Encarnação - Textos

Perguntas sobre a reforma íntima

Participante: como se preparar para as mudanças?

É isso que nós vamos falar hoje.

Participante: devemos procurar ouvir o que as pessoas dizem da gente?

Não, não precisa de tudo isso... Se você for se levar pelas pessoas vai acabar se tornando no que os outros querem e não no que Deus quer.

Nós vamos entender isso já, já.

Participante: mudar para Deus... A mudança é mudar para Deus?

Sim, é mudar para Deus. Mas, veja: isso para os seres humanizados ainda é muito inconsistente.

Como mudar para Deus se nós não sabemos nem quem é Deus ou o que Ele é ou como Ele é? Temos noções sobre o assunto. Cada um tem uma noção individual sobre Deus, mas não O conhece na verdade... E, realmente, jamais O conheceremos através do mundo das ideias.

Tudo o que um espírito vivencia durante a encarnação, ou seja, quando não ligado à sua consciência primária, são as ideias que o ego cria sobre Deus, e sobre qualquer outra coisa, e não a realidade do Senhor. Se a personalidade humana mudar esta ideia, a mudança do espírito ainda continuará presa a uma noção individual de Deus. Com isso ele não se muda, pois em essência continua acreditando no que o ego diz ser Deus.

A reforma íntima consiste-se do espírito libertar-se do ego e mudar-se para Deus, mas sem esperar que a personalidade humana identifique o que é Deus para depois se mudar.

Respondendo-lhe, então, afirmo que reforma intima consiste-se na mudança para Deus. Só que isso não deve levar ao apego ao que o ego diz que é Deus. É preciso que o espírito se conscientize que o Senhor é, no momento, algo inatingível, intocável e inexplicável, ou seja, um nada. A partir daí deve libertar-se de qualquer ideia que defina Deus...

Portanto, de nada adianta se apegar à ideia do ego que afirma que tais comportamentos denotam uma vivência com Deus. Como a personalidade transitória pode afirmar isso se nem sabe quem é o Pai e o que Ele quer para seus filhos?

É justamente por acreditar nas ideias sobre Deus que o ego cria que o espírito apega-se à condenação de um assassino. É a partir destas ideias que o espírito acredita que Deus não queria que o outro fosse assassinado. Será que Ele não queria mesmo?

Este é o problema da reforma íntima: o espírito quer se mudar para Deus, mas um Deus que seja compreendido através das ideias humanas. Só que quando faz isso, não se muda para nada, porque continua apegado às ideias, mesmo que elas sejam diferentes de outras que a personalidade humana teve antes.

Compreenda: quem cria a realidade de um assassinato, por exemplo, de ter acontecido uma maldade, é o ego. No Universo de Deus não existe maldade, não existe dor.

Participante: depois que nos despirmos do ego serremos o quê? Mestres?

Não, espíritos.

Participante: só que espíritos mestres, como são chamados aqueles que são evoluídos, não?

Não.

Quando conseguirem se libertar do ego serão apenas espíritos que terão voltado à sua consciência espiritual. Enquanto se acreditar como ser humano, não importa se na sua consciência espiritual é um mestre ou qualquer coisa que denote evolução, você será humano. Enquanto se considerar como ser humano que vive uma vida humana, você é escravo do ego.

Na hora que se entender como um espírito vivendo uma aventura espiritual na encarnação, aí se libertou das criações da mente e poderá deixar de ser humano. Mas, isso não quer dizer que a sua vida material mudará: continuará vivendo a mesma vida que vive o seu vizinho, que pode ser até um bandido.

Portanto, enquanto você, o espírito, estiver preso ao ego será ser humano. Quando se libertar deste, ou seja, não mais creditar como real as realidades que ele cria, então será um espírito na carne.

Participante: então, nessa vida não tem como nos despirmos totalmente do ego?

Não, porque sem o ego você não pode viver.

É impossível ao espírito se despir do ego: o que pode ser feito é se libertar da ação sentimental que a personalidade humana lhe propõe, ou seja, da dualidade do prazer e da dor, do bem e do mal, do certo e do errado.

Isso é o que o espírito pode fazer; despir-se antes do fim da aventura encarnatória jamais.