Não lá em cima, mas aqui, ao seu lado.

Quando você diviniza as coisas, passa a ver Deus nelas.

Felizes os que trabalham pela paz entre as pessoas, pois Deus os tratará como seus filhos.

A paz é o desarmamento. As armas que cada um usa para acabar com a paz são os conceitos humanos que determinam valores não divinos para as coisas, pois eles são fruto do egoísmo, do individualismo, que é característica primária dos egos humanos.

Portanto, felizes são os que trabalham para tornar tudo divino, superando as suas próprias armas, libertando dos seus conceitos.

Felizes os que sofrem perseguição por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é deles.

Felizes aqueles que, por viverem de uma forma divina com as coisas, são caluniados, chamados de bobo, criticados, acusados. Isto porque estes viverão um mundo à parte onde a glória de Deus estará sempre presente.

Não foi isso que aconteceu com todos aqueles nos quais vocês reconhecem santidade? Veja o Chico - Xavier ou de Assis - e me diga se eles não viviam um mundo à parte, um mundo onde tudo era emanação divina? Se isso é verdade, porque não seguem o exemplo deles?

Pronto: está aí o estudo das bem-aventuranças que me foi pedido no início de nossa conversa de hoje. Mas, não fique por aqui...

Agora pegue qualquer outro ensinamento do Novo Testamento e veja se não é este o ensinamento de Cristo. O mestre veio trazer a boa-notícia do Reino do Céu e disse que o caminho para se retornar à pátria espiritual é a prática do amor.

Este ensinamento até muitos já deveriam ter alcançado, mas nunca entenderam o que é amar. Amar é isso: é divinizar tudo, todos e qualquer coisa que aconteça.

Esta é a pedra de roseta que pode lhe levar a aprender a ser cristão, ou seja, a seguir o caminho a luz e a vida que leva a Deus.