Diário de bordo

Fofoca

Você é um fofoqueiro... Não gostou dessa afirmação? Desculpe, mas você realmente é um fofoqueiro...

O que é fazer uma fofoca? É falar da vida dos outros, é comentar sobre os outros. O que fazemos quando pensamos em alguém? Especulamos sobre ele e sua vida, não é mesmo? Isso não é fazer fofoca dele consigo mesmo? Por isso volto a afirmar: você é um fofoqueiro...

A mente, do alto da sua pretensa onipotência e onisciência está sempre gerando pensamentos que 'falam' sobre os outros e sobre a vida deles. Não vigilantes a estes pensamentos os aceitamos como verdades e saímos pelo mundo fazendo fofoca dos outros. É preciso esvaziar estes pensamentos...

Quem aceita o que a mente fala sobre os outros, cria verdades. Em momentos futuros onde este outro estiver presente tais pensamento serão usados e terão a força de verdade, de conhecimento sobre ele. A isso chamo de pré-conceito, ou conceito formado anteriormente sobre aquela pessoa.

Quando os pré-conceitos são formados? Quando fazemos fofoca do outro conosco mesmo...

No momento em que a mente está criando verdades sobre outras pessoas através do pensamento, precisamos enfrentá-la:

'Quem é você para saber da vida dos outros? Quem disse que você, mente, é onisciente e pode saber o que se passa dentro de cada um? Quem lhe deu o direito de julgar os outros? Você está achando que é Deus?'

Esvaziar a mente é não acreditar nela. É enfrentá-la com argumentos lógicos que expõe a pretensão da mente de assumir a posição de nosso senhor, de ditador de nossas verdades. Quando a enfrentamos de forma positiva, dura, expomos o cancro que corrói a nossa paz e tranqüilidade...

Esse cancro, neste caso, é a nossa pretensão de conhecer os outros, de saber da índole e intenção de cada um. Quem pode conhecer o que se passa dentro dos outros? Quem tem o poder para se infiltrar dentro dos outros e conhecer os seus mais íntimos segredos? Quem conhece tanto o outro que é capaz de saber exatamente como ele é?

Esta pretensão que a mente tem está fundamentada no egoísmo. O que ela diz não possui base alguma para existir, a não ser as suas próprias suposições. A mente supõe e como o egoísmo é a sua premissa básica, ela exige que esteja certa. Aí a pessoa, que nunca foi o que a mente afirma ser, passa a ser aquilo com certeza para o ser desacordado, aquele que não está atento em esvaziar a vida.

Quando se esvazia os pensamentos que a mente cria sobre os outros as verdades deixam de ser arquivadas na memória. No próximo encontro com aquela pessoa, podemos, então, nos relacionar com ela mesma, ao invés de nos relacionarmos com o ela formado pelos pré-conceitos.