A sabedoria de Salomão

3ª Sabedoria - Prazeres mundanos

“Então resolvi me divertir e gozar os prazeres da vida. Mas descobri que isso também é ilusão. Cheguei à conclusão de que o riso é tolice e de que o prazer não serve para nada. Procurei ainda descobrir qual a melhor maneira de viver e então resolvi me alegrar com o vinho e me divertir. Pensei que talvez fosse a melhor coisa que uma pessoa pode fazer durante a sua curta existência aqui na Terra”.

 

Estamos falando de ação universal. Todos os acontecimentos (atos) são ações universais. Somente ela existe como ação, o que quer dizer que todos os atos que acontecerem jamais poderiam deixar de acontecer. Entretanto, por trás da ação universal existe uma motivação. Essa é sujeita a interpretações, ou verdades diferenciadas.

A motivação universal é o motivo pelo qual Deus comanda a ação. Quando o ser humano busca saber o que está acontecendo (busca resposta às perguntas como, por que, onde) forma verdades individuais a partir da sua motivação individual.

Expliquemos melhor. A motivação é o objetivo da existência do ser e de todas as coisas (universo). Deus possui uma perfeita compreensão do porque as coisas existem, para que acontecem e, por isso, conhece o objetivo de tudo que acontece. Já o ser não possui esse conhecimento e traça objetivo diferente.

O espírito, por exemplo, é um ser universal gerado por Deus no infinito do tempo e que irá existir por toda eternidade. O tempo que passa em uma carne (encarnado) é efêmero se compreendida toda sua existência espiritual. Deus sabe disso e objetiva todas as ações universais no sentido de proporcionar a esse ser o gozo eterno da glória espiritual.

O ser humano, espírito encarnado, não vivencia essa realidade. Por mais espiritualizado que seja, vive sempre com a perspectiva da morte (fim ou transformação). Compreende apenas aquela existência carnal como o todo de sua vida e, por isso, objetiva o gozo da glória nesse período.

Eis aí um exemplo da diferença de motivações. Deus possui a motivação universal quando comanda a ação universal. Já o ser humano utiliza a sua motivação individual quando forma suas novas verdades. Por causa dessa diferença de objetivos é que o ser humano sofre.

A glória espiritual pode ser chamada de diversos nomes: paraíso, reino do céu ou de Deus, plano espiritual superior, universo, nirvana. O nome não importa, mas sim o que se goza nela: a felicidade suprema, harmonia universal e paz. Assim, não podemos pensar nessa glória como alcançar um lugar, mas sim em viver com um estado de espírito. Chamamos ao estado de glória espiritual de felicidade universal.

Um dos instrumentos que Deus possui para ajudar o ser a se purificar (evoluir) para viver esse estado de espírito é a encarnação. A motivação universal da encarnação é, portanto, levar o ser a viver a glória espiritual. Para isso Deus precisa acabar com as suas verdades individuais.

Isso o ser não vê, pois não possui percepção. É preciso o amor a Deus acima de todas as coisas e a fé (confiança e entrega total) para sentir. Enquanto não possuir esses dois quesitos continuará achando que suas verdades são certas e buscará fazer com que todos vivam dentro delas, pois essa é a sua motivação individual.

Quando isso ocorre, fica feliz. Na verdade não podemos chamar isso de felicidade, mas sim de satisfação ou prazer. A satisfação de ver suas verdades consideradas como únicas; o prazer de estar certo.

O prazer é a glória terrena. Todo universo conhece intuitivamente a verdade da necessidade de se aprimorar (ser feliz), mas o ser humano, que não conhece a felicidade universal, imagina que estando certo estará feliz. Acha que isso é evolução. A motivação individual do ser, portanto, é alcançar a satisfação, sentir o prazer.

Como a ação universal não premia as verdades individuais, quando o ato fere essas verdades, o ser humano sofre. Quando Deus demonstra a ausência de elevação (o ser está errado) a sua motivação individual (estar certo) lhe faz sofrer.

No entanto, muitas vezes a ação universal se coaduna com as verdades do ser e aí imagina que alcançou o paraíso, mas na verdade está sofrendo. O prazer é um sofrimento.

A simples coincidência de verdades não pode ser considerada uma felicidade, pois não provocou a universalização das verdades do ser. Enquanto isso não ocorrer não há como entrar no gozo da glória espiritual.

Quando há similitude de verdades entre a ação universal e o objetivo do ser, esse se sente satisfeito por possuir a verdade universal (estar certo) da situação. Isso não é uma realidade: é uma ilusão. No próximo momento (nova ação universal) essa mesma verdade pode levá-lo ao sofrimento. Poderíamos dizer que o momento da similitude foi uma coincidência, se isso existisse.

Portanto, para realmente ser feliz, harmonizar-se com as coisas do universo vivendo em um estado de não agressão (paz), o ser precisa deixar de achar qualquer coisa. Precisa deixar de ser sábio, de ter sabedoria. A verdadeira felicidade se conquista com sentimentos e não com conhecimento. Por isso, Jesus Cristo afirmou que o primeiro mandamento é amar a Deus e não compreendê-Lo ou conhecê-Lo. Só com esse sentimento o ser não se iludirá (terá prazer) quando houver similitude aparente entre suas verdades e as universais, nem sofrerá no momento que elas forem discordantes.

Tudo isso Salomão nos disse nessa sabedoria. O riso é tolice e o prazer não serve para nada. A felicidade universal não se representa por atos externos, mas no íntimo de cada um, nos seus sentimentos. Ela está na paz interior, na harmonia com as coisas, com a felicidade suprema de estar vivenciando aquele segundo, a ação universal.

O ser quando na carne não possui qualquer outra obrigação do que viver. Mesmo nas atitudes consideradas como indispensáveis à elevação (oração e caridade), não existe a obrigatoriedade. A obrigação de fazer geraria a necessidade de comandar uma ação e isso o ser não pode fazer. Jesus Cristo foi bem claro com os professores da lei ao dizer que os seres humanos não entenderam as Sagradas Escrituras quando elas afirmam que Deus quer que sejamos bondosos e não que queimemos incenso em Seu louvor.

A bondade de um ser não está na oração que possa fazer pelos outros, mas sim em servir de instrumento à ação universal para proporcionar uma oportunidade de integração ao universo. Para isso é necessário promover ações onde o ser possa desistir de suas verdades.

A desistência de querer ser o dono da razão pode ser alcançada muito mais facilmente quando as verdades individuais são contrariadas do que quando ocorre a similitude. Assim, fazer o que os outros não querem ou não gostem, é a verdadeira caridade.

No momento que estiver servindo de instrumento da ação universal nesse sentido, o ser humano não pode imaginar que venceu, que impôs sua verdade. É preciso compreender que foi apenas instrumento de Deus, protagonizando uma ação universal. Não foi sua idéia que venceu, mas a verdade universal. Para isso é preciso alterar sua motivação, ou seja, seu objetivo de vida.

Aqui reside o cerne da elevação espiritual. Por que você nasceu? Por que está vivo? Por que acordou hoje? Por que continua respirando? Pense nisso e, com certeza, alcançará a Sabedoria Universal: pela Vontade de Deus. Quando isso acontecer nascerá o desejo de participar dessa Verdade.