Emoções 2

Felicidade

Hoje vamos falar sobre felicidade. Este tema é muito importante, pois quem não o compreender não entenderá nada nos ensinamentos de todos os mestres.

Os seres humanizados ainda imaginam o mundo espiritual como uma “coisa material”. Os espíritas imaginam um “céu” onde existem cidades, ônibus que carregam os espíritos. Para os católicos e evangélicos existe um “céu” feito de nuvens e de sono eterno; para os budistas há o nirvana, um “céu” cercado pelas maravilhas do mundo.

Os mulçumanos ainda crêem que no “céu” há uma grande tenda onde ele encontrará muita riqueza, muita água e muitas virgens. Enfim, existe uma materialização que transforma o “céu” em um lugar específico com uma forma aprisionada aos conceitos materiais de “bom” ou “mal”.

Só que o “céu”, no sentido espiritual, não tem nada a ver de físico, não possui elementos materiais como na Terra. Cristo ensina no Evangelho de Tomé: o “reino do céu” não está acima de vocês, pois senão os pássaros já haveriam chegado nele, mas o “reino do céu” também não está abaixo da terra, porque se fosse assim, os peixes já haveriam chegado nele. E, complementa: o “reino do céu” está dentro de cada um.

Claro que não podemos compreender que Cristo falasse dentro do ser humano, pois senão o “céu” seria composto de estômago, coração ou intestino. O “reino do céu” está dentro de cada um, mas no espírito que comanda a massa carnal e não nela mesma.

Dessa forma, podemos compreender que o “reino do céu” existe dentro do espírito. Dentro desse a única coisa que existe são energias universais, o que é conhecido na Terra como sentimentos: amor, ódio, luxúria, cobiça e inveja. Estas coisas nada têm de matérias ou formas. Portanto, o “reino do céu” não pode ser imaginado através de elementos terrestres.

O “reino do céu”, na verdade é um estado de espírito, ou seja, é o sentimento que um espírito sente. Isso é o “reino do céu”, mas também é o “reino do inferno”, o umbral, o fogo do mulçumano. Partindo dessa análise (o “reino do céu” e do “inferno” são um estado de espírito) podemos afirmar que está nos “céu” aquele que nutre sentimentos positivos; estará no “reino do inferno” aquele que nutre sentimentos negativos.

Fiz toda essa análise para poder afirmar: estar no “reino do céu” é ser feliz, é alcançar a felicidade. Esse é o resultado do trabalho daquele que realiza a sua reforma íntima alcançando a sua elevação espiritual e que passa a viver com a consciência de “ser espírito”.

Por isso o tema felicidade é tão importante. Os espíritos buscam a reforma íntima sem saber qual o resultado desse trabalho, sem saber como você será ao alcançar essa santidade, ao se aproximar de Deus. Como saber que realizou o trabalho quando não conhecemos os parâmetros da chegada?

Alcançar a elevação espiritual, atingir um grau de santidade, se aproximar de Deus, o que você chama de elevação espiritual, nada mais é do que viver em um estado de espírito de felicidade. Essa é a definição de um ser evoluído. Esse será o resultado que será obtido por você quando promover a sua reforma íntima e alcançar a evolução espiritual.

No entanto, essa felicidade não é aquela que é conhecida sobre a Terra, durante a vida carnal do espírito vivendo para si (individualismo), vivendo para o mundo material. Cristo definiu essa felicidade como “bem-aventurança” ou a “felicidade que os santos sentem” (definição do dicionário Aurélio). Esta felicidade é diferente daquele estado de espírito que é rotulado com esse nome na Terra.

Ela nada tem a ver com conseguir comprar uma casa, ter um filho ou ser aprovado na escola. A “bem-aventurança” é a “felicidade incondicional”. É uma felicidade que não é sentida por quem conseguiu alguma coisa, mas é um estado de espírito que existe independente de qualquer acontecimento externo. Ela não surge por um motivo, mas é o estado normal do espírito elevado.

A felicidade que é conhecida na Terra é uma felicidade dependente, ou seja, ela só é alcançada quando acontece o que se quer que aconteça. Esta felicidade (dependente), espiritualmente falando não recebe este nome, mas é chamada pelos mestres de prazer, satisfação. Ela é originada na satisfação de ver o seu conceito individualista atendido e se transforma na exultação de ter ganhado a fama, ou seja, a confirmação de que se “sabe” mais do que os outros.

