Imperfeições do ser - Textos

A prova do espírito

Não acredite em nada do que a mente disser. Sempre responda ao que lhe viver à mente: pode ser, pode não ser. A resposta é sempre essa... Com isso estará harmonizado com o seu pensamento, com a sua vida.

Esta questão de harmonização é interessante, pois como o ser humanizado acha que existe apenas um mundo externo e não interno, acha que a harmonia tem que ser alcançada no relacionamento com o próximo. Este mundo interno ao que estamos nos referindo, o mundo mental, o ser humanizado diz ser ele próprio, mas isso não é real. Ele é um elemento diferente do espírito. Chamamos a este elemento de ego...

O ego é o mundo das idéias que existe para que o ser universal possa ter a sua provação quando encarnado. Eu diria que ele é o tentador, o diabo bíblico. A sua função é criar a vida que servirá como provação ao espírito.

Quando por exemplo a mente cria a idéia de que alguém está contrariando você, ela está criando a sua vida, está criando um determinado momento de sua existência. Para gerar isso, cria a pessoa que está falando e as palavras que você imagina estar escutando. Além disso, dá um valor àquela pessoa que criou e as palavras que fazem parte do que é ouvido, também foram criação dela. Ou seja, ela cria um momento com tudo o que está dentro dele.

Esta criação nada tem a ver com a realidade, mas apenas com o gênero de provação do espírito. Digamos que um ser universal tenha pedido como gênero de provação desta encarnação a luta contra o saber, o achar que detém as verdades, que conhece o certo. O ego deste ser, então, será um formador de verdades, ou seja, terá a tendência a achar que aquele ser humanizado possui uma sabedoria muito grande das coisas e criará pessoas que fará dizer coisas que antagonizem a estes conhecimentos. Pronto, está formada a prova do espírito...

Ele que antes da encarnação reconheceu no mundo espiritual que continha a impureza de se achar dono da verdade e que por isso pediu para provar que aprendeu isto, terá, então, a oportunidade de demonstrar o seu aprendizado. Como fará isso? Não aceitando a idéia de que o que ele sabe é certo e que o outro quer atacar esta sabedoria. Deixando de se compactuar com que o ego diz, vence a tentação e prova que realmente aprendeu.

É por isto que estou falando diversas vezes que a harmonização não se consiste em harmonizar-se com o outro, ou seja, ter uma compreensão racional que espelhe uma aceitação pelo que é dito pelo outro. Quem consegue realizar a contento a sua provação é aquele espírito que tendo um processo mental (o tentador) que afirma que houve uma discordância, não compactua com isso.

Quem faz isso não se harmoniza com o que é dito pelo outro, mas sim com o direito do outro discordar dele. Isso é a expressão do amor a Deus acima de todas as coisas – no caso, acima da sua sabedoria – e ao próximo como a si mesmo, já que deu a ele aquilo que quer para si: o direito de escolher no que quer acreditar.

Dizer que tudo que é pensado pode ser ou não daquela forma é a única ação que um espírito pode realizar quando encarnado. Quem pratica esta ação, mesmo vivendo submetido a um ego que trabalhe subordinado a um processo humano de vida, não vive humanamente. Este continua vivendo como um ser humano, mas não está mais humanizado.

Saibam de uma coisa: não existe diferença entre a vida humana e a espiritual. Ela se consiste apenas na forma de viver, ou seja, a diferença se consiste apenas em viver os acontecimentos subordinado a um sistema humano ou espiritual de vida.

Há muito tempo atrás disse que tudo o que existe no mundo humano também há no espiritual. Por exemplo: lá também existe a união de dois seres. A diferença é que aqui esta união é tratada como casamento e por isso precisa ser vivenciada subordinada a normas e gerando obrigações e necessidades. No mundo espiritual, esta união é vivida de outra forma. No mundo espiritual existe natureza, mas os espíritos se relacionam com ela sem serem governados por normas e nem geram obrigações ou necessidades.

Não há diferença entre os dois mundos: o que existe é a diferença entre a forma de se conviver com estas coisas. A partir desta informação e por conta da busca incessante de vocês de saber as coisas, me perguntariam, então: como é que são estas coisas lá? Eu teria que respondê-los citando o Espírito da Verdade: falta-lhes um sentido para compreender como são as coisas universais...

 Portanto, vocês não podem compreender como são as coisas no mundo dos espíritos, mas podem saber que elas não são iguais a forma como vivem com estes elementos aqui. Por isso, deixe de viver os acontecimentos humanos como a mente diz que devem viver apenas e não busquem entender o que existe no mundo espiritual. Se fizerem isso, estarão apenas trocando um conceito pelo outro, mas ainda estarão subordinados ao sistema humano de vida.