Reforma íntima - Textos - Volume 08

Renascimento 2

Jesus Cristo em sua caminhada terrestre conversava com Nicodemos, descrito na Bíblia Sagrada como líder dos judeus, do partido dos fariseus. O assunto era o Reino de Deus, conhecer e participar da glória celeste.

Nicodemos pede que o mestre lhe fale mais profundamente como um ser humanizado pode penetrar na glória excelsa. Em resposta Jesus Cristo lhe diz a máxima até hoje muito comentada: “Eu afirmo ao senhor que ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”. Este livro que trata da elevação espiritual (chegar ao Reino de Deus) não poderia deixar de compreender esta afirmação do mestre.

Os espíritas afirmam que aqui está embutido o ensinamento da reencarnação. No entanto, se analisarmos mais atentamente e com a visão histórica do fato, veremos que isto não corresponde à realidade. Não que Jesus Cristo não tenha ensinado sobre a reencarnação, mas isto nada tem a ver com este parágrafo.

Nicodemos era líder dos judeus. Isto naquela época representava uma posição religiosa elevada. A liderança política era exercida pelos clérigos de então e não por políticos profissionais. Afirmar que Nicodemos era um líder judeu é o mesmo que dizer que ele possuía alto grau na hierarquia religiosa que comandava a vida na Palestina.

Além disso, Nicodemos era do partido dos fariseus. Mais uma vez não pode se ater ao termo com a conotação de hoje. Os partidos de então não eram políticos, mas ramificações religiosas. Os fariseus e os saduceus, entre outras, eram correntes religiosas que dominavam a vida dos judeus.

Estas diferentes correntes ideológicas da religião hebréia de então se diferenciavam na interpretação dos textos sagrados. Os saduceus baseavam os seus ensinamentos principalmente nos cinco livros do Antigo Testamento. Negavam a ressurreição, o juízo final e a existência de anjos e espíritos. Os fariseus, por seu lado, seguiam rigorosamente a lei de Moisés, as tradições e os costumes dos antepassados. Acreditavam na reencarnação e na existência de seres celestiais.

Ora, se Nicodemos era um mestre na lei do partido dos fariseus, ele conhecia profundamente o ensinamento da reencarnação e na existência do ser entre as encarnações. Poderíamos comparar os fariseus ao atual movimento espírita codificado por Allan Kardec. Todos os ensinamentos desta falange já eram do conhecimento dos fariseus. Isto fica muito claro com a resposta de Nicodemos ao mestre: “como pode um homem velho nascer de novo?”.

Jesus Cristo sabia disto, pois conhecia profundamente as correntes religiosas de sua época. Por isto ele não ensina sobre reencarnação (nascer de novo), mas fala em renascimento. “Eu afirmo que ninguém pode entrar no reino de Deus se não nascer da água e do espírito. A pessoa nasce fisicamente de pais humanos, mas nasce espiritualmente do Espírito de Deus. Por isso não se admire de eu dizer que todos vocês precisam nascer de novo”.

O renascimento ensinado por Jesus Cristo é completamente diferente da reencarnação. Habitar novamente uma carne é um processo técnico espiritual, mas renascer dentro da própria vida (existência carnal) é um processo de reforma íntima. A reencarnação pura e simples não habilita o ser a alcançar a elevação espiritual, mas apenas a transformação em vida (renascimento) pode levá-lo à elevação espiritual.

Aquele que abandona o seu trabalho nesta existência, conformando-se em não realizar sua reforma postergando a solução para outras vidas, não imagina que terá que recomeçar tudo novamente. Toda a preparação para a reforma (humanização do ser espiritual que ocorre no período infância e juventude) terá que ser refeito na nova existência.

Muitas vezes conhecer e acreditar na reencarnação é uma prova para ver se o espírito se acomoda (deixa para depois) ou reage nesta própria encarnação. O ser pode encarnar milhares de vezes que de nada adiantará. O que resolverá o seu problema é promover na íntegra a sua reforma íntima em uma determinada encarnação e esta pode ser a primeira ou a milionésima: o espírito escolhe.

