BEM AVENTURADO - MATEUS - CONVERSA 04

A tese sobre amar

 Participante: dentro da tese do amor que já falamos, quando de fato você ama, tem a consciência de que aquilo foi uma tese. Então, a tese pode até continuar existindo, mas muda o sentido. Antes era o amor, mas quando você ama de fato, vê que sempre aquilo foi uma tese, não o amor.

Sim, exatamente.

Participante: mudou o sentido.

Não é que mudou o sentido. A tese continua existindo. Onde você viu que é tese é tese. O amor é amor.

Participante: mas, antes eu considerava a tese como o amor?

Sim

Participante: por isso continuava correndo atrás da tese. Isso é um exemplo. Você fica correndo atrás da tese, mas quando ama compreende que aquilo sempre foi uma tese.

Deixa-me falar uma coisa.

Há muitos anos atrás dissemos o seguinte: você tem um chacra no meio da cabeça que emite e recebe energias iguais. Lembram disso? A mesma vibração, a mesma emoção, o mesmo sentimento que o ser humanizado manda para o mundo, capta dele. Por isso, se quer receber amor, somente o amar vai multiplicar o amor dentro de você.

É exatamente dentro do que você está dizendo. Se não começa a amar, se não anda no amor, apesar de querer saber o que é essa emoção, apesar de querer saber se está amando, apesar de ter tese sobre o que é o amor, apesar de ter medo de amar, apesar de tudo isso, se não ama, nunca vai amar e nunca vai receber amor.

Portanto, não importa se tem alguma tese sobre o amor, se tem medo ou quer saber o que é amar, digo: nada disso importa; a única coisa importante é amar.

Ame com aquilo que acha ou sabe o que é amar. Saiba que quanto mais ama, mais vive o amor, mais está pleno de amor e mais começa a reconhecer o que é o amar. Aí poderá ver que amar não tem nada a ver com a tese que montou.

Participante: descobre que era apenas uma filosofia.

Sabe qual a diferença entre o filosofo e o amante? O filosofo cria tese sobre o amor; o amante ama. Tem uma historia interessante sobre isso.

Um monge está passando de barco e ouviu um canto vindo de uma ilha. Lá havia pessoas cantando um mantra. O monge reparou que o mantra estava errado. Por isso mandou parar o barco na margem e foi conversar com as pessoas que estavam cantando.

O monge disse: ‘vocês estão cantando o mantra errado! Se continuarem cantando desse jeito, não vai adiantar nada. Vocês não vão conseguir iluminação nenhuma, não vão conseguir evolução nenhuma’.

Aí os que estavam cantando disseram: ‘desculpa, nós não sabíamos! Nos ensine a cantar o mantra de uma forma certa, por favor’. O monge do alto de toda sua sabedoria, ensinou o mantra certo. As pessoas ficaram felizes: ‘ah, agora sabemos! Obrigado’.

O monge, então, entrou no barco e foi embora. Quando estava retornando da viagem é surpreendido por uma das pessoas que cantavam o mantra errado. Ela vinha na direção do barco. Um detalhe deixou o monge de boca aberta: ela vinha andando sobre a água. Quando chegou perto disse ao monge: ‘nós esquecemos como é o mantra certo. Com isso não podemos nos elevar. Pode nos ensinar de novo’?

Nesse momento o monge compreender que aquelas pessoas já eram elevadas, mesmo cantando o mantra errado. Descobriu, também, que a sabedoria dele, que era fundamentada na decoreba de mantras e ensinamentos, não valia de nada. O importante era a entrega que as pessoas faziam.