Encarnação - Textos

Serviço ao próximo

Participante: universalismo, então, é o fazer sem esperar nada em troca?

Mais do que sem esperar nada em troca: sem querer outra coisa, sem ter outra verdade, sem ter outra realidade, sem ter mais nada e viver cada momento independente um do outro. Isso é universalismo.

Participante: é comum num casal os dois estarem com necessidades diferentes um do outro. Em um momento um pode estar querendo ir para um lugar e outro para outro.

Ele disse que é comum as pessoas terem necessidades diferentes e está certo. Mas, eu pergunto: o que é a sua necessidade? O que é a necessidade que um espírito vivencia durante a sua aventura encarnatória? É aquilo que a personalidade humana cria para ele como provação.

Então, aquilo não é necessário, mas apenas mais um acontecimento do qual o espírito precisa se desprender. Acreditando que aquilo é realmente necessário o espírito não realiza o trabalho que veio fazer, não chega a bom termo na sua grande aventura.

Portanto, é comum cada personalidade humana querer algo diferente do seu parceiro, mas isso só acontece para que o espírito possa ter a oportunidade de fazer a sua reforma íntima.

Participante: mas, se eu estiver aceitando o que o outro quer estarei me subordinando a o ego do outro?

Não estou dizendo para você se prender a outro ego; estou falando em servi-lo sem se escravizar ao que o ego do próximo quer. Aceitar o que ele me diz como realidade atual, mas sem se prender aquilo. Ou seja, se ele quer que eu vá, eu vou; amanhã ele não quer que eu vá, então, eu não vou.

Se o espírito se prende ao que o ego do outro quer em um determinado momento como algo certo criará uma lei: ele quer que eu vá, então, tenho sempre que ir com ele. Não é isso que estou falando.

Amanhã pode ser que ele não queira que você vá. Se aceitou o tem que ir sempre como uma regra, ou seja, se prendeu ao servir como ter que ir com ele sempre, cobrará porque não está lhe chamando desta vez.

Servir ao próximo é vivenciar o que ele quer a cada momento sem apego à condições. Ir com ele quando ele quer que você vá; não ir quando ele não quiser que vá. Isso sem fazer a menor diferença entre ir ou ficar.

A necessidade daquele que vivencia o universalismo é fazer o que o outro quer e não estabelecer parâmetros do que é servir. Se durante o serviço a ação carnal mostrar a sua personalidade humana indo ou não, isso não tem problema.

Universalismo não se traduz numa ação específica (fazer a ação que corresponde a vontade do outro), mas sim em algo interno: a disposição de servir o próximo. Posteriormente vamos falar sobre este assunto, mas por hora saiba que se o universalismo independe da personalidade humana participar ou não da ação do outro.

Saiba que se a personalidade humana participar da ação que o outro deseja com uma razão que mostre contrariedade ou obrigatoriedade (‘tenho que ir novamente, que saco’, ‘tenho que ir porque eu quero realizar a elevação espiritual’) a ação de ir não pode ser considerada universalista. O que denota uma ação universalista é aquela onde a razão humana não se considera contrariada ou obrigada a fazer o que o próximo quer, seja participando da ação que ele deseja praticar ou não.

Esse é o instrumento universalista da reforma intima. Ele está presente quando o espírito se liberta do eu – dos desejos e vontade individuais da personalidade humana – e se entrega perfeitamente à vontade e desejo do próximo pela simples vontade e desejo de servir ao próximo.

Quando para o espírito não importa as vontades criadas pela personalidade humana, mas sim o desejo de servir ao próximo, neste momento ele está utilizando-se do universalismo e está realizando a sua reforma íntima.