O novo acordo - Carta aos Coríntios 2

Autoridade de Paulo como apóstolo

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Eu mesmo, Paulo, que tenho dito que sou manso e humilde quando estou perto de vocês, mas atrevido quando estou longe, faço um apelo: peço, pelo carinho e bondade de Cristo, que quando eu for ai, não me forcem a ser atrevido. Porque tenho certeza que posso agir com atrevimento contra os que afirmam que fazemos as coisas por motivos humanos. É claro que somos humanos, mas não lutamos por motivos humanos. As armas que usamos na nossa luta não são do mundo, porém são armas poderosas de Deus para destruir fortalezas. (Capítulo 10 – versículo 01 a 04)

Paulo está dizendo que é um ser humano, mas não vive e luta com armas humanas. Qual é a arma do ser humano?

Participante: os conceitos desse ser.

Sim, com os desejos...

O desejo é uma arma com a qual o ser humano luta contra os outros. Mas, Paulo diz que é claro que você é um ser humano, ou seja, que tem desejos, mas não deve utilizar dessa arma...

Assim sendo, Paulo diz: você não deve apegar-se aos seus desejos, pois se assim o fizer lutará contra os outros seres humanos atacando-os com eles... Ao invés disso, viva com a o amor, lute com os outros com esta arma de Deus...

Amar é não viver apegado aos seus desejos, as suas vontades, aos seus quereres, ao seu está certo, ao seu está errado. Quem vive apegado a estas coisas, ou seja, julga o mundo a partir destes valores, vive de uma forma humana. O espírito mesmo na carne, ou seja, humanizado, se ele viver com amor, estará usando a arma de Deus.

Se isso é verdade, o que determina, então, se você está humanizado ou não, não é a própria carne, mas sim a forma como vive e que arma utiliza para viver. Aí está a diferença entre o ser humanizado e o ser espiritual. Se está na carne ou fora dela, não faz a menor diferença...

O espírito pode estar na carne e não estar humanizado, assim como pode estar fora dela e estar humanizado, pois estar humanizado é viver apegado aos seus desejos.

Participante: o que Paulo quis dizer com atrevimento, ele ser atrevido? Foi pela forma dura que tratou os outros na carta anterior?

Atrevimento é discordar de alguém, é apontar suas falhas e Paulo agiu assim ...

Agora é o que ele disse também: se vocês merecerem, eu vou ser atrevido, pois assim estarei sendo agente do carma de vocês. Por isso ele pede: não deem motivos a Deus para que Ele me faça atrevido quando eu for aí.

Destruímos os argumentos falsos e também todo orgulho humano que não deixa as pessoas conhecerem a Deus. Dominamos todo pensamento humano e o fazemos obedecer a Cristo. E, depois que vocês provarem a sua lealdade, estaremos prontos para castigar qualquer ato de deslealdade. (Capítulo 10 – versículo 04 a 06)

Grande ensinamento de Paulo: para ajudar o próximo no trabalho da elevação espiritual é ensiná-lo a dominar o seu próprio pensamento. Não adianta transmitir nenhum ensinamento, sem que se ensine antes a dominar o pensamento. Para se ajudar o outro na elevação espiritual é preciso mostrá-lo que o mundo é o que pensa ser e que se não mudar o que pensa ser, de nada adianta querer se elevar.

A elevação espiritual caracteriza-se pela mudança da forma de pensar. Ao invés de viver a partir de verdades e realidade humanizadas, o espírito precisa lutar para ter o seu pensamento de Cristo, a consciência crística, ou seja, ver as coisas do mundo como Cristo via...

De nada adianta se ir para a frente do altar ou para a frente congá e falar palavras belas. O que é preciso é ficar frente a frente com o seu pensamento e mudá-lo.

Quando o pensamento julga alguém e me diz que aquela pessoa é isso, eu digo ao pensamento: não é ... Com isso, estou mudando o meu pensamento. Quando digo que ela não fez isso ou não é aquilo, estou mudando a forma de pensar sobre aquela pessoa.

Portanto, para ajudá-lo tenho que, quando ele comenta comigo sobre outra pessoa, dizer que ela não é o que ele está dizendo que é ... Esta é a forma como você pode ajudar alguém a se elevar.

Sei que muitos querem ir além, querem passar frases de efeitos, mas isso não ajuda nada. Se você diz, por exemplo, que todas as pessoas do mundo são amigos dele, isso de nada adianta. Os conceitos ainda continuarão presentes e ele continuará julgando o mundo separando-os entre amigos e inimigos. Com isso, você ficará desacreditado e não poderá mais ajudá-lo.

