Imperfeições do ser - Textos

A culpa por não fazer

Participante: e quando eu crio uma regra que me beneficiará e tenho consciência disso?

Você está esperando uma acusação minha por conta desta ação? Não vai ter...

Primeiro que não é você que cria as regras, mas sim a mente. Você só tem a opção de lidar com o que a mente gera e não criar nada. Como você deve lidar com uma criação mental que além de lhe beneficiar possui a consciência disso? Dizendo a si mesmo: foi a mente que criou esta regra e eu não vou me prender ao que foi criado e nem a culpa desta regra ter sido criada.

O trabalho de libertação da materialidade é sempre observar o que a mente está criando e, além de não compactuar com o que é dito, não ter opiniões sobre o conteúdo gerado. Só isso...

Participante: mas, e quando eu agir a partir da minha regra objetivando ganhar do outro. Como me libertar disso? Peço esta orientação por causa da dor na minha consciência que causa esta forma de agir.

Você fala de ação, de ato? Não foi você que agiu, mas sim a mente. Foi ela que criou a ação (fala ou movimentação dos membros praticando um determinado ato) Sendo assim, porque se culpar do que faz?

Seu trabalho nesta vida não é de agir, mas de optar pelo bem ou pelo mal quando a mente agir. A partir disso, quando ela agir segundo uma norma que antecipadamente se tem a consciência de que o beneficiará, o seu trabalho não tem nada a ver com o que está acontecendo, mas em não vibrar dentro do padrão emocional gerado por ela.

Agora, digamos que a mente usou uma regra que sabia que a beneficiaria e você compactou com isso. O que ela fará? Irá lhe culpar. O que você deve fazer neste momento? Não compactuar com isso...

Veja, tudo o que estou falando agora está sendo recebido pela mente e transformando-se numa regra. Ou seja, quando falo que você deve se libertar do que a mente propõe, a mente criou uma regra que afirma que isso tem que ser feito. Só que Cristo ensina: venha pra mim que meu jugo é leve. Com isso ele quer dizer que não há obrigações a serem cumpridas. Nem a obrigação de fazer o que ele ensina. Se ele que era um mestre não cobrava nada de ninguém, porque você vai cobrar de si mesmo?

O que estou querendo dizer é que você não tem que libertar-se da mente, não tem que abandonar o poder: você pode fazer isso... Se fizer, terá realizado o trabalho desta encarnação. Se não, não fará e terá no futuro uma nova oportunidade para isso. Esta forma de encarar o trabalho da reforma íntima acaba com culpas e outros sofrimentos.