Encarnação - Textos

Resumo do que já foi visto

Vamos começar o estudo de hoje.

Estamos falando sobre encarnação, que definimos como a grande aventura do espírito.

No primeiro dia, dissemos que encarnar não é vir à carne, mas ligar-se a uma consciência transitória diferente da real do espírito. Dissemos, ainda, que essa consciência é um conjunto de valores e verdades que geram a realidade ilusória que o espírito vivencia como real. Afirmamos que enquanto ligado à consciência espiritual o ser universal vive uma realidade e depois que se liga à encarnação, ou à consciência material, ou ao ego, passa a viver outra realidade.

Depois conversamos sobre o ego. Dissemos que ele tem duas partes: a primeira é a técnica, aquela que cria a forma das coisas, ou seja, que dá forma da parede, da laranja, etc. Além da forma, a consciência transitória também cria na parte técnica o sabor, o cheiro e o som das coisas.

Sim, é o ego que cria o gosto da laranja. Na verdade a laranja é um acumulado de fluidos cósmicos universais que não possuem sabor ou odor. É o ego, ou a consciência padronizada para a vida na Terra, que faz o espírito vivenciar o fluido cósmico como uma laranja.

Sobre o ego dissemos mais: ele possui a parte técnica, mas também tem uma emocional. Ele cria as formas, mas também as sensações ou emoções que o ser vivencia durante a encarnação.

Definimos essas emoções geradas pela personalidade transitória como as sensações que o espírito sente quando ligado à carne ou ligado ao ego. Ou seja, afirmamos que é o ego que lhe diz que deve ficar triste, que você está com raiva, que está frustrado.

Este foi o resultado de nosso estudo sobre o ego: saber que ele é composto de duas partes. Uma que cria as formas das coisas e outra que diz com que emoção o espírito deve vivenciar aquilo que ele criou.

 Na verdade não dissemos que o espírito tem que vivenciar as formas criadas pelo ego vibrando dentro do padrão emocional que ele cria. Afirmamos que o ser universal que vive ligado a esse ego deve escolher o seu padrão vibratório. Esta escolha, segundo o que afirmamos, consiste-se em optar pelo padrão emocional que o ego está criando ou vibrar universalmente, ou seja, com amor universal.

Vou dar um exemplo do que dissemos. Se o ego diz que o espírito está triste, ele não precisa necessariamente ficar triste. Na verdade, o ser universal pode escolher entre sentir-se triste ou não.

Por isso afirmamos que mesmo que a personalidade humana à qual o espírito esteja ligado esteja triste, isso não quer dizer que o ser universal que está vivenciando aquela encarnação também o está. Ele pode estar feliz na tristeza.

Ainda sobre este tema afirmamos: esta opção sentimental é o que comumente é chamado de livre arbítrio. O espírito tem o livre arbítrio de vibrar dentro do padrão sentimental imposto pelo ego ou de optar pelo universalismo.

O resultado desta livre opção do espírito gera, então, a realidade que este ser vive. Se o espírito, por exemplo, escolhe viver a tristeza que o ego está gerando, ele viverá uma realidade triste; se não aceita a emoção criada pela consciência temporária, ele pode vivenciar o mesmo momento em felicidade.

Ao falar isso, deixamos bem claro que o ego não cria a tristeza aleatoriamente. Pelo contrário, ele age de uma forma padronizada de acordo com as necessidades da encarnação de cada espírito. Ou seja, ao gerar uma infelicidade a personalidade transitória está criando uma provação para o ser universal, pois está criando um dos polos sobre os quais o espírito exercerá o seu livre arbítrio.

É por isso que algumas coisas para vocês, humanos, são tristes. Elas são deste jeito porque são situações criadas pelo ego para gerar ao espírito a oportunidade de cumprir uma das finalidades da encarnação: provar o que aprendeu fora da encarnação.

Estas coisas falamos no segundo dia de conversas. No terceiro, falamos sobre reforma íntima.

Naquele dia chegamos à conclusão que ela devia ser realizada dentro do ser (na sua escolha sentimental) e não através de atividades externas (ações). Depois definimos o que era essa reforma de dentro: não se subordinar às emoções que o ego cria

Para explicar bem esta reforma, dissemos que o ego, a partir de determinadas sensações, gera pensamentos que trazem a sensação do inconsciente para o consciente. Dissemos ainda que se o espírito se aprisiona a esta ideia não executa reforma alguma. Falamos que aquele que se reforma não se aprisiona a elas. Por isso concluímos, naquele momento, que o espírito não é obrigado a sofrer ou muito menos a ficar alegre: ele simplesmente recebe a ideia de estar sofrendo sem sofrer.

Desse último conhecimento deduzimos que o que precisa ser feito pelo espírito durante o período que está ligado à consciência transitória (encarnado) é alcançar a liberdade das sensações propostas pelo ego. Não falamos em mudança, ou seja, em ficar alegre quando há a ideia de estar triste, mas sim em libertar-se da ideia de estar triste ou alegre.

Para conseguir isso dissemos que o espírito deve simplesmente manter–se equânime, ou seja, na palavra de vocês, apático. Se o ego propõe prazer em algum acontecimento, o espírito deve ficar apático; se o ego propõe choro de dor, o espírito deve ficar apático.

Esse é o trabalho da reforma intima, esse é o objetivo do espírito empreender a grande aventura. Ele precisa aventurar-se na ligação com uma consciência diferente que cria uma realidade ilusória simplesmente para provar que é capaz de optar pelo universalismo ao invés de vivenciar tudo o que a personalidade diz que é real.

Para hoje prometemos começar a falar dos instrumentos para a reforma intima, ou seja, da espada que Cristo afirma ter trazido para que os espíritos matem o ego. Mas, antes de qualquer coisa, deixe-me esclarecer algo: o matar o ego não trata-se de assassiná-lo, mas extingui-lo por inanição. Isso acontece quando o espírito não se deixa levar pelo que ele propõe como real.

Não aceitar que as informações geradas pelo ego sejam realidades, elimina a influência da personalidade transitória sobre o espírito. Mas, para realizar este trabalho, é preciso conhecer os instrumentos necessários. É isso que vamos fazer agora.

Vamos, então, começar a conversa de hoje.