O prazer é uma felicidade gerada pelo ganhar alguma coisa, ou seja, depende de um fator externo para existir. Já a felicidade espiritual (incondicional) não tem nada que a faça acontecer: ela existe simplesmente e jamais deixa de existir.

A partir daí podemos afirmar que a felicidade espiritual vem de dentro para fora, independente de como o mundo está (os acontecimentos), mas o prazer vem de fora para dentro, ou seja, depende dos acontecimentos combinarem com o que cada um deseja e quer viver.

Este conhecimento é muito importante para a realização do objetivo da vida para um espírito (alcançar a evolução espiritual) e por isso estamos conversando sobre esse tema. Todos os religiosos buscam promover a sua reforma íntima, mas como executá-la se nem sabem o que é um espírito evoluído?

Para muitos um espírito evoluído é um mestre que vive sentado na posição de lótus, mas essa postura não quer dizer nada. Outros acreditam que é um santo da Igreja Católica com suas atitudes pias, mas isso não quer dizer nada.

Todo e qualquer ato externo é apenas estereotipo. O elevado espiritualmente é o elevado interno (sentimental) e não externo. Ele pode viver uma vida normal como qualquer outro ser humanizado, inclusive tendo atos que denotem “mau humor”, mas, mesmo nesses momentos, vivem uma felicidade interna, um equilíbrio interno.

Baseando-se no estereotipo os buscadores da elevação repetem atos, mas não trabalham a reformulação do seu íntimo e, dessa forma, nada conseguem. Por isso é muito importante a compreensão da felicidade espiritual ou universal. É ponto fundamental para quem busca a elevação espiritual.

Participante: A felicidade não é deste mundo, mas podemos senti-la por aqui, neste cantinho do universo?

Sim, a felicidade não é do mundo material, mas do mundo espiritual. Mas você é espírito e não um ser humano (material) e por isso pode ser feliz agora, mesmo estando na carne. Basta, para isso, viver a vida material de uma forma espiritual e aí poderá viver com a felicidade incondicional.

Pelo que vimos até agora, conhecer e penetrar neste estado de espírito é fundamental para todos aqueles que buscam elevar-se, ou seja, para todos que transformam a existência carnal em uma etapa da vida espiritual. Mas, como consegui-la? Onde achar um mapa que indique o caminho a ser percorrido para encontrá-la?

Participante: Valorizando as coisas espirituais?

Sim, esse é o caminho, mas como valorizar as coisas espirituais?

Em nossas palestras sempre buscamos compreender as coisas na prática. Nós precisamos parar de teorizar a elevação espiritual. Você está certo: valorizar as coisas espirituais é buscar a felicidade, mas na prática, o que é buscá-la, o que é alcançá-la? Como posso saber se um determinado tipo de procedimento sentimental vai me levar a isso?

É muito simples: é só ouvir o mestre Cristo. Ouvi-lo, principalmente na hora que ele reúne os seus apóstolos e dá o caminho que eles irão realizar, dá o resumo de todo ensinamento que ele veio trazer. Isso se chama Sermão do Monte, isso se chama Bem-Aventuranças.

Alcançar a evolução espiritual é seguir na risca o ensinamento que está contido na Bem-Aventurança. Por esse motivo, nesse trabalho que pretendemos analisar a felicidade como realização daquele que busca a elevação espiritual, é importante para nós conversarmos sobre as “Bem-Aventuranças” transcritas na Bíblia Sagrada, livro de Mateus, Capítulo 5. Analisando cada um dos ensinamentos do mestre poderemos entender o que é a felicidade espiritual e como alcançá-la.

“Felizes os que sabem que são espiritualmente pobres, pois o reino do céu é deles”. (versículo 03)

NOTA: Neste trabalho existe apenas uma curta análise das Bem-Aventuranças. Para maiores informações consultar o trabalho “Bem-Aventuranças” também ditado por Joaquim de Aruanda.

O mestre dá aqui o básico para a existência do estado de espírito feliz: ser espiritualmente pobre. Esta condição citada pelo Cristo (ser espiritualmente pobre) pode ser traduzida como “ter um único sentimento”.