É por isso que quando ensinamos usamos os exemplos mais terra a terra. Com isso queremos entrar mesmo na realidade da sua vida, pois sem isso, de nada adianta filosofar.

Vocês julgam as coisas pela aparência. Se alguém tem certeza de que pertence a Cristo, então pense de novo a respeito disso, pois nós também pertencemos a Cristo tanto quanto essa pessoa. (Capítulo 10 – versículo 07.)

Olha que belo ensinamento: você julga as pessoas pela aparência, mas todos pertencem a Cristo.

Sabe aquele assaltante que você diz que não vale nada, que é um safado? Sabe aquele maconheiro que você diz que não vale nada, que é um safado? Ele pertence a Cristo!

É preciso lembrar que todos os espíritos são filhos de Deus e quando encarnam no planeta Terra subordinam-se a Cristo. Sendo assim, aquele que você diz que não vale nada, é filho de Deus e está com Cristo.

Você é que diz que ele não vale nada, que ele não presta, que é arrogante... Acontece que tudo isso que você fala a respeito dele, está calcado na aparência, naquilo que você acha que está vendo... Na verdade, o que você fala das outras pessoas, é o que acha que está vendo, mas ela não é aquilo...

Participante: somos corpo, mente e espírito. Sendo corpo, somos química também e dessa forma sofremos influencias químicas como, por exemplo, alterações hormonais e outras. O equilíbrio do corpo, mente e espírito é difícil. Existe uma formula?

Existe: cair na realidade... O que é cair na realidade? Você não é corpo...

Aquele que se deixa se dominar pelo corpo, não compreende que não é corpo. Não existe corpo, mente e alma: existe o espírito que está ligado a um corpo.

Em outra palestra já acabamos com a ideia de de que encarnar é estar dentro da carne. O espírito, na verdade, não está dentro da carne. Ele está ligado à carne. Mas, ela jamais pode influenciar o espírito, pois não é inteligente. Só o espírito é inteligente, é capaz de raciocinar, capaz de escolher.

Portanto, o que você falou é exatamente ao contrário: você é que tem que acabar com influência da disfunção hormonal e não se deixar levar por ela. Agora, com relação a mente que você colocou na sua pergunta, lhe digo mente e espírito são sinônimos.

Se você quer dividir o ser humanizado em partes eu diria que existe o espírito e o ser humano. O ser humanizado não é você: ele é a junção da carne, do espírito e do ego. Esses são os três elementos que compõem o ser humano...

Apenas só mais um detalhe: você é independente do ego (mente) e da carne. Tanto assim que o ego morre, a carne se desfaz e você continua vivo.

Participante: mas vivemos vinte e quatro horas na carne; não consigo controlar o espírito.

Na verdade você não consegue controlar o espírito, porque você é o espírito. Você controla as coisas materiais... Só que exerce este controle no sentido material e não no espiritual. Aí está a diferença.

Você controla a casa, os filhos – ou pelo menos acha que controla, não é? Só que exerce este controle de uma forma material, ou seja, controla objetivando atender seus desejos. O controle espiritual não é isso... Quem controla as coisas espiritualmente falando controla a influência que os desejos e paixões pelas coisas sobre a mente, sobre os pensamentos. Essa é a diferença. Isso pode ser alcançado...

Agora, querer conseguir isso da noite para o dia, ninguém consegue. Esse controle é uma questão de treinamento. É preciso uma luta constante contra a sua humanização, ou seja, contra os seus desejos, contra as suas vontades, contra os seus quereres, contra o seu gostar, contra o seu não gostar, para poder começar a se libertar da carne.

Só depois disso conseguirá não se ver mais como carne. Enquanto for humanizada vai achar que é a carne e aí não tem nada que possa resolver.

Participante: mas eu sofro... Posso eu alcançar a mansidão do espírito? Não ficamos contidos demais e dessa forma não fazemos doenças?

A doença vai nascer enquanto você tiver o querer... Você está falando em resignação (queria isso e não aconteceu, queria que não acontecesse, mas aconteceu) e isso dá doença.

Resignar-se com o que acontece não resolve. O que estou falando é não querer nada. Quando você não quiser nada, não vai acontecer nada que não queira... Só aí vai entrará na mansidão do espírito.

O espírito é manso, mas quando se humaniza, por causa da busca do bem material, começa a trocar valores, começa a ter desejos para achar o prazer e com isso perde sua humanização...

