As reformas da reforma

A falsa ação em benefício do outro

Participante: não posso falar nada sobre as coisas que outros fazem que me incomode?

Nada do que os outros façam pode lhe incomodar. Você se sente incomodada com o que os outros fazem.

Na hora que não mais se sentir incomodada com o que os outros estão fazendo, o que está acontecendo não mais lhe incomodará. Com isso deixará de sofrer e viverá a felicidade plena e incondicional. Com isso terá alcançado a elevação espiritual.

Por isso afirmo que não é o que o outro faz, mas o incômodo nasce dentro de você quando recebe o que o outro faz que não lhe deixa alcançar a Deus. Se a reforma é íntima, você tem que mudar a si mesmo, tem que deixar de sentir-se incomodado com que o outro faz.

Deixe-me dar um exemplo. Eu o cito muito e acho que fica fácil entender o que quero dizer.

Uma vez que falamos que todo ser humano é egoísta, só pensa em si, teve uma pessoa que disse que não aceitava que se dissesse isso dela. Afirmou que era boazinha, que tinha sentimentos bons, que pensava primeiro nos outros e depois nela.

Para provar o que estava dizendo ela contou que vinha brigando com outro membro do grupo porque ele fumava. Perguntei, então, qual o motivo para ela não querer que ele fumasse. Respondeu-me que era porque aquela pessoa já tinha tido um infarto e outros problemas no coração e por isso se continuasse fumando ele iria morrer.

Perguntei, então, qual o problema dele morrer hoje ou amanhã, pois na verdade todos um dia vão morrer. Ela, então, mostrou o seu lado egoísta: ‘se ele morrer, eu vou sentir saudades dele’... Na verdade ela estava preocupada com a saudade que ela iria sentir. A preocupação dela não tinha nada a ver com a saúde dele.

A partir deste exemplo lhe digo: aquela pessoa fuma? Ela tem problemas de saúde que podem se agravar por conta do hábito de fumar? E daí? Deixe-o fumar. A vida é dele e ele tem o direito de escolher a hora que quer morrer.

A liberdade que estamos falando é tão ampla que você deve dar a quem quer morrer o direito de morrer. É um direito de cada um. Ou será que as pessoas só podem morrer na hora que você disser que podem?

Participante: na questão do cigarro você fala que é egoísmo nosso não querer que ela fume; eu não vejo dessa forma. Aconteceu, por exemplo, recentemente entre eu e meu marido. Ele estava fumando muito e eu trabalhei junto a ele para que deixasse de fumar.

Certo, mas minha pergunta a você é a seguinte: para que você queria que ele parasse de fumar?

Participante: porque é prejudicial para ele...

Para a saúde dele? E daí que ele prejudica a sua saúde?

Participante: porque eu gosto dele...

Porque você gosta, ou seja, por causa de uma motivação individual. É o seu gostar que está gerando uma obrigação nele. É por conta deste gostar que você tira a liberdade dele e quer escravizá-lo às suas verdades.

A partir desta sua pergunta que vamos para a terceira mudança para podermos entender perfeitamente a influência deste gostar na escravidão que se vive e que se quer impor aos outros.