Diário de bordo

De que adianta ...

De que adianta querer escrever, se as palavras não se apresentam?

De que adianta querer ir, se não podemos sair daqui agora?

Que adianta querer ir ao churrasco na praia com os jovens, se já tinha combinado de visitar a tia de 80 anos neste final de semana?

Que adianta querer dormir, se o sono não vem?

De que adianta querer velocidade, se a internet é discada?

De que adianta querer que o seu filho faça o que você quer, se ele só faz o que ele quer?

De que adianta querer ter novamente, se a perda não pode ser reparada?

De que adianta querer ter agido diferente, se o que foi feito não pode ser mudado?

De que adianta querer que o outro agisse diferente, se o que ele fez não pode ser alterado?

De que adianta querer ganhar no seu sorteio, se o seu número não foi sorteado?

De que adianta sentir-se frustrado, se o que era esperado não aconteceu?

De que adianta querer ter saúde, se a doença já se instalou?

De que adianta querer que o outro reconheça o que você faz, se ele só acha bom o que ele faz?

De que adianta querer o silêncio, se os cachorros não param de latir?

De que adianta querer descansar, se há trabalho a ser feito?

De que adianta querer ir à praia, se está chovendo?

De que adianta querer qualquer coisa diferente do que se tem para viver, se o aqui e agora é diferente deste sonho?

Querer não resolve a vida e o que não resolve, não adianta... Quem cai na cilada de viver o querer ao invés do que tem será sempre escravo das emoções que a mente cria e por isso estará sempre preso ao sofrimento.

PS: Quem quiser completar a lista com mais alguns ‘quereres’ fique à vontade... Quem sabe assim as fichas vão caindo e entendemos de uma vez por toda que querer alguma coisa não nos leva a lugar nenhum, a não ser para o abismo do sofrimento...