Unindo-se a Deus através de Cristo - Carta aos Coríntios 1 - Textos

Ainda os dons do Espírito

É o amor, portanto, o que vocês devem querer. Procurem também ter dons espirituais, especialmente o de anunciar a mensagem de Deus. (Capítulo 14 – versículo 01)

No início do capítulo anterior, Paulo falou que poderia ter todos os dons que o Espírito Santo dá, mas se não tivesse amor, seria como se fosse o soar de um gongo. Agora, ele diz que além do amor, é preciso que você lute para ter os dons para anunciar as mensagens de Deus. O que será que ele quer dizer com isso? Que não adianta só amar as pessoas, pois além de amá-las é preciso ajudá-las a alcançar a elevação espiritual.

Mas, como se ajuda os outros a alcançar a elevação espiritual? Passando a mensagem de Deus, ou seja, ensinando as pessoas que apenas amar vale alguma coisa.

É isso que Paulo está nos dizendo: não adianta só amar os outros, é preciso ajudá-los a encontrar o amor também. É por isso que lá atrás Paulo nos falou que devemos ser escravos dos outros, ou seja, que devemos viver para servir aos outros, pois, neste caso, ajudamos os outros a encontrar o amor. Sendo inimigo dos outros nós não vamos ajudá-los a encontrar o amor...

O dom espiritual de anunciar a mensagem de Deus não é o dom de escrever mensagens, de dar passes: é ajudar o próximo a encontrar o amor.

Quem fala em línguas estranhas fala a Deus e não as pessoas, pois ninguém o entende. Diz verdades secretas pelo poder do Espírito Santo. Porém quem anuncia a mensagem de Deus fala as pessoas, ajudando-as, dando-lhes coragem e conforto. (Capítulo 14 – versículo 02 a 03)

Quem fala só sobre a ciência do espírito ou seja, fala em língua estranha, revela as coisas do universo, as coisas do mundo espiritual, apenas fala com Deus. Isso porque para as pessoas comuns tais assuntos são incompreensíveis e não pode salvá-las, no sentido de alcançar a elevação espiritual. O que pode levá-las a salvação, o que pode fazê-las alcançar elevação espiritual é a pratica do amor.

Sendo assim, Paulo está nos dizendo que não adianta você só querer ensinar coisas que os outros não sabem, mas é preciso auxiliá-las a amar. Ensiná-las a aprender a amar as coisas, a amar tudo que existe como obra de Deus.

No estudo do Bhagavad Gita eu disse assim: não há problema em gostar de uma planta, de um por do sol ou gostar e achar belas as coisas materiais; o problema é achar a beleza nas coisas e não entender que ela está na ação de Deus em fazer aquilo.

Participante: então, eu posso achar bonito o passarinho e a planta desde que entenda que aquilo não nasceu sozinho, mas que é ação de Deus?

Desde que você entenda que não é o passarinho que é belo. Deus deu beleza ao passarinho, portanto a beleza é o Deus que está no passarinho. Se você achar o passarinho bonito vai ter outros que achar outras coisas feias. Na hora que compreender que a beleza é o Deus que está no elemento material, todas as coisas, mesmo as que ache bonitas ou feias, serão belas, pois tudo tem Deus dentro dele.

É isso que Paulo está ensinando: o importante é o dom de levar a mensagem de Deus, ou seja, de ensinar as pessoas a amar a tudo.

Participante: o que ele está querendo dizer aqui: verdades secretas pelo poder do Espírito Santo?

As verdades são as coisas do outro mundo. Quem as revela são chamados de mestres.

Quando estudamos a parte técnica do mundo espiritual, revelo segredos do Universo pelo dom do Espírito Santo. É o espírito que me dá esse dom para vir aqui e falar com vocês.

Agora, de nada adianta ter isso, porque isso eu estou falando só com Deus, pois só ele compreende o que eu quero dizer. Por mais que vocês digam que compreendem o que falo, na verdade, não conseguem compreender. Por isso digo: o mais importante de minha missão não é o que ensino sobre conhecimentos científicos do mundo espiritual, mas o que uso para ensiná-los a amar.

Esse é o nosso trabalho: ensiná-los a amar a todos e a tudo independente de gostar ou não. Por isso, mesmo que fale de conhecimento técnico espiritual, no fundo sempre utilizo este ensinamento para alcançar a prática da consciência amorosa.

Quem fala em línguas estranhas ajuda somente a si mesmo, mas quem anuncia a mensagem de Deus ajuda a igreja toda. (Capítulo 14 – versículo 04)

O palestrante que dá muita aula, que ensina muitas coisas e que revela as coisas do mundo espiritual, na verdade está apenas cumprindo a sua missão e não ajudando aos outros. Portanto, está ajudando só a ele e não está ajudando a todos. Agora, aquele que ama, que ensina o próximo a amar, está sempre ajudando a todos.

