Comunhão com Deus-Textos-1-A razão

O egoísmo e a caridade material

A partir desta definição, pergunto: quem supre a necessidade alimentar de outro porque acha certo fazer isso, porque acha que é um obrigação moral, porque acredita que esta seja um caminho para a elevação, está sendo egoísta? Claro que sim, pois está fazendo apenas aquilo que acredita ser certo.

Este é um exemplo que gosto muito de usar porque a razão mal educada e soberba à qual vocês estão ligados afirma que não, mas é quem dá motivado por ideais individuais é um egoísta. Isso porque a sua ação está defendendo o seu interesse, a sua verdade, a sua crença.

Quem dá alimento a quem precisa porque sabe que este é o certo de se fazer é um grande egoísta. Com isso, por mais meritória que a razão mal educada afirme que esta ação é louvável, na verdade trata-se de um ato fundamentado no egoísmo. É por isso que Cristo ensina que não deve se deixar a mão direita ver o que a esquerda está fazendo. Aquele que racionalmente sabe o porquê está executando uma ação não cumpre este caminho para a elevação espiritual.

Participante: além de egoísta, o serviço ao próximo realizado por convicções individuais também é tratado como uma vitória, não?

Sim. Aliás, qual o nome que se dá àquele que obtém lucros individuais com o trabalho do outro? Cafetão. Pois é, quem dá alimento aos necessitados porque sabe que isso precisa ser feito para atingir o que se quer está explorando o pobre para obter uma vitória individual, além de ter agido com fundamento egoísta.

Participante: o senhor, então, é contra a caridade ao próximo?

Esta mesma pergunta foi feita ao Espírito da Verdade. A resposta está nas perguntas 886 e 888 de O Livro dos Espíritos, mas principalmente na 888a.

 “Dar-se-á reproveis a esmola? Não; o que merece reprovação não é a esmola, mas a maneira porque habitualmente é dada”.

Se vocês saíssem à rua sem intenções e dessem esmola quando lhes fosse pedido, de nada haveria para reprovar. Mas, vocês não fazem isso: saem propositalmente para dar. Neste caso, aconteceu um ato egoísta e não uma ação caridosa realmente.

O resultado desta ação, para você, não é o atendimento do outro, mas ter conseguido fazer o que queria naquele momento. Por isso, o ato tornou-se uma vitória e não uma caridade. Além do mais, você sai para fazer a caridade não pensando nas carências dos outros, mas porque se submete a um sistema humano de vida que afirma que isso é moralmente correto. Viram a influência da razão humana destruindo aquilo que parecia ser uma ação louvável?

Portanto, não sou contra o dar aos necessitados. Acho que você pode dar esmola para quem quiser, mas se quer aproveitar a oportunidade da encarnação e comungar com Deus durante ela, o que não pode é explorar o outro para você ter o prazer de ter conseguido fazer o que queria. Jamais poderia ser contra a qualquer acontecimento do mundo carnal, pois como ainda vamos ver, Deus é Causa Primária de todas as coisas. Sendo assim, tudo o que acontece é Perfeito por conta de sua Origem.

Quando observamos isso encontramos mais uma exploração. Sendo Deus quem causa o auxílio ao necessitado, porque você vai gozar o prazer desta situação?