Volume 02

Ensinamentos de Buda

1. O valor essencial da vida

• O problema não é a vida, mas o valor essencial que se coloca em uma existência; é necessário se compreender a essência que você coloca na vida, ou seja, o objetivo da vida.

• Sem o valor essencial da cada vida, você não vive, sobrevive.

• Você não tem medo da sociedade, você tem medo de sofrer com o que a sociedade vai falar, e se você perder o medo do que ela vai falar, você não sofre mais. Enquanto você tiver o medo de sofrer (vontade de ganhar, medo de perder, vontade de se satisfazer, medo de perder a satisfação, a busca pela fama e o medo da infâmia, a busca pelo elogio e o medo da crítica), não consegue evoluir.

• As pessoas em volta, é que transformam o Espírito em ser humano.

• Sobreviver, é levar a vida superficialmente, sem penetrar na dádiva maravilhosa de Deus.

• Porque você nasceu? Porque Deus lhe deu uma chance de evoluir; isso é mergulhar na vida; quando você transformar isso em valor essencial da sua vida, a vida muda.

• Quando você diz que existe uma coisa feia, você está dizendo: “Deus faz feio”.

• Você não tem que gostar, você tem que amar; o prazer depende da sua satisfação, o amar independe da sua satisfação; para se alcançar o prazer, existe a necessidade de o que você quer, aconteça; já o amor que Jesus nos ensinou, independe do seu querer, não importa onde você esteja e o que você esteja fazendo, você está feliz, porque o que está acontecendo com você, naquele segundo, é obra de Deus, e se é obra de Deus, é justo e amoroso, é uma dádiva, então, eu vou ficar feliz.

• A vida não depende de nada, a não ser o valor essencial que você coloque nela.

2. Consciência búdica

• A vida é uma atividade mental, enquanto você estiver preocupado com atos, você não vive, porque o ato surge do seu pensamento; na hora que você compreender que sua vida começa dentro do seu pensamento, o que acontece fora é simplesmente o reflexo do que você pensou, você vai tentar viver mentalmente, ou seja, lutar contra seus pensamentos para ter uma vida diferente, então, não adianta você querer lutar pra resolver seus problemas em atos, em ações, mas sim, no seu pensamento, no pensamento que diz que aquilo é um problema, porque na hora que você pensar que aquilo não é um problema, aí vai passar a ser solução.

• Na hora em que você deixar de se preocupar com a vida exterior e começar a entender a vida interior e começar a mudar a vida interior, a vida exterior muda.

• A atividade da mente é o raciocínio, então, a escolha de qualquer coisa é feita pelo raciocínio; o raciocínio é um processo de escolha; eu escolho o que eu quero para aquilo que está acontecendo; o raciocínio é o processo de valorização do que está acontecendo; raciocínio é escolher um valor (felicidade, tristeza, chateação, angústia, ofensa), isso tudo eu escolho através do meu raciocínio; ninguém pode lhe ferir, magoar, é você que ao perceber uma atitude, um ato, você escolhe determinado sentimento, para o que a pessoa está fazendo, então, não é a pessoa que lhe agrediu, é você que escolheu a agressão para valorizar o que estava fazendo. Nós estamos acostumados a julgar e a acusar o outro “você me feriu”, mas é impossível você me ferir, porque se eu não deixar, ou seja, se eu não escolher a agressão, me sentir agredido, você não vai conseguir me agredir nunca.

• Tem momentos que você está tão bem que nada que os outros falam te afeta; seja assim sempre.

• O raciocínio se divide em duas etapas: a primeira, é a escolha de um sentimento, você escolhe um sentimento (inconscientemente) para reagir ao que está acontecendo; a partir desse sentimento, você começa um processo chamado pensamento, que é uma história, um valor, que você usa para compreender o sentimento que você escolheu.

• Tudo aquilo que é característico de sua personalidade, é o que você veio mudar (nervoso, preocupado, etc.).

• Os valores que é dado às coisas, depende das verdades que eu tenho dentro de mim, da memória, o que está na memória, é o que vai dizer pra você o que está acontecendo.

• Raciocínio é o processo no qual você recebe uma sensibilidade pelos órgãos do corpo; a partir deste momento, você faz uma escolha sentimental, que forma um pensamento, que dá um valor à coisa, e esse pensamento vai ser analisado pela memória.

• O Cristo fala que “Chegar ao reino do céu ou à felicidade incondicional é um processo de renascimento.”. Você precisa renascer, reaprender a viver, começar a viver novamente, agora, de uma forma diferente da outra, não mais seguindo aqueles padrões pré-estabelecidos, mas começando a usar o raciocínio, a escolha a cada momento. Hoje o ser humano não raciocina mais, mas vive pelo hábito, ele reproduz na mesma situação, o mesmo padrão que ele vivencia, e assim, vai passando o tempo.

• O problema são hábitos que se transformam em vícios, em necessidades, que sem eles, eu não consigo ser feliz, então, nós precisamos reaprender a viver essa vida.