Eu gostaria que vocês todos falassem em línguas estranhas, mas gostaria ainda mais que tivessem o dom de anunciar a mensagem de Deus. (Capítulo 14 – versículo 05)

Eu gostaria que todos soubessem todos os segredos do Universo, mas mais importante que conhecerem estes segredos, é todos amarem.

Não adiante você descobrir todo segredo do Universo (como é feita uma energia, onde ela vai, como se multiplica): o que importa realmente é saber a amar...

Porque quem anuncia a mensagem de Deus tem mais valor do que quem fala em línguas estranhas, (Capítulo 14 – versículo 05)

Porque ensinar a amar tem muito mais valor do que qualquer trabalho mediúnico.

...a não ser que haja alguém que possa explicar o que está sendo dito, para que toda igreja possa ser ajudada espiritualmente. Por isso, irmãos, quando eu os visitar, que proveito terão se lhes falar em línguas estranhas ? Claro que nenhum, a não ser que leve a vocês alguma revelação de Deus, ou algum conhecimento, ou ainda alguma mensagem inspirada, ou ensinamento.

Por exemplo, além da voz humana, há instrumentos musicais, como a flauta e a harpa. Como poderá alguém saber o que está sendo tocado, se as notas musicais não forem bem claras? Se o homem que toca a corneta não der um som bem claro, quem se preparará para a batalha? Assim, também, como é que os outros vão entender o que vocês estão dizendo se a mensagem por meio de línguas estranhas não é clara? As suas palavras vão sumir no ar! No mundo há muitas línguas diferentes, mas cada uma tem o seu sentido. (Capítulo 14 – versículo 05 a 10)

Existem milhares de ensinamentos sobre o mundo espiritual, mas o ser humano não consegue compreendê-los. Não consegue saber a verdade, o que quer dizer na realidade o que está sendo ensinado ou como é realmente o mundo espiritual. Isso porque a Realidade foge à imaginação humana, foge ao conhecimento humano. Sendo assim, de que adianta ficar ensinando as pessoas sem colocar amor no que se faz?

Isso é que precisamos compreender: é preciso que amemos a nós e a todos. É isso que pode resolver a sua elevação espiritual...

Porém, se eu não entendo a língua que alguém está falando, então quem fala é estrangeiro para mim, e eu sou estrangeiro para ele. (Capítulo 14 – versículo 11)

Não há irmandade quando alguém é sábio e o outro não sabe nada. A irmandade só se forma com amor; sem amor não se forma irmandade.

Então, já que vocês querem tanto ter os dons do Espírito, procurem acima de tudo ter os dons que fazem a igreja crescer espiritualmente. (Capítulo 14 – versículo 12)

Qual o dom que faz uma igreja crescer espiritualmente? O dom de ensinar o amor...

Portanto, já que você quer ser ajudante de Deus, já que quer fazer alguma coisa pelo seu próximo, ame-o e ensine-o a amar... Só isso.

Isso é o que pode ajudar você a ajudar o outro: o amor...

Não adianta se encher de conhecimentos e passá-los para os outros, pois eles entenderão. O que você precisa é ensinar o próximo a amar a tudo e a todos.

Mas, como se ensina o próximo a amar a tudo e a todos? Mostrando que Deus é o Senhor Supremo, que tudo é Ele, é Emanação Dele e que tudo que é Emanação Dele é amor em ação.

Portanto, quem fala em línguas estranhas deve orar para ter o dom de explicar o que elas querem dizer. Porque, se eu orar em língua estranha, o meu espírito de fato ora, mas a minha inteligência não toma parte nisso. (Capítulo 14 – versículo 13 a 14)

Se você fala diferente, se tem mais cultura, se tem mais informação do que os outros, reze para também ter o amor. Peça ajuda a Deus para ter o amor, pois se não o tiver, não adianta nada toda a sua cultura. Vai ficar falando ninguém vai entendê-lo, pois as pessoas não entendem o que você está dizendo.

Que farei então? Vou orar com o meu espírito, mas também orarei com a minha inteligência; vou cantar com o meu espírito, mas também cantarei com a minha inteligência. (Capítulo 14 – versículo 15)

É a questão do pensamento que estamos falando há muito tempo: você precisa tomar conta do seu pensamento, já que não conhece seus sentimentos.

Se você dá graças a Deus somente em espírito, como pode uma pessoa simples, que toma parte na reunião, dizer amém à sua oração de agradecimento? (Capítulo 14 – versículo 16)

Se você não consegue externar em palavras o amor, ninguém vai entender o que está dizendo. Portanto, é preciso que você ame a Deus, mas é preciso também que o seu raciocínio, o seu pensamento, esteja sintonizado no amor, transmita o amor aos outros, para que as pessoas possam compreender.

