Encarnação - Textos

Personalidade

Continuemos nosso estudo.

Existem, como vimos, a parte técnica do ego que se subdivide em três. Além desta parte técnica, existe a emocional ou de sensações. Vamos falar um pouco dela.

 Chamaremos esta propriedade do ego de personalidade.

Personalidade, então, para nós, é a parte do ego que cria as sensações ou emoções que em conjunto com a criação da parte técnica (percepção) vai formar uma realidade.

Para começar a falar dela digo: a personalidade é criada pelo espírito antes da encarnação. Ela é um dos instrumentos da provação do ser universal, ou seja, participa da construção de realidades das quais ele precisa se libertar.

Vou dar um exemplo: uma personalidade humana vivenciada por um espírito tem como característica a ansiedade. Ou seja, um ser universal recebe do ego a sensação de ansiedade diante de determinadas percepções.

Isso quer dizer que o espírito que está vivendo sua aventura encarnatória através daquela personalidade humana está realizando uma provação para provar a si mesmo que é capaz de se libertar dessa sensação. Recebe a tentação de usar a ansiedade para ver se consegue superá-la.

Como já dissemos, o ego é o tentador. Sempre que sugere uma realidade como prova tem como objetivo gerar uma oportunidade para o ser universal provar que já se libertou de algo. Por isso ele cria os mayas, as ilusões. Ser ansioso, ou seja, viver uma personalidade que denote ansiedade, é, portanto, uma oportunidade de realizar esta provação.

Mas, esta verdade não vale apenas para as sensações consideradas negativas pelos valores humanos. Ela é universal, ou seja, abrange tudo que a personalidade humana cria. Se uma personalidade humana é, por exemplo, amorosa, isso não é bom ou certo: trata-se de algo que o espírito precisa provar que já superou.

Sei que vocês estão estranhando o que acabei de dizer. Afinal, imaginam que o resultado de uma elevação espiritual deveria ser tornar-se amoroso, não? Mas, acontece que o amoroso humano nada tem a ver com a amorosidade universal. Isso porque vocês, personalidades humanas, não sabem o que é o amor na sua concepção universal.

Por isso, vamos trocar o exemplo. Digamos que a personalidade humana que está servindo de aventura para um espírito seja dedicada aos outros de acordo com os padrões de bondade do mundo material. Isso não é certo nem bom: isso é uma personalidade emanada pelo ego da qual o espírito precisa se libertar.

Reparem que eu disse libertar-se. Na verdade não é deixar de ser, mas se libertar disso. O que o espírito precisa fazer é não acreditar que é obrigado a ser da forma padronizada pelo ego como boa para se elevar.

Isso é desse jeito porque os conceitos de bom e certo são criações do ego, ou seja, são instrumentos da provação do espírito. Não existem padrões de bom e certo: quem está dizendo que o espírito tem que prestar socorro a alguém é o ego. Ele não faz isso porque é certo, mas sim para que o espírito lute para se libertar da obrigatoriedade de ter que agir dentro desses padrões.

Ele também não propõe esta ou aquela sensação para que o espírito a modifique. Como já disse, a vitória sobre o ego não se consiste em alterá-lo, ou seja, deixar de ser ansioso para ser calmo, mas quando o ser não for nem ansioso nem calmo: ser simplesmente ele, o espírito.

Para isso o espírito precisa não participar das sensações que a personalidade humana cria vivendo apenas o amor a Deus acima de todas as coisas e o amor universal ao próximo.