Emoções 2

Vício sentimental

34 - O apego ou a aversão (pensados) dos sentidos baseiam-se na falsa impressão que tens em relação aos objetos conhecidos e pensados (sensibilidade deturpada). Que ninguém fique escravo do apego ou mesmo da aversão. Esses dois, mais a falsa impressão que tens dos objetos pensados, são inimigos terríveis.

O apego ou a aversão é o gostar e o não gostar. Além de achar o banco sujo porque tem poeira, você chama esta percepção de não gostar. Tem gente que está vendo poeira, sabe que é sujeira, mas não se importa. Portanto, além da interpretação de que poeira é sujeira, existe a sua intencionalidade pessoal que é o gostar ou não – é a paixão positiva (apego) ou paixão negativa (aversão).

Tornar-se escravo é depender disso para ser feliz (a escravidão é a dependência). Apesar de vocês não acharem isso, essa dependência é igual à que pessoas têm do tóxico: você começa a precisar daquilo. Quando se apega à idéia de que banco bom é o sem poeira, começa a precisar que esta condição seja satisfeita para ser feliz. Apegada a esta verdade e servindo ela como condicionamento para o seu prazer, que vocês chamam de felicidade, vai cada vez mais ver sujeira para poder limpar e, com isso, ter o prazer de ver sua verdade contentada.

Na verdade, a cada dia você vai tornando a sua percepção mais sensível. Se hoje um dedo de poeira é sujeira para você, amanhã apenas um micro pó também será considerado sujeira... Isso porque você precisa limpar o banco para ter prazer. Ou seja, o que antes não era sujo agora passa a ser, pois sem sujeira você não terá limpeza. O mesmo serve pra tudo pelo que os seres humanos brigam, quando brigar lhes traz prazer. Não é a mesma coisa com o toxicômano? Ele não necessita sempre de doses maiores para poder ser feliz?

A aversão e o apego são inimigos terríveis do ser, pois elas transformam o julgamento e a crítica que fazemos aos outros e às coisas em vícios que usamos pra alcançar o prazer. Com isso cada vez mais nos tornamos críticos e juízes, achando que estamos fazendo a melhor coisa do mundo...