Comunhão com Deus-Textos-1-A razão

Ser humanizado

Ao falarmos de espíritos encarnados as pessoas acham que estamos falando de seres humanos, mas eu não gosto deste título, pois este elemento não existe no Universo. O que há são espíritos que se submetem a um sistema humano de vida e com isso se humanizam. Eles são espíritos, continuam a ser espíritos, mas estão momentaneamente vivendo a partir de um sistema de vida diferente daquele que vivem os seres libertos da materialidade.

Por causa do termo encarnado vocês pensam que esta etapa do espírito se consiste em vir a uma carne, mas isso é irreal. Na verdade o espírito que encarna vem à humanidade, ou seja, vive a partir de um sistema humano de vida, possui uma lógica humana que leva a uma determinada compreensão da realidade.

Mas, o que é um sistema humano de vida? Vamos ver isso...

Chamamos de sistema humano de vida aquele no qual as relações entre os seres são regidas por códigos de normas, leis e costumes que geram obrigações e necessidades para os que estão se relacionando. Dentro deste sistema, por exemplo, um ser humanizado acredita que determinada coisa deve ser feita de determinada forma. Isso gera uma obrigação para aquele com quem está se relacionando e a necessidade de que aquela atividade seja realizada da forma que é considerada correta.

Aparentemente para os seres humanizados não há nada de errado neste sistema, mas se olharmos esta atividade à luz dos ensinamentos dos mestres veremos que não é bem assim. Ao guiar-se por um código de normas para exigir que o outro cumpra determinadas tarefas da forma que aquele considera certa, o ser humanizado fere alguns princípios ditados pelos seres espirituais. Senão, vejamos...

Os seres humanizados acreditam que Deus concedeu o livre-arbítrio a todos os seres do Universo. Ora, se isso é real, porque um determinado ser torna-se obrigado a seguir um código de normas? Se ele tem a liberdade de escolher como quer fazer alguma coisa, porque não pode exercê-la? Retirar o direito de livre opção que Deus deu a cada um: este é o primeiro problema do sistema humano de vida.

Outro ponto importante para quem vive a partir de um sistema humano de vida:

“Não julguem os outros para não serem julgados por Deus”. (Mateus, 7, 1)

O que é o fato de se usar um código de normas para avaliar o que os outros fazem? Julgamento. Quem vive a partir do sistema humano de vida, ou seja, vivencia os acontecimentos da vida submetendo-se a normas e padrões que determinam o que é certo ou errado, bom ou mal, com certeza julga a todos e com isso deixa cumprir o ensinamento de Cristo e por isso não percorre o caminho para Deus.

Mais um aspecto ensinado pelos mestres que é ferido pelo sistema humano de vida: o amor ao próximo. Foi ensinado pelo Espírito da Verdade que a verdadeira caridade é praticada quando se faz pelo próximo aquilo que gostaria de se receber. Ora, se um ser humanizado quer saber o modo certo para se fazer alguma coisa, para poder ser caridoso com o próximo precisa conceder a ele este mesmo direito. Isto, para quem vivencia os acontecimentos a partir de códigos de normas que determinam o certo e o errado é impossível.

Não havendo caridade, não há amor. Quem se acha no direito de cobrar que as coisas ocorram do modo que ele quer sem dar ao próximo o direito de optar pela forma que desejar para realizar determinada atividade, quebra o segundo mais importante mandamento ensinado por Cristo: o amor ao próximo acima de todas as coisas.

Isso é humanizar-se. O espírito que se humaniza é aquele que passa a viver subordinado a códigos de normas e leis que usa para julgar o outro. Com isso não os ama.

Sendo isso verdade, posso, então, dizer que o trabalho de reforma íntima tem a ver com a mudança do sistema de vida e que a elevação espiritual é alcançada quando por amor ao próximo o ser humanizado deixa de julgá-lo.