Senhor da Yoga - Cap. 2 - Caminho do discernimento

Versículos 32 a 40

Reproduzir todos os áudiosDownload
Senhor da yoga - versículo 40

32. Ó filho de Prithâ... em realidade, afortunados são os guerreiros, aos quais se lhes apresenta, sem que a busquem, como uma porta que se abre para o céu, uma guerra justa como essa.

33. Mas se tu não tomares parte nesta guerra justa, faltando com teu dever e honra, cometerás o pecado.

34. Além do mais, as pessoas sempre falarão mal de ti e para um indivíduo de reputação, a desonra é pior que a própria morte.

35. Todos estes grandes guerreiros em seus respectivos carros pensarão que te retirastes da batalha por medo. E aqueles mesmos que antes te tinham honrado com respeito e admiração depois com desdém te tratarão.

36. Teus inimigos falarão coisas indizíveis ou muito desagradáveis contra ti; rir-se-ão do teu valor e coragem. Para um guerreiro, pode haver algo mais doloroso do que isso?

37. Se morreres na batalha, ganharás o céu; se alcanças a vitória, desfrutarás a terra. Por isso, ó filho de Kunti, levanta-te decidido a lutar.

38. Considerando iguais o prazer e a dor, a vitória e a derrota, o lucro e a perda, aceita luta. Desse modo, o pecado não te manchará.

39. Já te ensinei a necessária atitude que manterás no que diz respeito ao entendimento do ser. Escuta agora, ó filho de Prithâ, o que te direi a respeito do caminho da ação (ou Yoga), graças a cujo entendimento libertar-te-ás da maléfica ação personificada ou intencional e respectiva conseqüência.

40. Neste sendeiro da ação (ou Yoga), nenhum esforço se perde, por mais incompleto que seja, nem se produzem resultados maus ou menos contraditórios. Até mesmo uma prática mínima desta Yoga libera o homem de um grande perigo e temor.

Até aqui vimos os aspectos iniciais da conversa de Krishna com Arjuna. Agora começaremos a estudar o trabalho da elevação espiritual chamado de caminho da yoga ou o sendeiro da ação, que é a mesma coisa...

Para começar o bendito Senhor nos diz que: nenhum esforço se perde, por mais incompleto que seja; não se produzem resultados mais ou menos contraditórios; e, finalmente, que a prática mínima deste caminho libera o homem do perigo e temor. Vamos ver isso...

Nenhum esforço se perde... O que quer dizer isso? Todos os atos que são feitos, mesmo aqueles considerados maus, são válidos para a elevação espiritual...

Não estou falando apenas de atos físicos. Mesmo quando você escolhe um sentimento individualista (egoísta) para vivenciar os atos da vida, esta forma de proceder é válida para a elevação espiritual. Por quê? Porque é a vida do espírito...

Na existência do espírito nada se perde: tudo vira lição. Quando o ser universal humanizado opta por um sentimento egoísta para vivenciar uma situação da vida material, é mais um ensinamento que aprende e com isso uma nova oportunidade de elevação se apresentará. Portanto, quando optar em determinadas situações por sentimentos individualistas, não se desespere, pois isto é válido para a sua elevação espiritual. Claro, melhor seria se optasse pela universalização, pois avançaria mais. Mas, saiba que mesmo quando opta pelo egoísmo, algo foi feito no sentido da sua aproximação de Deus...

Portanto, aí está o primeiro conhecimento necessário da prática do caminho da yoga: nunca se lastime por nada...

Jamais se arrependa do que fez ou deixou de fazer. Jamais qualifique o que fez de bom ou mau, porque aquilo é útil à sua elevação espiritual. Jamais se contrarie com o que aconteceu ou que deixou de acontecer. Ou seja, não se lastime por nada, porque tudo que você faz vale alguma coisa para a sua elevação espiritual. A forma de reagir a determinados acontecimentos faz parte da sua caminhada, do seu aprendizado. Se você perde tempo parado no passado se lastimando, ou seja, culpando a si ou a outro pelo que aconteceu, parou no tempo.

Na vida do espírito, como já dissemos, não existe passado ou futuro: a única coisa que existe para ele viver é o presente. Só que ele tem que viver o presente olhando para frente. Olhando para o que ainda pode acontecer e não para o que passou. O ser humanizado deve vivenciar a sua existência carnal sem se amarrar as coisas que passaram e ficar lamentando-se delas. Vivendo assim, o ser se prende o passado e com isso não vive o presente e nem terá futuro, já que o futuro é construído no presente.

Este é o primeiro grande ensinamento; este é o primeiro grande aviso: não se lastime por nada. Tudo vale alguma coisa e quando você fica lá atrás se lastimando, perdeu uma nova oportunidade de realizar algumas coisas.