• Cada segundo é único, ele não pode ter laços com o passado nem com o futuro, então, é você viver cada segundo de uma vez, e não viver o segundo de hoje, através da lei que foi montada no segundo anterior.

• Você tem que aprender a raciocinar espiritualmente.

• O mundo da matéria não existe, é tudo criação de sua mente, é você que dá valor às coisas.

• Existe uma só vida, a espiritual, e em algum momento dessa vida espiritual, você está na matéria, mas não deixa de ser uma vida espiritual; você continua sendo Espírito, só que humanizado, pra provar que mesmo na matéria, você é capaz de se ver como Espírito; aí mudou, a sua vida material muda, porque não existe vida material, existe uma vida espiritual sendo vivida numa etapa material; você acha que era Espírito antes do nascimento, virou ser humano e vai voltar a ser Espírito depois que morrer; não; você é um Espírito o tempo inteiro.

• BUDA DISSE: “VOCÊ NÃO DEVE SE APAIXONAR PELA AÇÃO DOS CINCO AGREGADOS.”, ou seja, ser apático e não criar desejos.

3. Cinco agregados

• FORMA: A primeira coisa que devemos mudar na vida, é não ter paixão por formas (beleza, o certo). Você precisa compreender, que a forma não é bela nem feia, a forma é prática, na verdade, aquilo não é uma forma, é um conjunto de átomos. Deve-se tentar dominar o pensamento para não dizer que tal coisa é bonita, e quando ele disser, você diz “não, ela não é bonita, é prática, eu não posso me apaixonar por ela, eu vou sofrer quando não tiver ela”.

• SENSAÇÕES: São os sentimentos que vocês escolhem frente a determinadas situações da vida. Não se deve achar, que se acontecer determinada situação, você terá que ter determinado sentimento. Você não pode se apaixonar por sentimentos e vincular essas sensações a determinadas coisas, acontecimentos. O mundo vai ser feliz, quando você for feliz com o mundo.

• PERCEPÇÕES (CINCO SENTIDOS): você precisa se libertar da paixão por algum sentido em especial (gostar de banana, ouvir determinado som, etc.); ver qualquer coisa, comer qualquer coisa, sentir qualquer cheiro, ouvir qualquer som, sem colocar neles nenhuma aceitação. Não existe beleza pra ser vista e podridão pra ser virada as costas; não é deixar de ver, mas você não se apegar a determinadas sensações pra ver; a percepção é você não distinguir entre um botequim e uma igreja, mas estar atento pra não estar preso à determinada sensação no botequim ou em uma igreja. Viver uma vida equânime, igual (“eu me porto dentro de um botequim como me porto dentro de uma igreja”), só que eu vou pra igreja, me porto de um jeito e vou pro botequim e me porto de outro, porque eu estou preso a uma determinada sensação, no botequim, eu tenho que ter prazer; o problema não é o botequim, a cerveja, mas o valor que você dá ao botequim e a cerveja, porque você não vai lá com um amor universal, mas você vai lá pra você ganhar. A vida não é o que está acontecendo, não é um ato material, mas um ato mental, é o valor que você dá ao que está acontecendo. Você não vai eliminar as sensações ou as formas ou as percepções, mas você precisa se desapegar, não ter paixão por uma (paixão positiva) ou por outra (paixão negativa), então, ao invés de eu estar preocupado em saber se eu estou em um botequim ou numa igreja, vou estar preocupado em saber como estou avaliando o que estou fazendo, que valor estou dando àquele momento, àquela coisa, situação; vou estar sempre com Atenção Plena no meu pensamento, já que não consigo saber que sentimento, na verdade, estou tendo; vou estar sempre preso no meu pensamento, pra saber se o meu pensamento está estável ou se ele está preso a uma paixão positiva ou negativa. Sempre que você disser “gostei”, você está preso a uma paixão positiva, e “não gostei”, você está preso a uma paixão negativa. Sempre que você disser “tanto faz”, você está calmo, equânime.

• Qualquer valor que você der à coisa, é um pecado, é um ato de contrariedade à Realidade, a Deus, porque é o que você acha, não o que Deus faz.

• FORMAÇÃO MENTAL (PENSAMENTO): O pensamento é uma poluição para o Espírito, acaba com a luminosidade e com a pureza do Espírito (o apego, a paixão pelo pensamento). O pensamento reflete o individualismo de cada um, você é incapaz de pensar diferente daquilo que você acredita, ou seja, você só consegue pensar que gosta do que gosta, você jamais conseguirá ter um pensamento de gostar do que você não gosta, então, quando você se apega, tem paixão por um pensamento (paixão positiva ou negativa), você cria uma dependência pra ser feliz.

• O que o pensamento traz pra você? Todo pensamento é a expressão de um desejo (“eu gostaria ou não gostaria que isso acontecesse”), quando digo “aquela pessoa não presta”, expresso um desejo de não estar com aquela pessoa, então, se apegar ao pensamento, é se apegar à paixão, ao desejo.