Sendo assim, é preciso que você ame sentimentalmente, mas também é preciso que ame mentalmente os outros. Ou seja, que você não tenha pensamentos que digam: 'amo todo mundo mas aquele ali não presta... Está vendo só? Olha a roupa que ele está vestindo'...

 É isso que Paulo está ensinando.

Mesmo que a sua oração de agradecimento a Deus seja muito boa, essa pessoa não recebe nenhuma ajuda. Eu agradeço a Deus porque falo em língua estranha muito mais do que vocês. Porém nas reuniões da igreja prefiro dizer cinco palavras que possam ser entendidas, para ensinar também os outros, a dizer milhares de palavras em línguas estranhas. (Capítulo 14 – versículo 17 a 19)

Olha que lição que Paulo está nos dando. Ele é um doutor, um mestre para quem foram reveladas muitas coisas. Ele poderia ensinar toda a técnica espiritual, mas prefere não falar com o povo sobre o ensinamento técnico. Prefere expor o amor dele em palavras simples ('louvado seja Deus') do que ficar dizendo: 'o espírito tem um perispírito', 'existe reencarnação', etc...

Apesar deste conselho do mestre, hoje em dia se vê tantos nomes imponentes, tanta coisa sendo ensinada, tanta ciência espiritual que as pessoas não compreendem e não guardam... Nós, como seguidores de Paulo, preferimos falar com palavras simples, mas que expressem o amor a tudo e a todos. E é isso que precisamos começar a ensinar as pessoas: a expressar o seu amor.

Irmãos, não pensem como crianças. Quanto ao mal, sejam crianças, mas no modo de pensar sejam adultos. (Capítulo 14 – versículo 20)

Cristo fala assim: seja pacifico como uma pomba e esperto como uma cobra. É mais ou menos o que Paulo está falando: seja uma criança de índole, mas comece a raciocinar maduramente a vida.

Você não deve raciocinar como criança, ou seja, como um ser que busca sempre só para si. Pensar maduramente, raciocinar maduramente a vida é entender que todo e qualquer ensinamento que receba é para você mesmo aprender e não para julga os outros.

Na verdade, todo ensinamento que você recebe deve lhe ajudar a amar e ensinar aos outros como se ama.

Nas escrituras sagradas está escrito: falarei a este povo, diz o Senhor. Falarei por meio de lábios estrangeiros e de línguas estranhas. Mas assim mesmo o meu povo não me ouvirá. (Capítulo 14 – versículo 21)

Não adianta falar de ciência espiritual porque o povo não ouve. Porque não ouve? Porque o que está sendo dito não faz parte do seu mundo.

Quantas pessoas estão aqui hoje?

Participante: somente duas.

Está vendo só: não adianta falar das coisas espirituais para vocês porque elas não fazem parte do cotidiano de suas vidas...

Quantas vezes eu já disse que mesmo que vocês não percebam, todos os espaços terrestres estão repletos de espíritos? Mesmo já tendo falado disso, vocês me respondem que aqui só tem duas pessoas... Por que isso? Porque estes espíritos não fazem parte da realidade de vocês.

Não adianta dizer que tem um índio sentado ali, que tem um hindu sentado aqui, tem um boiadeiro acolá, que tem um bêbado no outro canto e que mais adiante tem ma vitima de atropelamento... De nada adianta falar disso para vocês, pois estes seres não fazem parte do mundo de vocês.

Por isso digo sempre: vocês não conseguem entender o que estou falando...

Portanto, o dom de falar em línguas estranhas é uma prova para os descrentes e não para os cristãos. (Capítulo 14 – versículo 22)

Outro grande ensinamento de Paulo: os milagres, a ciência espiritual, a técnica mediúnica são assuntos de interesse daqueles que não acreditam em Deus. São de interesse daqueles que querem descobrir um Deus material e não se espiritualizar para chegar a Deus.

É preciso que nós, como cristãos que dizemos ser, comecemos a compreender que esses estudos não servem para nada. Se nós não colocarmos o amor em pratica, de nada adianta todos os dons que tivermos, de nada adianta ouvirmos ensinamentos sobre o espírito ou sobre o Universo. Só quando colocarmos o amor na pratica vamos realmente realizar alguma coisa e poder ajudar o próximo.

Mas o dom de anunciar a mensagem de Deus é uma prova para os cristãos e não para os descrentes. (Capítulo 14 – versículo 23)

O dom de falar em línguas estranhas, ou seja, de ensinar técnicas espirituais, é uma prova para os cristãs, pois quem é verdadeiramente cristão não se preocupa com técnica espiritual.

