Senhor da yoga - Cap. 4 - Caminho do conhecimento

Versículo 22

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Senhor da yoga - versículo 22
Senhor da yoga - versículo 22

22 - Contente com o que surge sem fazer esforço, transcendendo os pares de opostos (prazer, dor, calor, frio, bem, mal etc.), livre de inveja, equânime diante do sucesso e do fracasso, o sábio, embora atue, não se liga.

O que surge sem fazer esforço: o que quer dizer isso? É viver sem planejamento, sem desejos, sem querer. Contente com o que surge: 'o que surgiu é isso, então é isso que vou fazer'. Se o verdadeiro sábio hoje tiver um limão, ele vai chupá-lo; agora, se amanhã tiver um morango, irá comer morango... O problema é que se hoje vocês têm um limão, o chupam pensando no morango de amanhã ou então não chupam o limão preferindo a fome para esperar o morango de amanhã.

Ser sábio é viver o que tem para viver hoje sem nenhuma preocupação com o futuro ou culpabilidade com o passado. Quando alcança a sabedoria, o ser humanizado se encontra acima do bem e do mal. Ele chega a um ponto onde não há emoções. Ele não se emociona, ou seja, não está em euforia positiva ou negativa. Ser sábio é alcançar a apatia com as coisas do mundo. Trata-se de viver de forma igual o sucesso (quando acontece o que você queria) e o fracasso (quando não acontece o que você queria). Esse está livre da inveja porque esta é a filha do desejo não atendido.

O sábio, embora aja não se liga às coisas: transita entre elas sem prender-se à elas. As pessoas se prendem às coisas vítimas do desejo. Para despossuir é preciso não desejar. Enquanto o ser humano não deixar de desejar, haverá a posse, a vontade de ter, a vontade de comandar o destino daquela coisa. O sábio é desapegado porque vive fora do conceito dualista. De nada adianta querer combater a posse sem combater a prisão às coisas materiais. Quando falo em coisa matérias não estou me referindo a objetos, mas ao prazer. Não adianta nada combater o prazer se não combater a humanidade, que são as regras, os conceitos pré-estabelecidos que ditam o certo e o errado.

Estamos chamando os ensinamentos de Krishna de caminhos e esta é uma colocação muito boa, pois o que ele ensina é um caminho que precisa ser caminhado. Não se trata de mágica. Jamais ocorrerá uma transformação mágica na sua vida. Os ensinamentos de Krishna também não se constituem numa ciência, uma medicina em que vocês tomam tantas seções de passe e vai estar tudo bem. Não é uma novena onde você faz noventa orações pra melhorar. Não, eles são um caminho onde se trabalha o tempo inteiro para alterar os objetivos de vida, para alterar o comportamento de vida, os valores da vida. Por isso Yoga é o caminho da libertação – o caminho do Reto Entendimento.

Apesar disso, o ser humano ainda continua procurando a verdadeira ligação através da mágica: 'hoje não estou bem, me dá um passe'. Muitos acreditam que depois de um passe ou de uma novena vão sair dali e arrumar um emprego. Tudo o que ele recebeu durante o passe já foi embora quando este ser humano se anelou espiritualidade com satisfação material. Isso acontece porque ele usou Deus e as coisas universais para benéfico próprio, individual. De que adianta ir a um centro quando se está perturbado, assistir uma palestra e tomar um passe? Mesmo que o ser humano saia de lá se sentindo bem, não luta para proteger o que ganhou lá dentro.

Digamos que neste dia esteja chovendo e alguém passa na rua e joga água neste ser. Ele vai buscar o perdão, o amor universal? Não, ele vai berrar e falar mal do agente do seu carma. Na verdade, tudo o que este ser humano recebeu no centro, ficou lá dentro...

É preciso estar atento a cada segundo, alterar a vida a cada segundo e não ficar esperando mágicas que mudem a vida.

Participante: mas como, se quem faz a mudança é Deus? Mudar o que?

Você tem que mudar o seu sentimento para poder merecer outra vida. Só que esse sentimento você não reconhece. Mas, pode reconhecer o pensamento. Portanto, tente mudar o seu pensamento.

Quando você vai ao centro está ligado nas coisas espirituais, por isso sai recarregado de sentimento positivo. Acontece que ao chegar à rua você dá vazão ao desejo, que é um sentir. Neste momento, todos aqueles bons sentimentos foram transformados em sentimentos individualistas. Por causa disso Deus terá que prover novos acontecimentos que sejam a colheita deste individualismo até você dizer: 'chega, eu não agüento mais, será que Deus não vai fazer o que eu quero'? Aí uma voz lhe diz internamente: quem disse que você precisa e merece o que quer?