Fatalidade

Os papéis da vida

Participante: o senhor diria que no caso do assassinato, o assassino, o fato dele se tornar um assassino, já pode ser um carma criado por ele mesmo em outras encarnações?

Carma em que sentido?

Participante: o carma de se tornar assassino.

Em que sentido você está usando a palavra carma: castigo ou reação?

Participante: reação.

A reação carmática pode estar ligada a vidas anteriores ou a coisas dessa vida.

Participante: mas, se tudo já é traçado. ...

Se não fosse o carma dessa vida, aquele ser ia, mas não ser um assassino. São coisas diferentes .... A morte prevista vai ter que acontecer, mas o ser que será instrumento dela ele pode passar por esse ato pré-traçado sem receber, vamos dizer assim, a pecha de assassino.

Portanto, ser um assassino é um carma, mas é um que pode ser decorrente de uma expiação, uma vicissitude ou de uma missão.

Participante: como saber se é carma ou missão?

Paulo ensina; Deus não deixa o homem conhece-lo pela sua lógica. Ou seja, dentro do raciocínio humano jamais você saberá. Por isso, é preferível não acusar ninguém.

Aliás, esse é o objetivo desse estudo. O que você está ouvindo agora deve leva-lo a dizer: ‘eu não sei se aquele assassinato foi decorrente de uma missão ou de uma vicissitude. Por isso prefiro me silenciar’.

Deixe-me dizer uma coisa: vocês precisam reaprender a viver. Viver no sentido de relacionar-se com os demais seres. Hoje se relacionam através dos vínculos materiais, através dos papeis materiais. Só que vocês não conhecem o verdadeiro relacionamento que existe entre os seres encarnados. O que rege esse relacionamento são os planos feitos antes da encarnação e não o que acontece depois.

A literatura espírita está aí para mostrar o que estou falando. Leiam os romances e vejam como os relacionamentos de uma vida têm fundamentos espirituais, fundamentos ligados a atual posição do espírito antes da encarnação.

A mocinha é sequestrada por um homem mal para poder se unir com esse homem, porque esse relacionamento era necessário para a provação dos dois. Sendo assim, o sequestro não foi crime. A pessoa sai da sua cidade dizendo que vai procurar emprego em outra e encontra alguém. Se casa e volta para a sua terra. Por isso não posso dizer que ela foi procurar emprego e nem que achou aquela pessoa por acaso.

Tem um livro específico onde essa questão fica muito fácil de compreendermos. O livro chama–se ‘Pelo amor ou pela dor’. Vou contar mais ou menos a história para vocês entenderem que o relacionamento humano está, vamos dizer assim, viciado. Os papéis da vida desse livro levam em consideração apenas a realidade espiritual dos seres envolvidos.

Um espirito precisava passar por uma prova onde seja ofendido ao extremo. Daí o título: aprender pelo amor ou pela dor. Esse ser, então, escreve uma história de vida onde será assassinado. A partir daí, sai em busca de outro espírito que precise passar pelo papel de assassino. O acha e combina tudo.

Para a prova ficar dentro do nível que ele precisa, os atos durante o assassinato têm que ser muito forte. Por isso, na cena esse espírito tem uma esposa e um filho que são assassinados antes de uma forma brutal. Para isso ele encontra dois seres, dois irmãos espirituais, que mesmo não precisando carmaticamente, se oferecem para viver o papel da mulher e do filho. A mulher tem como história ser estuprada antes de ser assassinada e o outro espírito viver apenas poucos anos, pois é morta quando ainda criança.

Escrito o livro da vida de cada um, os seres vão para o seu canto e a programação é entregue a mão de Deus. O Pai, então, programa toda a interdependência daquelas vidas com as demais do planeta. Cada ser nasce na hora que tem que nascer, o marido encontra a mulher na hora que deve, se apaixona, casa, faz sexo, tem uma filha e um dia por acaso, esse bandido, que também cumpriu a interdependência nos seus relacionamentos da vida, vê a mulher saindo do mercado. Ele a estupra e mata. Depois vai para a casa do homem e acaba matando o filha na frente dele.

Se você está acompanhando a história, vai ver que nessas situações tanto os espíritos que vivem a mulher, o filho, o marido e o bandido, nada têm nada a ver com a versão humana do acontecimento. Ela não é esposa dele: é um espírito bom que aceitou viver aquela encarnação para ajudar o irmão. O assassino não é um criminoso: é um espirito que precisava passar por aquilo para poder evoluir. O filho não era uma criança, mas um ser espirito elevado, de luz, que se ofereceu para viver aquela curta vida só para que um irmão que precisava tivesse a sua prova.

Quando falo em assassinato muita gente me critica: ‘não, não pode perdoar. Matou tem que ir para a cadeia. É bandido, assassino, não presta’. Pensam assim porque estão presos aos papeis humanos, estão presos às relações matérias. Mas, essas relações não existem. São fantasias, ilusões que servem apenas para criar as provas para um espírito.

Por isso, vou falar uma palavra agora e, por favor, não me levem a mal: viver não é construir nada; é destruir tudo. Só que para que isso aconteça, é preciso que você tire os antolhos, aquele aparato usado para que os cavalos não enxerguem nada além do que está na frente dele.

Tire os antolhos: não existe ser humano, não existe mundo material; o que existe é um espirito e um mundo espiritual. Acabe com as relações humanas: marido, mulher, amigo, inimigo, filho. Acabe com essas coisas, porque senão vai ficar preso na ilusão e não vai conseguir evoluir espiritualmente.

Participante: o assassino que mata por legítima defesa é que tipo de carma?

Não sei...

Como já disse, não temos condições de saber que carma se refere a cada acontecimento. Não existe um padrão. No caso de haver uma legítima defesa, pode ser isso ou aquilo outro. Na verdade, em acontecimentos iguais há casos diferentes.

Participante: porque os suicidas sofrem nos vales dos suicidas?

Porque são individualistas, têm medo, têm depressão, porque não acreditam na vida. Pode ser muitos motivos, mas não necessariamente porque se suicidam.

Conselho de um velho: leiam romances espíritas. Leiam não no sentido de estar vendo uma literatura, um romance, mas sim para compreenderem o relacionamento humano. Para compreender que o relacionamento humano não é feito durante a vida, mas que foi criado ao longo da eternidade na erraticidade, antes da encarnação, pelos espíritos, para que cada uma viva o seu carma, a justa reação àquilo que fez anteriormente. Fazem isso, seja por expiação ou missão.