Cristo não ensinou nada de técnica espiritual. Ele ensinou a amar. Portanto, quem segue o amor, quem segue Cristo, não tem que se preocupar com grandes dons mediúnicos. Não deve se preocupar se é médium de escrever, de falar ou de cura: ele apenas preocupa-se em colocar o amor em pratica.

É claro que se você é um médium acaba recebendo mais atenção. Exatamente por isso esse dom mediúnico acaba sendo uma prova para o cristão, pois Cristo não quis atenção nenhuma para si.

Quando alguém tem um dom mediúnico, isso é prova. Prova para sua humildade, para a sua vaidade, para a sua ganância, para o seu amor.

Imaginem a igreja reunida e todos falando em línguas estranhas. Se chegarem algumas pessoas simples ou descrentes, será que não vão dizer que vocês estão loucos? (Capítulo 14 – versículo 23)

Vamos pensar sobre o que Paulo disse. Mas, antes, deixe-me dizer uma coisa: não estou falando mal de ninguém. Quem me conhece já sabe que não falo mal, mas apenas constato situações...

Vamos imaginar um centro espírita. O palestrante está lá na frente falando profundamente sobre O Livro dos Espíritos, sobre as coisas do espírito. Aí entra uma pessoa que nunca tenha estudado este livro e que não sabe nada sobre o assunto. Essa pessoa não se sintonizará com o templo...

Os templos foram feitos para ensinar o amor e não a técnica espiritual. Não há técnica pela própria técnica, não há ciência pela própria ciência: tudo deve ser usado para aprender a amar... Aliás, como ensina o Espírito da Verdade, 'a ciência lhes é dado para o avanço em todos campos', inclusive na moral...

Não adianta falar coisas difíceis se quem está ouvindo não tem condições de saber aquilo. O templo deve servir para ensinar o amor e não para que os médiuns, os palestrantes coloquem a sua suprema cultura em ação.

Mas, se todos anunciarem a mensagem de Deus, e entrar ali algum descrente ou alguém que seja simples, ele vai ouvir o que vocês estão dizendo e se convencer do seu próprio pecado. (Capítulo 14 – versículo 24)

Se você falar do amor, se ensinar o amor a quem entra, não importa se essa pessoa tem cultura espiritual, mas ao ver o amor que ali existe – sim, ver, pois o amor se irradia, transborda para fora de quem ama – o simples vai sentir aquele amor em palavras e vai sentir aquele amor no coração. Neste caso, o descrente, ao entrar e ver o amor em ação passa ser crente.

Agora, se o descrente chega num lugar onde lhe ensinam mais coisas para ele descrer, ele não irá crer em nada... Saibam de uma coisa: sem a fé espírita – confiança e entrega aos ensinamentos de Kardec – quem lê O Livro dos Espíritos diz que aquilo tudo é fantasia. Portanto, se alguém está só ensinando técnica e entra um descrente, ele vai dizer: 'aqui só tem maluco, pois acreditam que existe espírito, que existe re-encarnação'...

Já se as pessoas ali dentro estiverem apenas amando, o descrente vê o amor em ação e aí se sente bem e começa a questionar os seus valores, ou melhor, os seus pecados como foi falado no texto de Paulo.

E ele será julgado pelo que ouvir, os seus pensamentos secretos serão revelados, e ele vai se ajoelhar e adorar a Deus, dizendo: na verdade, Deus está com vocês. (Capítulo 14 – versículo 24 a 25)

'Os seus pensamentos secretos serão revelados'... Precisamos entender isso...

Se você é direcionado a um lugar – direcionado sim, pois na verdade não é você quem vai, mas Deus que lhe leva – e se esse lugar está transbordante de amor, Deus direcionará a reunião para que se fale sobre um assunto que você precisa ouvir, sobre algo que tem lhe preocupado. Aí, dentro de você, se o amor estiver transbordando, o que é falado provoca em você a sensação de ter achado o que estava precisando...

Agora, se numa reunião se está falando da vida do espírito, de coisas cientificas universais, da energia ou do fluido, você chega e não entende nada, vira as costas e vai embora. Você pensa: 'o que vou fazer lá de novo? Deixa aquilo para quem é sábio'.

O que acabei de dizer só serve para quem está com o coração transbordando de amor, ou seja, para quem está buscando a Deus. Para quem quer sabedoria, ou seja, está preocupado apenas consigo mesmo, este com certeza vai gostar mais da segunda reunião que citei.

Enfim, encerrando o capítulo, a orientação que Paulo nos deu aqui serve para que cada médium ou cada pessoa que se diz auxiliar de Deus compreenda que o que precisa ser colocado nos templos não é questão técnica, não é ensinamento, mas amor. É preciso ajudar as pessoas a amarem, ensinar valores que as leve a amar...