Resolvendo problemas - 4. Mergulhe na vida

O medo de perder

Participante: o engraçado quando mergulhamos na vida e compreendemos a origem do problema, descobrimos que ele sempre tem a ver com a questão do medo.

Sim, sempre tem a ver com o medo de perder, do desprazer, da infâmia da crítica e com a vontade de ter o oposto destas coisas. O carnegão do sofrimento humano sempre tem a ver com estas coisas, pois a razão humana é movida por estas âncoras.

Todo raciocínio é feito a partir da vontade de ter algo e do medo de não ter o que se quer. Não importa qual seja o assunto, o que move o mundo mental ao criar os pensamentos é sempre estas questões.

O medo de não ter é que lhe impulsiona a desejar ter. Por exemplo, a pessoa que me falou em ajudar o próximo não está buscando ter uma atividade espiritual por ela mesmo, mas sim pelo medo de não ter alguma coisa. Qual é este medo? Ela se demonstra quando ele diz que nasceu para fazer algo e não está fazendo. Ou seja, ele está com medo de perder aquilo que acha que nasceu para fazer. Só que ninguém pode deixar de fazer o que nasceu para realizar.

É isso que precisam entender: vocês são movido pelo medo de não ser, estar ou fazer alguma coisa. É daqui que surge a vontade de ter alguma coisa e quando este desejo não é atendido, surge, então, o sofrimento. Por isso digo que a cura do sofrimento só se dará quando o ser humanizado mergulhar dentro de si e descobrir este medo.

Isso se faz buscando a seguinte introspecção: ‘este pensamento está querendo o que’? Ao descobrir o que pensamento está querendo ganhar, automaticamente se descobre o que tem medo de perder. Quando isso acontece, é possível, então, atacar este medo e com isso o sofrimento acaba.

Não importa o que a mente esteja dizendo: ela sempre está querendo ganhar algo por medo de perder alguma coisa. O seu trabalho é sempre formado por estas questões, pois é egoísta por natureza.

Portanto, este mergulho é o caminho para acabar com problemas. Se ela lhe diz que gosta de uma pessoa, mergulhe em si mesmo e descubra o que ela ganhar com este gostar e o que ela está com medo de perder. Sem realizar este mergulho, se deixará levar pela superfície da razão, ou seja, pela história que a razão cria. Com isso o sofrimento é inevitável.

Não importa que história a mente conte, ela não é verdadeira: trata-se apenas de uma parábola. É só uma história criada para defender um interesse próprio e pelo medo de perde-lo.

A mente não quer que o marido faça os serviços de casa. O que ela quer é que o outro faça o que ela diz que deve ser feito. Com isso está objetivando manter o controle daquela pessoa. Só que ela quer manter este controle para não perder, para que o próximo não aja diferente do que quer que seja feito.

Sem este mergulho no que a mente diz, jamais conseguirão ter paz. Apenas viverão histórias que lhes levará ao sofrimento.

Uma pessoa nesta nossa conversa me disse que quer viver para o nós, pensar coletivamente. Como se faz isso? Deixando de viver para si mesmo. Quem vive apenas para ele mesmo não vive para o todo. O que é deixar de viver para o eu? É deixar de ter medo de perder alguma coisa, pois só isso termina o desejo individual de ter algo que leva o ser humanizado, que é egoísta por natureza, a não pensar priorizar a sua vontade.