Encarnação - Textos

Individualismo

Vamos, então, falar da segunda característica do ser humanizado. Sei que muitos de vocês vão dizer que não possuem esta característica, mas ela existe e está presente em todos os egos. Todo ser humanizado é individualista.

Essa é uma característica que precisa ser assumida: todo ser humanizado vive o mundo a partir do eu e para o eu. Essa é à base de compreensão da vida para todos os seres humanos ou humanizados: a personalidade humana se constitui num eu e vivencia a vida, ou seja, constrói realidades, a partir deste eu e para ele.

Estou certo?

Participante: sim.

Porque você diz que estou certo? Porque você acha isso, não é mesmo? Quando age assim está vivenciando o seu eu. Ou seja, mesmo quando você aceita que é individualista está vivendo o eu. Como só vive o eu e seu conteúdo como realidade, se não achasse certo diria: está errado. Acabei de dar um exemplo do individualismo da individualidade humana na sua plenitude.

O individualismo humano começa no eu e a ação individualista do eu começa quando ele acredita que sabe ou não alguma coisa, quando ele quer ou não algo. Não importa o que seja que a personalidade humana queira ou saiba, tudo o que ela tiver consciência de querer ou saber é algo individualista.

Para poder deixar bem claro o que estou falando, vou usar um termo que é muito utilizado pelos espíritas: crivo da razão. Toda vez que o ser humanizado passa alguma coisa pelo crivo da razão ele foi individualista. O que é o crivo da razão se não o julgamento que o ego humano faz das percepções a partir de suas verdades individuais?

A razão humana, aquilo que o ser humanizado pensa sobre as coisas é sempre individualista. Trata-se do resultado de um julgamento do mundo a partir de si mesmo.

Aliás, é exatamente isso que o Espírito da Verdade diz:

75a. porque nem sempre é guia infalível a razão? Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. (O Livro dos Espíritos)”

Esta é uma característica da humanidade do ser que é ditada pelo ego. Isto porque quando de posse da sua consciência espiritual, o espírito não tem nenhum individualismo. Ele não vive um eu, mas um nós.

Tudo para o espírito liberto da personalidade humana é nós: nós fazemos, nós andamos. Ele nunca vive apenas o eu: eu faço. Mesmo que no seu mundo, de posse de sua consciência, o espírito não participe de uma ação, ele diz: nós fizemos.

Por que ele diz nós fizemos? Porque foi a comunidade espiritual que fez e ele participa desta comunidade integralizado a ela. Portanto, é como se ele tivesse feito.

Esta é a segunda característica do ego humano que o espírito precisa estar atento: toda personalidade humana é individualista, ou seja, vivencia realidades sempre fundamentadas no eu.

Sendo assim, posso dizer que reforma intima é o abandono do eu. Trata-se de libertar-se da ação do eu e alcançar a ação do nós. Não se consiste em mudar o que se acha, porque enquanto apenas se mudar o que acha continua preso no eu acho. Neste caso, não houve evolução alguma, pois o ser ainda está preso a um individualismo: apenas mudou o que acha.

Por isso afirmo que os instrumentos para a elevação espiritual, para a reforma intima, têm que propor o fim do individualismo para levar o espírito a participar do nós. Deve tirá-lo do materialismo e levá-lo ao espiritualismo, ou seja, ao mundo onde as coisas valem pelos seus valores espirituais e não pelos valores percebidos pelo corpo humano.

Resumindo, as duas características mais fortes do ser humanizado são: viver as características humanas e ser individualista. Na verdade, estas duas características são a base daquilo que vocês chamam de “mundo de provas e expiações”.

Todos os espíritos que encarnam no planeta Terra, mundo de provas e expiações, estão ligados a egos que possuem as características humanas porque estão aqui para fazer provas. Estas provas são no sentido dele libertar-se do individualismo e do mundo perceptivo alcançando, assim, a vida na realidade espiritual e no nós.