• O que você precisa é aprender a conviver com o desejo, e não se escravizar a ele.

• Precisamos declarar, antes de tudo, a nossa incompetência para agir os acontecimentos, incompetência no sentido de criar, mudar, alterar, transformar o que está acontecendo, porque enquanto não declarar esta incompetência, vou lutar, continuar lutando para mudar a vida, e aí, deixo de realizar a verdadeira mudança, que é a mudança da minha forma de viver a minha vida; não é mudar a situação, e sim, se mudar frente a situação.

• MEMÓRIA OU CONSCIÊNCIA: Um monte de verdades estão aprisionadas na sua memória, e você não pode se apegar a elas, porque senão, você vai gerar desejos positivos e negativos.

• Temos que conviver com as pessoas e as coisas, momento a momento, sem vínculo com o passado negativo; tem que negar a memória.

• Você precisa libertar-se dos cinco agregados para evoluir.

• Se você não mudar-se, a vida não muda, o agressor vai ser sempre agressor, porque você o rotulou como agressor; você rotulou um sofá de confortável ou não, um carro de bom ou não, uma situação de positiva ou negativa, ou seja, você já rotulou tudo na sua vida, pra não ter que raciocinar, pensar, e parar de raciocinar é parar de viver, porque esta vida é um trabalho mental, você só está ativo quando raciocina, quando você pega um rótulo e aplica, você não viveu, você não raciocinou.

• Segundo Buda, existem três “Usinas de Força” que te ajudam a vencer a você mesmo, para conseguir a evolução espiritual:

• Deus;

• Fé em Deus; e a

• Sangha (comunidade ou apoio externo).

• As paixões e os desejos gerados pelos cinco agregados são a base do ensinamento de Buda.

• Você sente “não gostei”, aí quando Deus te dá o pensamento de “não gostar”, você sente, conscientemente, o “não gostar” que você já escolheu antes, então, vem aquele peso, aquela amargura, que, na verdade, já tinha sido escolhido inconscientemente antes do pensamento, mas como você só toma consciência desse sentimento depois que pensa, porque você é guiado pela lógica, aí você acha que o sentimento vem depois do pensamento, mas é o contrário.

4. Poluição adventícia

• Reforma Íntima é despoluir a fonte luminosa do Universo, você. Para alcançar a evolução, é preciso não ver que o outro é um pobre coitado, não sentir o mal cheiro naquele que você vai ajudar, não ter nojo de chegar perto do doente ou daquele que não toma banho a muito tempo.

• O Espírito é a mente, ou seja, a mente é o Espírito poluído; o Espírito está acima da mente.

• A poluição adventícia, ou seja, aquela adquirida com o nascimento, é o que não lhe deixa alcançar a verdade universal sobre ele mesmo.

• São três fatores que formam a poluição adventícia:

• SENSUALIDADE: Tem a ver com sensação, aos sentidos do corpo. É acreditar que você vê, ouve, sente odor, paladar e tato, tudo que está acontecendo, que só existe aquilo que seus órgãos dos sentidos identificam. Atrás da pessoa que está agindo de uma forma que você não está gostando, tem um Espírito mandado por Deus, fazendo ele agir daquela forma, mas como você se prende ao que vê, só vê a pessoa fazendo. É preciso se despoluir, e se despoluir é dizer “aqui existe mais coisas do que estou vendo”, fugir da sensualidade. Só se foge da sensualidade, negando a realidade. Só quando você deixar de jogar o que você está vendo no rio que flui dentro de você, raciocínio, você vai poder se despoluir. Negar a sua sensualidade não é dizer “eu não estou vendo”, mas dizer “ eu não estou vendo tudo”, e por não estar vendo tudo, eu me julgo incapaz de saber o que está acontecendo. As sensações que os órgãos do corpo jogam para o cérebro, ou seja, para a mente, para o Espírito, são poluições, poluições que o Espírito adquire pelo advento, nascimento. Deus lhe deu olhos pra você não ver, ouvidos pra você não ouvir, boca pra não ter sabor, nariz pra não escolher cheiro; é preciso negar o que está vendo, ouvindo, etc., porque o que você está vendo é poluição pra você, e dessa poluição, da sensação, nasce três produtos que ajudam a poluir ainda mais o ser luminoso, você mesmo: tempo, espaço e forma; essas três coisas não existem, são produtos da sua sensação.

• CONCEITOS: São as verdades individuais que são formadas a partir da vivência poluída das sensações. Quando você vê alguma coisa e acha que você viu tudo o que está acontecendo, você formou um conceito. Uma poluição traz a outra. Os conceitos vão se acabar naturalmente, a partir do momento que se comece o trabalho de despoluição da sensualidade.

• DESEJOS DE VER OS CONCEITOS SEREM SATISFEITOS: Começa quando você se aprisiona à sensualidade como verdade; dessa poluição, nasce o conceito, e do conceito nasce o desejo, a vontade de que fosse diferente do que está acontecendo.