Senhor da Yoga - Cap. 2 - Caminho do discernimento

Versículos 42 a 44

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Senhor da yoga - versículo 42
Senhor da yoga - versículo 42

42, 43 e 44. Ó Partha, os tolos, cuja mente está cheia de desejos e que consideram a vida celestial (ou paraísos relativos e pensados) como a sua meta mais alta, os quais estão submissos aos panegíricos védicos (no ocidente, submissos à letra morta dos versículos bíblicos) e que consideram isso algo muito superior, esses ignorantes, ó Arjuna, falam com os costumeiros termos floridos a respeito das diversas classes de cultos védicos, cultos esses que originam os nascimentos, as ações e seus resultados, como meios para o prazer e a dor. Aqueles que se ligam a esses néscios e se deixam levar por toda essa fraseologia enfeitada, jamais lograrão a determinação única, que conduz o homem à absorção espiritual.

Vamos entender isso, porque apesar de parecer muito complicado, já que contêm algumas palavras difíceis, este texto é importante para quem quer realizar-se no ser.

Na verdade o que Krishna diz é o seguinte: alguns ensinam o reino do céu através da letra fria. Antes de buscar o entendimento, uma observação: ligo aqui o ensinamento de Krishna ao reino do céu (ensinamento bíblico) porque, apesar do texto falar em livros védicos, os “Vedas” são os livros sagrados hindus, assim como a Bíblia o é dos cristãos. Portanto, em essência eles são a mesma coisa: o instrumento usado por religiosos para buscarem a elevação espiritual. Sendo assim, o alerta serve para elementos de qualquer religião: não procure a elevação espiritual preso apenas à fraseologia enfeitada de um livro sagrado, porque quem assim age jamais logra alcançá-la. Vamos compreender isso...

Os católicos, por exemplo, pela prisão à letra fria, acreditam que, depois do desencarne, dormirão até o dia do juízo final. Por isso, para eles, o ideal é morrerem, ou seja, dormirem depois do desencarne. Os espíritas são levados a acreditar na existência das cidades espirituais. Por causa deste apego à letra fria, ao saírem da carne, buscam uma cidade espiritual. Os mulçumanos acreditam que Alá fez no reino do céu uma grande tenda onde haverá um harém cheio de virgens para eles. Os budistas sonham com o Nirvana, ou seja, com um jardim muito bonito, com lindas plantas, borboletas... Por isso estes religiosos sonham com a chegada a estes lugares. Mas, Krishna está nos ensinando que não devemos nos apegar a estas coisas. Por quê? Porque estas coisas foram apenas figuras criadas através de determinadas palavras que os mestres usaram para simbolizar a felicidade plena...

Aqueles que buscam a felicidade a partir da satisfação, ou seja, precisam de determinadas coisas para ser feliz, na verdade não alcançam lugar algum, porque só alcançaram a realização dos seus desejos. Como o que surge quando isso acontece é o prazer, estes terão que reencarnar para realizar o trabalho da reforma íntima, pois ainda estão presos aos desejos e paixões humanizados.

É isso que Krishna está nos ensinando. O caminho da yoga, da libertação, é o caminho do fim do desejo de tudo. É chegar ao mais alto poder de harmonização com o Universo, ou seja, ser feliz incondicionalmente. É isso que pode e lhe levará à elevação espiritual.

É por isso que ele fala que quem se liga a esses néscios (ignorante, incapaz – Mini Dicionário Aurélio) se prende à vida carnal, mesmo depois de desencarnado. Ele está preso à roda de encarnações e por isso terá que novamente voltar à condição de humanizado. O verdadeiro buscador de Deus precisa ouvir as palavras, mas também ir além do sentido humano delas. Compreender, por exemplo, que o mestre não podia dizer que o céu era uma tenda no meio do deserto cheio de virgens, porque se fizesse isso, estaria decretando que mulher não entra no reino do céu, a não ser para servir os homens. Na verdade, o texto sagrado dos mulçumanos prendeu-se a elementos daquela época, onde a mulher não era levada em consideração. Por isso o texto foi escrito para chamar a atenção de homens e não de mulheres...

É isso que estou querendo dizer. Na verdade o que Krishna nos ensina é que temos que buscar a felicidade incondicional. Esta felicidade que o mestre fala está acima de qualquer figura que possa ter sido criada pelos textos sagrados de cada religião. Ela está no interior de cada um, no coração... Por isso, para alcançá-la, é preciso se desligar de toda e qualquer imagem (paixão) e dos desejos e vontades que surgem através da mente.

Para eliminar as idéias que temos sobre o que é viver no reino do céu, pergunto: o que é o reino do céu? É um estado de espírito onde, esteja você onde estiver, tendo quem quer que seja ao seu lado, viva em perfeita harmonia com o Universo e em felicidade. Isto é o reino do céu... Não importa se você está na carne ou não: na hora que estiver vivendo assim estará no reino do céu...