Eu não estou envergonhado, ainda que tenha me orgulhado demais da autoridade que o Senhor nos tem dado. Essa autoridade é para fazer vocês crescerem espiritualmente e não para os destruir. Não quero dar a impressão que estou querendo assustar vocês com as minhas cartas. Alguém vai dizer: as cartas de Paulo são severas e fortes, mas, quando ele está conosco, é tímido e é um fracasso quando fala. Porém essa pessoa deve saber que não há diferença entre o que escrevemos nas cartas, quando estamos longe, e o que fazemos, quando estamos ai com vocês. (Capítulo 10 – versículo 08 a 12)

Paulo diz que o povo de Coríntios sente a diferença entre aquele que eles veem e as cartas que recebem. Acham as cartas que vem de Paulo mais agressivas... Mas, Paulo diz que ele é igual quando escreve e quando está presente. Sendo assim, onde está a diferença? Está em quem leu, na interpretação de quem leu.

Veja, você lê a letra fria sem a sensação, sem o sentimento. Por isso, vai escolher um sentimento para agregar ao que lê. Isso não ocorre só na carta escrita, mas também quando o outro fala.

É preciso compreendermos que tudo o que você ouve, é o você ouve e não é o que foi falado. Quando se ouve alguma coisa, existe uma interpretação do que se é ouvido. Nesta interpretação, você escolhe um sentimento para interpretar o que é ouvido.

Por exemplo. Ao ouvir alguma coisa, você acha que a pessoa está lhe agredindo, mas ela não está. Você acha que a pessoa está lhe ofendendo, mas não está. Agressão e ofensa são sentimentos que você colocou ao que ouviu e com isso gerou estas interpretações ao som.

Por isso, lhes digo uma coisa: podemos começar a mudança interna selando os nossos ouvidos, não querendo ouvir o que estamos ouvindo. Para isso é preciso declarar expressamente que você não sabe a intenção com que o outro falou.

Isso é fundamental para a evolução espiritual. Por quê? Porque quando você coloca uma intenção no que ouve se prepara para uma reação. Sentindo-se humilhado, vai querer humilhar o outro, mas na maioria das vezes o outro não fez nada disso: foi você que viu isso e não a pessoa que fez.

Esse é o ensinamento de Paulo: não julgue ninguém pelo o que você ouve, pelo o que vê, pelo o que acha, pois o seu julgamento é viciado e está baseado pelos seus pré-conceitos...

É claro que não nos atrevemos a nos igualar ou nos comparar com aqueles que pensam que são importantes. Como são ignorantes! Medem a si mesmos pelas medidas que eles próprios fizeram. Quanto a nós, porém, o nosso orgulho não irá além do que deve. Estará dentro dos limites que Deus nos tem dado, e isso inclui o nosso trabalho entre vocês. Desde que vocês estão dentro daqueles limites, não fomos além deles quando chegamos até aí levando a boa nova a respeito de Cristo. Assim não nos orgulhamos do trabalho que os outros têm feito em lugares que estão além dos limites que Deus nos deu. Ao contrário, esperamos que a fé que vocês têm possa crescer. E que nós possamos fazer trabalho ainda maior entre vocês, sempre dentro dos limites que Deus nos tem dado. Então, poderemos anunciar o evangelho em outras regiões além daquela onde vocês moram. E assim não teremos que nos orgulhar no trabalho já feito por outra pessoa.

Como dizem as Escrituras Sagradas: quem quiser se orgulhar, que se orgulhe daquilo que o Senhor faz. Porque alguém só é aprovado quando o Senhor o aprova, e não quando é aprovado por si mesmo. (Capítulo 10 – versículo 12 a 18)

Não se vanglorie daquilo que Deus faz ... O que é vangloriar-se daquilo que Deus faz? É achar que você fez, pois não cai uma folha da arvore sem que o Pai a faça cair... Portanto, não se vanglorie nem de ter tirado uma folha da arvore sequer, pois você não pode tirar uma folha de uma árvore sem que o Pai a faça cair. Não foi a sua mão que tirou; foi Deus quem tirou.

Isso é para acabar com eu estou certo, eu sei e o outro não sabe nada, ninguém sabe nada, só eu presto. Ah eu fiz isso e eu sou muito gostosão... não é, Deus fez. É preciso nós entrarmos na realidade e a realidade é essa, ninguém faz nada. Não cai uma folha da árvore sem que o Pai a faça cair.

Eu disse lá no início quando começamos a estudar Paulo. Paulo foi polemico porque ele foi o que melhor compreendeu os ensinamentos de Cristo e até hoje os ensinamentos de Cristo vem sendo deturpados, vem lhe dando o poder de agir quando Cristo disse que você não consegue fazer nem um fio de cabelo ficar branco e Paulo tem essa consciência plena de que ele não faz nada.