Encarnação - Textos

O espiritualismo e o mundo espiritual

Existe mais um detalhe a respeito do espiritualismo que precisamos falar: ele nada tem a ver com os conceitos de divindade, santidade ou religiosidade da razão humana.

Muitos imaginam que para ser espiritualista é preciso atender os preceitos religiosos sobre o relacionamento com o Senhor ou com Seus mensageiros (mestres, santos, mentores, etc.). Isso é irreal. Aliás, reparem que defini espiritualismo sem falar de Deus.

Na verdade o espiritualista vive para Deus, mas se o ego não possui conhecimentos reais à respeito do Pai, como viver para Ele? Mais: na verdade ser espiritualista não é nem viver para o espírito ou para o mundo espiritual, pois o ego não sabe como fazer isso, pois nada conhece da realidade real do Universo.

Sendo assim, para o espírito encarnado viver para o mundo espiritual ele não pode aceitar nenhum conceito da personalidade humana que diga que tal ou tal coisa é viver para o espírito. O que ele pode fazer é aprender a não viver materialmente, viver acreditando que os conceitos humanos gerados pelo ego são reais.

Se o espírito encarnado tem a sua consciência, a sua própria realidade, encoberta e só pode perceber o que o ego cria, ele sabe o que é material: é tudo aquilo que lhe vêm à consciência enquanto está na sua aventura encarnatória. Tudo que o ego diz que o eu acha, sabe, gosta é material, mesmo que fale de coisas espirituais.

Então, o espiritualismo, que é o primeiro objetivo a ser alcançado pelo ser universal durante o seu processo de reforma intima, é isso: agir negando a condição de real que o ego dá aos acontecimentos que ele mesmo cria. Não se trata de uma mudança através da construção de novas realidades que sigam novos padrões humanos pré-determinados, pois ele não sabe o que teria que construir para poder alcançar a realidade real, pois está com sua consciência espiritual apagada por aquilo que vocês chamam de véu do esquecimento.

Reforma íntima é a destruição sistemática da qualidade de real a tudo que o ego cria.

Aliás, Cristo ensinou; em verdade, em verdade vos digo; quem não nascer de novo não verá o reino dos céus. Por causa deste ensinamento todos querem nascer de novo, mas ninguém quer morrer antes. Como nascer de moço se não morrer?

O espírito que está vivendo a sua grande aventura precisa preocupar-se em renascer da água e do espírito. Para isso deve ocupar-se com a sua morte. Deve ocupar-se em matar a forma humana que imagina ser durante a encarnação.

Para quem morre, o renascimento é certo, não? Então, morra e deixe o renascimento por conta da lei natural do Universo.

Aí está uma grande mudança de foco da reforma intima como hoje ela é tratada no planeta: a grande aventura do espírito não é um renascimento, mas uma morte. O espírito encarna (nasce) para morrer e só assim poder renascer da água e do espírito.

Um detalhe: essa morte que eu estou falando não é física. A morte a qual me refiro é da qualidade de real que se dá àquilo que o ego cria.