A posse do espírito são os sentimentos que ele nutre. O estado de pobreza do espírito não se constata pela quantidade de sentimentos (ter pouca quantidade de sentimentos), mas por não tê-los em grande diversidade. Pobre de espírito é aquele que possui muito sentimento, mas em apenas uma qualidade: o amor.

Então, veja, você quer ser feliz? Ame. Só tenha o amor para reagir a qualquer coisa (acontecimento). Este é o caminho da felicidade incondicional. Escolhendo prazer, mágoa, raiva, você não poderá ser feliz, pois são sentimentos diferentes da felicidade.

Na prática, aconteça o que acontecer reaja com amor que estará alcançando o “reino do céu” ou seja, você estará entrando num estado de espírito onde apenas a felicidade incondicional existe e terá, assim, executado a sua elevação espiritual.

“Felizes os que choram, pois Deus os consolará” (versículo 04).

Felizes são aqueles que passam por situações de sofrimento (momentos nos quais os seus desejos não são atendidos) buscando consolo em Deus.

A felicidade incondicional depende de se passar por situações negativas, ou seja, de acontecer o que não se quer. Mas não basta só passar por esses momentos para se alcançar à evolução espiritual: é preciso vivenciá-los buscando o consolo em Deus.

“Hoje eu não gostaria de estar sem emprego, mas estou. Louvado seja Deus. O Pai sabe o que faz, se eu estou desempregado ele tem um plano para mim”.

O bem-aventurado não precisa mudar a situação e nem não quer deixar de vivenciar as suas situações negativas, mas também não se acomoda. Ele parte em busca de “momentos diferentes”, mas não sofre enquanto perdurar a “contrariedade”.

O feliz vivencia tudo o que acontece, esteja o acontecimento de acordo com os seus desejos ou não, buscando em Deus o consolo. Esse é o elevado espiritualmente. Esse é aquele que alcança o “reino do céu”.

“Felizes os humildes, pois receberão o que Deus tem prometido” (versículo 05).

A questão da humildade é muito complicada de se falar sem buscar a compreensão mais profunda, mas vamos tentar resumir aqui a visão sobre este tema. Para os seres humanizados a humildade é caracterizada pelo fato de não se ter nada em termos de posses materiais, mas isso não significa humildade, porque existe muita gente que não tem nada e é orgulhoso do pouco que tem.

A falta de humildade não é caracterizada pelo ter ou não, mas como se lida com aquilo que está sob nossa guarda. O soberbo é aquele que se acha dono das coisas e deseja outras coisas que não possui.

O humilde, ao contrário, é aquele que vive com humildade (sem se declarar dono) daquilo que ele tem e não deseja nada mais. O humilde é aquele que vive assim: “eu hoje só tenho arroz para comer; louvado seja Deus”. O soberbo só tem arroz para comer, mas come sentindo o gosto de caviar.

Humildade, portanto, não tem nada a ver com posse, mas com desejos. Por isso podemos afirmar: para você ser feliz é preciso matar os seus desejos. Aquele que vive sem desejar, ou seja, que ama tudo que tem e não quer mais nada alcança o “reino do céu”, entra na felicidade incondicional.

Participante: Humildade é olhar e estar com outros de uma forma igualitária. Não olhar de cima nem por baixo.

É mais que isso. É olhar as pessoas sem querer que a pessoa fosse diferente do que ela é. Sem desejar que ela se mude para que lhe traga felicidade. Sem desejar que agisse de uma forma diferente.

Não adianta apenas olhar de uma forma igualitária: é preciso aceitá-la como ela é. Aí está a humildade, uma vida sem desejos.

“Felizes os que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois Ele os deixará completamente satisfeitos” (versículo 06).

“Fome e sede de fazer” quer dizer a intenção com que se vive, com que se vivencia os atos da vida. O feliz é aquele que não tem intencionalidade alguma (vontade própria), mas vive a própria Realidade por ela mesma como ação de Deus, vontade do Pai.

Um homem está em algum lugar. Querendo esse ser humanizado viver a Realidade afirma: Deus me colocou aqui. A partir desta pré-disposição, ele concentra-se em estar naquele lugar ao invés de permanecer lá com a intenção de não estar, de ir para outro lugar.

Para se ser feliz, para alcançar a felicidade incondicional é preciso exterminar as intenções individuais (desejos diferentes da Realidade) e vivenciar a vida a partir da intenção de Deus (o que realmente está acontecendo).

