Resolvendo problemas - 4. Mergulhe na vida

Descobrindo o íntimo da razão

O que fiz nestas conversas? O que fiz com a pessoa que me falou do seu maior problema, com quem me falou dos problemas de seus relacionamentos, sobre a questão da carreira profissional, da realização espiritual, quem tinha ansiedade por conseguir um emprego e todos os outros? O que fiz para responder as perguntas que me foram feitas?

Eu fiz vocês mergulharem em si mesmos. Para que? Porque é importante este mergulho em si mesmo? Para fugirem da superfície das afirmações mentais.

Ninguém quer morrer. Todos gostam desta vida. Só que a vivem de uma forma superficial. Não levam a sério a própria vida. Vivem na superfície dela, nas ilusões, nas mentiras que a mente conta. Vivem no que acham que está acontecendo. Não mergulham em si mesmo para descobrir o que verdadeiramente estão vivendo.

Quem me falou da ansiedade de ter um emprego acreditava que estava vivendo isso. Quem me disse que queria ajudar o próximo também. Só que como conversamos, ficou bem claro que havia alguma intenção diferente escondida. Uma pessoa vivia o medo de ficar dependente dos outros e a outra queria, realmente, é mudar as demais pessoas para aquilo que ela achava certo.

Uma coisa é bem diferente da outra. Por isso, o combate em busca de solucionar o problema que se vive é diferente. Combater o desemprego não resolve em nada a vida de quem está sem, conseguir voltar a incorporar também não. Porque?

Participante: não entendi sua colocação.

A pessoa que me disse que o seu problema era o desemprego, se não fizer o mergulho na vida, imaginará que para combater o sofrimento gerado por essa situação deveria conseguir um emprego. Só que essa forma de solucionar a questão não resolve. Porque? Porque a real motivação, o medo de se tornar dependente, continuará.

Digamos que essa pessoa consiga se empregar. Será que a ansiedade acabará? Acho que não. A mente dessa pessoa irá dizer que ela ganha pouco e que por isso não está tendo condições de ajudar o suficiente para poder assumir o posto de controle das coisas. Com isso, haverá a ansiedade de conseguir outro emprego onde ganhe mais e possa, então, dizer a todos o que é certo ou errado de se fazer.

Não importa quanto essa pessoa receba de salário: todos ganham pouco. Todos precisam de mais. Pode ser o mais rico ou o mais pobre: todos acham que precisam ganhar mais. Por isso, esta pessoa sempre terá uma agonia de encontrar um emprego onde possa, enfim, ter as condições necessárias para se sentir independente.

Por isso afirmo que o problema desta pessoa não está no desemprego, mas sim na busca pela independência. Da mesma forma, todas as demais questões que conversamos também não se tornam problemas pelos motivos aparentes, mas por alguma coisa que está oculta atrás das ideias transmitidas pelos pensamentos.

É o medo de se tornar dependente que faz a pessoa que não tem emprego sofrer e não o desemprego. É a vontade de dominar os outros para que não mandem em si que a pessoa que tem problemas de relacionamentos sofre. É a vontade de mudar os outros para o que acha certo que faz a pessoa que diz que sofre porque não ajuda o próximo.

É isso que precisam entender. O não mergulhar na vida, o não compreender o real problema que têm não lhes deixa ser feliz. Sem esse mergulho para conhecer o foco do problema, por mais que ajam sobre o que venha dele, ainda continuarão sofrendo. O que fazem hoje, o tratar a dor sem o mergulho na vida, é como alguém que tem um abscesso no braço purgando pus e só trata passando um remédio externo. Na hora, o pus seca, mas como o que o causou continua existindo, mais tarde tudo volta.