Portanto, creia você ou não na reencarnação, saiba que esta é a vida que tem para reformar-se, para mudar de vida. Esta é oportunidade sagrada que Deus lhe deu para chegar até Ele. Não dispense deixando para amanhã o que pode fazer hoje.

É isto que o ESPIRITUALISMO ECUMÊNICO UNIVERSAL vem lembrando aos seres encarnados. É preciso renascer na própria vida, ou seja, mudar de vida e não a vida. Mas para isto é preciso trabalho. É preciso mudar o sentido da existência. Deixar de gozar o bem material para buscar o bem espiritual; abandonar a religiosidade com suas obrigações e alcançar a consciência amorosa que é ecumênica; abrir mão do individualismo para viver com universalismo.

A partir desta tomada de consciência é preciso mudar de vida. É preciso alterar todos os componentes da vida carnal, não na sua forma, mas na sua essência. Este é o verdadeiro processo de reforma íntima.

Os padrões que são aplicados às coisas deste mundo (consciência planetária das coisas) estão presos às antigas buscas do ser humano. O casamento, paternidade, emprego, alegria, amizade, enfim, todos os acontecimentos são vivenciados com os valores antigos. É preciso refazer a essência de cada um.

Em um casamento, por exemplo, dois seres se juntam e cada um o vivencia com seus valores. Marido e mulher querem o bem material (felicidade conceitual) para si (individualismo) e, por isso, submetem o outro a códigos de leis que devem seguir. No entanto, como não existem dois seres com os mesmos objetivos, o choque é inevitável.

Isto vale para todos os relacionamentos entre os seres humanos. Sempre existe a intenção individual de preservar a sua felicidade condicional e, por isso, cada relacionamento é transformado em uma disputa para ver quem consegue alterar a verdade do próximo.

Renascer é aprender a viver diferente. É aprender a relacionar-se com o mundo de outra forma. É alterar as bases da vida e, por conseguinte, alterar o resultado: a forma de viver. Renascer não é viver uma vida diferente, mas viver a mesma vida de forma diferenciada.

O marido e mulher não precisam se separar, mas precisam aprender a conviver com espiritualismo, ecumenismo e universalismo. Uma relação, que não importa o que aconteça ambos estarão felizes, na qual não existam regras a serem seguidas e a busca seja de servir ao próximo e não se servir deste, será completamente diferente dos casamentos de hoje em dia.

Portanto, promover a reforma íntima é renascer e, para isto, será preciso que o ser altere completamente a sua compreensão sobre as coisas (pessoas, acontecimentos e objetos) do planeta. O casamento não pode mais ser entendido por aquele que busca promover a sua reforma íntima da mesma forma que era antes da consciência crítica tê-lo alcançado.

Para tanto, existe um ponto de partida. Aquele que quer promover a sua reforma íntima precisa declarar-se incapaz de viver a vida. Aquele que compreende que existem valores diferenciados precisa aprender a viver novamente, agora em outras verdades.

O renascimento só acontece quando o ser humano se declara como um bebê e busca reaprender a viver. Enquanto não houver esta consciência da incapacidade de se viver para Deus, o homem continuará um religioso, ajudando o próximo, mas recebendo em troca apenas o prazer, que é fugaz e efêmero. Somente quando vivenciar as situações dentro das bases da consciência crística (consciência espiritual) servirá ao próximo sem nada pedir para si.

É por isso que o ESPIRITUALISMO ECUMÊNICO UNIVERSAL está revendo todos os acontecimentos do planeta. De nada adianta apenas ensinar as bases sem se estudar cada aspecto da vida. É preciso mostrar como vive um ser humano com suas bases de vida e como seria a existência dentro do caminho reto e estreito que os mestres nos ensinaram.

Este é o objetivo fundamental desta obra: rever cada acontecimento da vida carnal sob o prisma espiritualista, ecumênico e universalista.

Para que isto seja verdade é preciso que o homem primeiro conheça Deus, o Supremo comandante de todas as coisas, o Universo em que vive (seu meio habitat) e a si mesmo. Estes serão os próximos itens de nosso estudo.