“Felizes os que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia deles também” (versículo 07).

Misericórdia é compaixão. Ser feliz, portanto, é ter compaixão dos outros, mas precisamos entender um pouco sobre este estado de espírito.

Compaixão não é sofrer com os outros o sofrimento deles, pois assim ficaríamos perdidos no nosso próprio sentimento “não feliz”. É preciso amar (ser feliz) a situação que o outro está passando para se vivenciar a compaixão.

Até aqui vimos que aquele que alcança o “reino do céu” é o que age sem intencionalidades e com amor. Se mantivéssemos a compreensão atual sobre compaixão (sofrimento conjunto) estaríamos negando todos os outros ensinamentos, pois estaríamos demonstrando sofrimento e contrariedade com o que o próximo está passando.

Aquele que tem misericórdia é o que ama a situação dos outros, ou invés de ter pena, dó ou de ver no que ele está passando algo “errado” ou “ruim”. Misericórdia não tem nada a ver com pena. Esse é um sentimento sofredor e eu serei feliz apenas enquanto mantiver a minha felicidade, independente do que está acontecendo comigo ou com os outros.

Havendo uma pessoa que passa fome, por exemplo, eu vou ajudar essa pessoa praticando a caridade. No entanto, a última coisa que eu vou pensar em ter é piedade daquela pessoa, porque assim, eu e ela ficaríamos afundados no mar do sofrimento. Devo amar a pessoa, amar a situação, manter a minha felicidade, para que possa realmente auxiliá-la e manter o meu próprio equilíbrio.

Costumo dizer que a compaixão, como hoje entendida (pena, dó), é como uma pessoa que está comendo um prato de jiló mesmo não gostando desse alimento. Quando ela está acabando lhe dão mais jiló. Quem age assim, receberá a mesma coisa de Deus e a vida ficará mais “difícil” para ser vivida.

O estado de espírito de felicidade depende da sua reação ao momento, independente do que está acontecendo no momento.

“Felizes os que têm o coração puro, pois eles verão a Deus” (versículo 08).

Coração puro é aquele só tem o amor. Aquele que ama, vê Deus em todas as coisas, ou melhor, se sente amado por Deus, vê em tudo o amor de Deus.

Já muito foi ensinado nesse planeta sobre a necessidade de se amar a Deus, mas pouco se falou sobre a necessidade de se sentir amado pelo Pai. É quase impossível amar alguém que é um juiz, um carrasco, que impõe penalidades, como muitos acreditam que Deus age.

Por isso a importância de converter todos os acontecimentos em amor de Deus, abandonando, assim, a visão de “expiação” para os acontecimentos da vida, ou seja, pagamento de faltas cometidas anteriormente.

Mas, para compreender o mundo (acontecimentos) como um ato de amor divino é preciso ter o coração puro, ou seja, amar a tudo e a todos indistintamente. Se você não vê em tudo o que acontece o amor de Deus em ação, a emanação do Ser Supremo, jamais conseguirá a felicidade.

“Felizes os que trabalham pela paz entre pessoas, pois Deus os tratará como seus filhos” (versículo 09).

Esta é uma grande lição: trabalhar pela paz entre as pessoas. Infelizmente poucos agem desta forma. Recentemente tivemos uma guerra (invasão do Iraque pelos Estados Unidos) e as pessoas que se diziam buscadoras da paz faziam passeatas, discursos acusando e atacando o presidente que queria fazer a guerra. Faziam isso em nome da paz.

Entretanto, esse ataque e as acusações também são guerras. Eles estavam guerreando contra o presidente para que ele não fizesse a guerra. Não trabalhavam pela paz verdadeira, mas pela sua própria paz (não haver guerra). Para impor sua vontade utilizavam-se da guerra (acusações e agressões), ou seja, agiam da mesma forma do presidente que tanto criticavam.

Trabalhar pela paz é não julgar e não acusar ninguém, pois se tudo é emanação de Deus, a própria guerra é a paz do Pai. O trabalho da paz entre as pessoas deve ser executado de tal forma que elas vivenciem a paz de Deus e não o estereotipo de paz que cada um tem.

Por tudo que já estudamos até aqui, não importa se o presidente “quer” fazer a guerra: se conseguir será apenas um instrumento de Deus para Sua ação. O presidente não é “mal”, “ruim”, mas um ser universal, um filho de Deus e, por isso, precisa ser amado e não acusado.

