Fatalidade

As fatalidades da vida e a encarnação

851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo?

Qual é o sentido que se dá a esse vocábulo? O que é uma fatalidade?

Participante: alguma coisa que obrigatoriamente vai acontecer.

Sim ... Volte à leitura da pergunta de O Livro dos Espíritos, por favor.

851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?

Ouviram? A pergunta de Kardec é: existe alguma coisa que acontece por acaso ou tudo é pré-determinado? E se tudo é pré-determinado, onde fica o livre arbítrio? Vamos à resposta ...

“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer”.

Olhe bem o que está escrito aí e deveria servir como orientação aos espíritas. O que você chama de fatalidade nada mais é do que aquilo que o espirito escolheu para si antes da encarnação.

Vamos dizer assim: se você esquecer seu carro aberto e alguém o roubar, não é uma fatalidade, é algo que você escolheu antes da encarnação. Você está em casa dormindo e uma bala fura a parede e lhe encontra deitado na cama. Isso não é uma fatalidade, mas sim algo que você escolheu acontecer antes da encarnação.

“Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado”.

Portanto, quando você, o espírito, planeja a sua vida, cria um destino, uma história de vida. Essa história está totalmente de acordo com a sua posição no mundo espiritual. Ou seja, ela representa uma tendência que é preciso ser vencida. Por causa dessa necessidade é que o espírito, antes de encarnar, escolhe determinado acontecimento que amanhã, quando encarnado, ele chamará de fatalidade.

Vamos continuar lendo a resposta.

“Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir”.

Falo das provas físicas, dos atos. Isso quer dizer que os atos de uma vida foram escritos pelo espírito antes da encarnação. Tal informação deve nos levar a compreender que depois de encarnado o ser não é senhor das ações que vivencia. Ele foi senhor delas antes da encarnação.

Depois de encarnado você, o espírito, é senhor do sentimento com o qual vivencia os acontecimentos. É senhor do bem e do mal durante aquele ato que escolheu. Eu poderia dizer que o ser depois de encarnado é senhor das tentações geradas pela mente, o tentador.

‘Ah, que coisa horrível aquele bandido. Ele não presta, pois matou meu pai na cama’. Uma ideia dessa é o ego lhe tentando para ver se opta pelo bem ou pelo mal. Para poder optar pelo bem é preciso que compreenda que o seu pai escreveu aquele momento para viver antes da encarnação.

É muito clara essa resposta. Sei que até agora vocês vêm dizendo que o que afirmo é apenas uma interpretação minha. Mas, observem bem essa resposta. Não há interpretação alguma possível que distorça o que está escrito: ‘Falo das provas físicas, quanto à moral e a tentação o espirito, ele é senhor de bem e do mal’.

Portanto, essa questão e tantas outras que já vimos destroem completamente a ideia de que existem seres encarnados que possam fazer mal a outrem. Quando vimos a questão da escolha das provas, Kardec já havia sido bem claro – a doutrina que se baseia na predisposição dos acontecimentos da vida – mas vocês ainda insistem em que as coisas acontecem nesse mundo livremente.

Tudo está escrito, essa é a doutrina espírita, e isso se comprova ao longo de diversas questões desse livro que já vimos e vamos ver.