Senhor, Senhor

Prova e expiação

Participante: a minha filha fica todo tempo “sei lá, sei lá, sei lá”. No vestibular, não vai marcar nada

Ela está mais elevada que você.

Não é à toa que no Evangelho de Tomé, Cristo diz que o homem carregado nos anos vai perguntar para uma criança como é o mundo espiritual e ela vai dizer.

Apesar desse ensinamento do mestre, vocês querem ensinar a seus filhos a viver. Ou seja, sabem que são um espírito, que nasceram para fazer a sua elevação espiritual, mas não se preocupam porque estão humanizando outro ser.

Participante: como eu passo por essa prova?

Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Amar a Deus sobre todas as coisas é viver tudo o que acontece, todas as pessoas e todos os objetos com quem se relacionada mantendo a sua felicidade, estando em paz e em harmonia com você e com o mundo.

E, como é amar o próximo como a sai mesmo? Cristo ensinou isso: dar ao outro o que quer para si mesmo. Você quer estar certo? Deixe o outro estar também.

Só que como amam a si acima de tudo, não conseguem se harmonizar com o mundo e querem sempre provar que estão certos, que são os melhores ...

Participante: me incomodei com alguma coisa. Então, não amei porque estou incomodado.

Não é você que está incomodado, mas foi a mente quem lhe deu esse incomodo. A partir daí, você pode aceitar o incômodo ou não.

Quantas vezes alguém já fez coisas para você que faria algumas pessoas sentirem-se magoadas, mas você não se sentiu? Neste momento a sua mente lhe disse que deveria se sentir mal, mas você respondeu: “ah, coitado, deixa ele”.

Participante: nesse momento eu amei?

Sim, nesse momento amou, já que não viveu o sofrimento que o tentador lhe mandou viver.

Participante: esse é o caminho?

Sim, a essência de tudo é o amor. Dar ao outro o que quer para você.

É isso que sempre falo: é preciso respeitar o direito do outro. Amar o próximo como a si mesmo é respeitar o direito do outro ser, estar e fazer o que quiser, mesmo que o que faça possa provocar sofrimento em você.

Participante: me incomodando, não houve crescimento?

Se viver o incômodo que a sua mente criar, não houve crescimento. Você se uniu ao tentador.

Participante: se trabalhar para esquecer o incômodo?

Você não consegue esquecer, sua mente lhe lembra. Pode ficar tranquilo com relação a isso. Ela existe para isso, tem que gerar a sua prova. Por isso, não queira muda-la.

Deixe-me dizer uma coisa: o resultado da reforma íntima não é uma nova vida, mas sim uma nova forma de viver a vida que você tem. Libertar-se da mente não muda nada na sua vida. Apenas modifica a forma de viver a vida que você sempre teria.

Participante: não tem meio de retirar a potência da mente?

Não. Você só pode fazer isso morrendo.

Mesmo morrendo, ainda assim só conseguirá retirar a potência da mente se houver feito isso ainda em vida. Digo isso porque a morte não tem nada mágico, ela não muda o que é acreditado.

Você não vai pensar de um jeito diferente porque morreu. Todas as suas crenças que estão na sua mente hoje irão com você para o mundo espiritual. Portanto, crendo em vida o outro está errado, vai morrer e continuará acreditando que isso é real. Portanto, é preciso libertar-se das verdades que ela cria durante a vida carnal. Aliás, nem poderia ser diferente, porque a vida de agora é o seu campo de provas, não?

Se morrer do jeito que está hoje, vai continuar achando o outro errado e por isso não alcançará a elevação e nem poderá continuar no mundo espiritual. Por isso precisará reencarnar.

Só que ninguém pode viver uma vida nova com um ego velho. Sendo assim, terá que criar um novo. Para isso, de qualquer maneira, terá que se eliminar o velho. Portanto, fará isso no mundo espiritual. Só que neste caso, essa libertação não lhe trará nenhum benefício no tocante a aproximação de Deus. Trata-se simplesmente um apagar um ego para colocar outra consciência.

Participante: pegando aqui o exemplo. Ao invés de ter sofrido a prova, causei uma para o outro.

Quando você causa uma prova para o outro, está passando por uma prova.

Participante: vamos dizer que eu tenha dito “louvado seja Deus”, sentido e seguido em frente. Mas, o outro ficou com a dor e me achando errada por ter batido e ele ter apanhado.

Problema é do outro.

Participante: ele desencarnou, mas continua com o sentimento de que eu estava errada. Há uma continuidade de carmas de ligações e de encontros em outras vidas para resolver essa questão mesmo eu não tendo sentido?

Se não gerou aquele carma para você, não tem mais nada a vivenciar. É o que já disse outras vezes: os seres não têm nada a acertar entre si. Não há ninguém ferindo ou sendo ferido. O outro não foi ferido: ele apenas viveu uma ideia de ter sido ferido que foi criada pela mente. Você bateu, mas também não se feriu, pois não se culpou.

Sendo assim, você não fez nada e por isso nada tem que pagar, mas o outro fez: acreditou que que a ideia de ter sido ferido é real. Por isso precisa novamente passar por esta provação. Só que ele ao crer no que foi criado pela mente não feriu a você especificamente, mas ao universo como um todo. É com este todo que ele precisa viver esse carma, não necessariamente com você.

Em O Livro dos Espíritos essa questão é bem claramente explicada. Quando fala em obsessão o Espírito da Verdade ensina: Deus manda o obsessor para aquele que precisa e merece da obsessão como prova.

Se é o Pai que escolhe quem vai obsedar quem, será que um espírito pode fazer isso com quem quiser? Acho que não ...

Lembre-se: nada lhe acontece se você não merece ou precisa daquilo. Se não merecer, esquece, porque nunca passará por aquela situação.