A sabedoria de Salomão

10ª sabedoria - O rei

“O moço pobre, mas sábio vale mais do que o rei velho e sem juízo que já não aceita conselhos. Um homem pode muito bem sair da cadeia e se tornar o rei do seu país, mesmo tendo nascido pobre. Eu pensei em todas as pessoas que vivem neste mundo e imaginei que existe entre elas, em algum lugar, um moço que tomará o lugar do rei. O número de pessoas que um rei governa é muito grande; no entanto, quando deixa de ser rei, ninguém é agradecido pelo que ele fez. É tudo ilusão, é tudo como correr atrás do vento”. 

 

Que adianta ficar defendendo suas verdades? Você mesmo já foi um agressor profundo das verdades de seus pais. A terceira etapa da vida do ser, quando ele busca impor suas particularizações das verdades societárias, faz parte da existência de todos aqueles que se humanizam. Você já passou por isso e agora não quer sofrer a mesma ação?

Quando um ser humanizado é jovem age buscando impor sua particularização da verdade societária. Quando alcança a maturidade não aceita que os outros a contestem. Acredita que está de posse da verdade universal porque ela foi testada e moldada no fogo dos relacionamentos de toda uma existência.

Quanto mais luta e vence nos relacionamentos, o ser prova a si mesmo que está certo, que suas verdades são absolutas. Com isso mais solidifica a crença de que está no caminho certo. Quanto mais sucesso material o homem tiver mais acredita que possui a verdade. Considera-se um rei.

Para combater essa cristalização das verdades individuais é que Deus faz com que as novas gerações vivam na sua particularização das verdades societárias. O jovem não é um rebelde, mas um instrumento de Deus para lhe mostrar que a verdade societária do rei foi só sua.

Vejamos o caso da moral nos relacionamentos entre casais. Desde muito tempo até os primórdios desse século a mulher conhecia o marido no altar. Os casamentos eram combinados pelos pais e as mulheres decentes só experimentavam o contato com o parceiro do outro sexo depois de consumada a união religiosa.

Inconformadas com essa verdade as jovens iniciaram a busca da transformação da verdade societária. O objetivo dessas jovens do início do século passado, como ainda é o das de hoje, não é acabar com a moral (verdade societária), mas particularizá-la. Alterar os padrões da verdade, não extingui-la.

Primeiro lutaram para se unirem a quem quisessem. Isso exigiu o contato antes do casamento. Esse teve que ser feito às escondidas porque os pais detinham o poder e não aceitavam a mudança das suas verdades. Apesar do poder paterno, os encontros aconteciam e a verdade foi se alterando.

Aquelas que brigaram para casar com quem quisessem tiveram que aceitar uma nova revolução. As mulheres começaram a namorar na sala de casa. As antigas rebeldes agora começaram a sentir o peso da rebeldia das mais jovens. Não queriam o namoro em casa, mas depois de muita batalha a verdade societária foi alterada.

Depois veio o namoro no portão, já longe da fiscalização familiar. Posteriormente a saída com o namorado em horários convenientes. A evolução foi a esticada, ou seja, o fim do horário de chegar em casa. Hoje o namoro se dá dentro do quarto da jovem, na casa dos pais, junto com esses.

Para cada alteração houve uma resistência da geração anterior que já tinha sido rebelde com a sua antecessora, mas que agora, com as verdades cristalizadas, não mais aceitava o combate a elas.

Os mais velhos reclamam da rebeldia dos mais novos, mas já agiram como eles. A reclamação surge do afastamento de Deus, da verdade universal.

Todo o processo de alteração das verdades societárias é comando por Deus no sentido de propor novas provas ao ser humano. Não importam os atos, o objetivo de Deus é sempre testar a resistência em abandonar as suas verdades individuais.

Moral é um “conjunto de regras ou hábitos julgados válidos”. Se os seres humanos não agem voluntariamente, mas são guiados pela ação universal, os atos que praticam não podem ser julgados. Para se compreender a ação deve ser levado em consideração o ato espiritual: a busca da elevação. Moral, portanto é o conjunto de regras ou hábitos do ser universal julgados válidos.

Jesus nos ensinou as regras e os hábitos que o ser universal deve ter: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. O que pode espelhar melhor essa moral: os hábitos dos seres do início do século passado ou os de agora? Quem ama mais o próximo: aquele que individualiza sua filha tornando-a escrava da sua vontade ou o que não recrimina sua atitude?

Amoral é querer impor verdades aos outros. Quem age como o dono da verdade não ama a Deus acima dela, não ama o próximo como a si mesmo. Ama mais o que acredita, considera-se superior ao próximo.

Portanto, a moral foi mantida ao longo dos anos e para isso as verdades societárias humanas sobre a moral foram contestadas. Para contestá-las Deus serviu-se como instrumento dos seres encarnados mais novos. Não para que impusessem seu querer, mas para aprenderem que ninguém pode impor a sua verdade a outro sem causar sofrimento. Pena que quando cresceram, cristalizaram suas verdades e causaram novamente sofrimento. É por isso que ainda estão reencarnando.

Com a utilização constante das suas verdades contra seus pais passaram a amá-la mais do que a própria verdade universal (Deus). Transformaram-se em reis, senhores da verdade.

Entretanto, sempre haverá, em algum lugar do mundo, um jovem que tomará o lugar do rei. Ele sairá direto da cadeia (subordinação aos mais velhos) e assumirá o trono, possuirá as verdades mais verdadeiras. Quanta verdade Salomão descobriu; como foi grande a sua sabedoria.

Portanto, amigo, abra mão da sua majestade. “O número de pessoas que um rei governa é muito grande; no entanto, quando deixa de ser rei, ninguém é agradecido pelo que ele fez. É tudo ilusão, é tudo como correr atrás do vento”.