Feliz será você quando trabalhar pela paz, ou seja, feliz será você quando parar de julgar e acusar a todos, querendo impor os seus padrões ao mundo, não importando o que está acontecendo.

Para se trabalhar para a paz de Deus entre as pessoas é preciso aprender o verdadeiro perdão que está no ensinamento de Cristo: Pai perdoa, ele não sabe o que faz. Alguém disse isso para o presidente que queria a guerra?

“Felizes os que sofrem perseguição por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do céu é deles” (versículo 09)

Feliz será você quando quiser amar os outros e eles lhe acusarem, lhe atacarem, lhe xingarem: este é o momento propício para você ser bem-aventurado.

Aqueles mestres que são colocados no topo, têm milhares de seguidores que estão sempre o adorando e pronto a lhe satisfazer e que retiram dessa idolatria a sua felicidade, não são elevados espiritualmente. Enquanto isso, outros que são acusados por terem uma palavra dura e que não recebem idolatrias, mas mantém a sua felicidade interna, a sua paz de espírito e segue na jornada, este está no “reino do céu”.

A felicidade depende de você ter “inimigos” (pessoas que lhe contrariam), mas também depende de você não guerrear contra eles. Não criticá-los, não julgá-los, mas amá-los. Cristo diz mais adiante no Sermão do Monte: é muito fácil abraçar um amigo eu quero ver você cumprimentar um inimigo.

A felicidade depende de você destruir os seus “inimigos”. Não estamos falando em destruir no sentido de “acabar com eles”, mas acabar com o valor “inimigo” que aplica ao outro ser. Afinal de contas, somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai, agindo da forma que agirmos.

“Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores. Fiquem alegres e contentes, porque está guardada para vocês uma grande recompensa no céu. Pois foi assim mesmo que perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (versículo 11).

Os seguidores do Cristo não são os cristãos, mas os amorosos. Cristo, como João decretou, era o “verbo”, a ação, o amor em ação. Aplicando-se este ensinamento à passagem acima, podemos compreender: feliz será você quando amando, for perseguido, acusado, caluniado, chamado de bobo ou idiota.

O momento que o “mundo” exige que você tenha uma retaliação contra quem lhe prejudicou, é aquele que você tem para ser feliz. Esse é o momento para alcançar a elevação espiritual.

A felicidade espiritual não deve ser procurada apenas quando acontece o que você quer ou espera: quando está passeando, quando a sua casa cercada por cercas elétricas e muros altos impendem o roubo. A felicidade espiritual precisa ser conquistada em todos os momentos.

Para isso é que existem os acontecimentos que nos contrariam. Eles são os momentos propícios para adquirirmos esta felicidade, pois, agindo desta forma, o ser humanizado terá “vencido o mundo”, ou seja, os seus desejos materiais. As bem-aventuranças são os caminhos da felicidade, mas ser feliz depende de colocá-las em prática nos momentos de contrariedade.

Quem buscar a Deus sem viver a situações de contrariedade reagindo sentimentalmente como hoje conversamos, jamais conseguirá viver a felicidade espiritual na verdadeira acepção da palavra. O máximo que poderá ser alcançado é o prazer de ver o que você quer acontecendo, mas que, pela impermanência das coisas, levará amanhã a um sofrimento.

O prazer de hoje é a garantia do sofrimento amanhã, pois se hoje o mundo combinou com os seus desejos, amanhã certamente não o fará. A busca pelo prazer, espiritualmente falando, não leva a nada, ou melhor, leva a submissão ao ego, ao individualismo, ao afastar-se de Deus.

Só agindo dentro das bem-aventuranças, colocando em prática todos os ensinamentos do Cristo você pode conseguir alcançar a verdadeira felicidade.

Elevação espiritual não é praticar a caridade, mas fazê-la com amor, buscando o consolo em Deus, com humildade, com fome e sede de fazer a vontade de Deus, com misericórdia, com o coração puro e trabalhando pela paz entre as pessoas sem esperar receber nada em troca. Isso é elevação espiritual.

Como disse, precisamos acabar com as teorias e entrar na prática, ou seja, não ficarmos presos ao “fora da caridade não há salvação”, mas atingirmos a compreensão que fora da caridade executada dentro das bem-aventuranças não há salvação.