Senhor da Yoga - Cap. 2 - Caminho do discernimento

Versículos 65 e 66

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Senhor da yoga - versículo 65
Senhor da yoga - versículo 66

65. Graças à paz interior, terminam todas as misérias da existência aparente e a mente, pacificada, prontamente se estabelece na Reta Sabedoria.

66. Para os intranqüilos, a sabedoria não surge, nem eles conseguem meditar. Para quem não medita, não pode haver paz. E como podem ser felizes os que não têm tranqüilidade interior?

Krishna é claro: quem vive na tranqüilidade medita...

Participante: Meditar em que sentido?

No sentido de repensar seus pensamentos...

Quem não medita sobre a sua vida age de acordo com os conceitos da humanidade que estão na sua memória. Ele não medita, ou seja, não raciocina... Ele não raciocina como vive: vai passando pela vida. Fica velho e não se preocupa com o que fez da sua vida... Justamente por não meditar sobre a vida é que o desejo surge e tem força para comandar o seu estado sentimental.

O desejo é, como já vimos, um condicionante à felicidade. Se o ser humanizado parasse para meditar sobre as coisas da vida não mais se entregaria o desejo ou intencionalidade.

O ser perturbado não raciocina sobre o perigo que é não meditar. Ele diz que quer ser feliz, mas por estar ligado às coisas do mundo tem pensamentos que expressam desejos de que outra pessoa faça ou aja de determinada forma. Vamos meditar sobre isso? Por que a pessoa tem que fazer o que eu quero? Por que sou eu que sei o que é certo e não ela? Por que ela, que é uma individualidade, tem perder a sua verdade para fazer do jeito que eu quero?

Esta meditação, ou seja, o raciocínio do raciocínio acaba com o desejo. Isto porque na hora que o ser humanizado começar a se perguntar vai ver que não é certo o que está fazendo, mas um ato de soberba. Quem medita sobre o desejo da pessoa fazer ou ser do jeito que ele quer, repara que está se colocando como Deus (quem sabe o certo e o errado), como dono da verdade, um deposta...

Quem raciocina o raciocínio pode matar o desejo de que aquela pessoa faça aquilo. Quando isso acontecer, o que ela fizer já não mais lhe incomodará, não lhe perturbará e aí poderá realmente haver a felicidade incondicional.

Então, a mente perturbada é aquela que não raciocina os seus próprios raciocínios, não medita. Ela não busca saber de verdade de onde tirou aquilo que diz que é verdade. A mente perturbada não vê a sua própria perturbação e acha que tudo que lhe perturba é normal, é o certo...

Este é o segredo: meditar...

Na hora que você medita, ou seja, raciocina o pensamento, alcança a tranqüilidade porque chega à conclusão que está querendo ser senhor de escravo. Está querendo mudar o mundo para aquilo que quer...

Por isso alcançar a tranqüilidade é impossível para a mente perturbada. Para aquele cuja mente, como foi dito antes, está presa aos objetos pensados, ou seja, externos a ela, é impossível ser feliz incondicionalmente. Para que isso acontecesse era preciso que este ser tivesse a mente voltada para dentro, para si mesmo, para as formações mentais que o ego cria.

É isso que Krishna está ensinando que, aliás, é a mesma coisa que Buda ensinou, como já vimos...