Diário de bordo

Karma yoga

Nesta época de festas, nada melhor do que relembrar um ensinamento de Krishna. Para tanto, vou transcrever dois itens do capítulo V do Bhagavad Gita.

A renúncia dos frutos e a ação inegoísta, ambas conduzem à libertação; porém, entre as duas, a karma-yoga ou a ação impessoal e inegoísta é superior à simples renúncia de agir.

Os karma-yogues, abandonando todo apego e com seu ser completamente puro, executam atos com o corpo, com a mente, com o entendimento e até mesmo com os sentidos.

No final do ano, nas festas natalinas e do ano novo, é muito difícil negar-se a participar da euforia a que toma conta da humanidade. Seja por causa do apelo familiar, seja por conta da euforia dos amigos, é muito difícil deixar de participar do clima que envolve a humanidade nestes dias. Mas, apesar disso, aquele que busca a felicidade plena imagina que não pode participar destes momentos. Por isso o ensinamento de Krishna é muito importante.

Ele afirma que o verdadeiro sábio, aquele que vive a felicidade plena, não se propõe a não participar da ação, mas o faz de uma forma impessoal e inegoísta. Ou seja, participa dela, mas busca sempre não tirar os frutos desta ação, buscar o prazer individual.

Esta participação, ainda segundo Krishna, pode ser completa, ou seja, participar das ações com corpo, mente, entendimento e até mesmo com os sentidos. Nada disso ofusca a sua busca. Somente aqueles que participam de qualquer ação presos em conseguir o benefício individual é que não alcançam a felicidade plena.

Portanto, para que possamos viver a felicidade plena não é necessário abster-se de comemorar o natal e o réveillon com os amigos e parentes. O homem sábio pode comemorar, beber, comer, trocar presentes, ou seja, viver esta época como todos aqueles que não estão comprometidos com esta busca. A única coisa que ele não deve fazer é esperar que no próximo ano tenha ‘muito dinheiro no bolso e saúde para dar e vender’.