Senhor, Senhor

Amor e casamento

Participante: como amar o próximo como a si mesmo? A gente não sabe amar se o outro não é aquela imagem que fazemos.

Não aceite a imagem que é feita na mente dos outros e os ame sendo quem são. Isso é amar o próximo.

Amar o outro não é consertá-lo, torna-lo melhor, mas sim aceita-lo como é. Melhor: amá-lo como é. Não gosto do tema aceitar porque ele transmite a seguinte ideia: “ele não presta, é uma droga, mas eu tenho que amar, por isso o aceito como é”. Isso não é amar. Amar é dizer: “louvado seja Deus pelo outro ser como é, que bom que ele é assim, que bom que grita, briga com todos”.

Participante: acho que hoje amo o meu marido como nunca amei. A vida inteira ele me ignorou, me proibiu, me prendeu para não trabalhar a espiritualidade.

Seu marido nunca lhe prendeu. A vida inteira você teve a opção de trocar de marido. Se não trocou, não foi ele que lhe prendeu; foi você que se deixou ser presa.

Nunca jogue culpa nos outros, ao menos na frente de Joaquim.

Participante: antes, as pessoas falavam “ah, você ainda tá nessa?”. Eu chorava, me cobrava. Hoje, já aceitei ele assim como é. Hoje eu quero isso pra mim. Então, eu amo muito mais o meu marido.

Então, você não está amando o seu marido: está amando a si. Como disse, você se escravizava. Essa escravidão foi vivida no sofrimento e agora está sendo vivida na ideia de estar amando.

Tem uma historinha sobre casamento que quero mostrar. Perguntaram a Jesus assim: uma mulher é casada com um homem. O homem morreu. Segundo a tradição dos Judeus, o irmão mais velho daquele homem casou com ela, ou seja, ela era a mulher de um homem e passou a ser de outro. Aí, esse segundo morreu. De acordo com a tradição, ela casa com outro irmão. Isso aconteceu sete vezes. Ela se casou com sete irmãos.

Depois de narrar esta história, um professor da lei perguntou pra Jesus: no céu, ela vai ser mulher de quem? O mestre respondei: vocês estão querendo me pegar, não é? No céu não existe casamento.

Pois é, o mestre que sempre lhe mandou buscar o bem celeste afirma que no céu não há casamento, mas vocês ainda dizem que o matrimônio é divino e é sagrado. O valor de sagrado do casamento é algo humano, não tem nada a ver com o mundo espiritual.

Tem uma coisa que eu adoro ouvir: “eu amo o meu marido”. Só que a quando este marido trai, o amor por ele acaba. Se acabou, nunca existiu, pois o amor universal não acaba nunca por nenhum motivo. Esse é um amor humano, pois continha uma condição: precisava haver fidelidade para que existisse.

Se é amor condicional, é humano e por isso não deve ser procurado por vocês. Além do mais, não é amor verdadeiro, mas uma posse que vocês chamam de amor.

Participante: Joaquim, eu casei com dezoito anos. Ontem mesmo, meu marido me falou “nós vamos ficar casados para o resto da vida”. Aí, eu falei “Deus me livre. Se está bom hoje, que bom que es; se amanhã estiver, a gente vai ser feliz também”. Pensar em viver o resto da vida é muito pesado.

Seu pensamento é sua ideia. Lhe aconselho a não se apegar a ele.

A sua questão é a mesma da pergunta sobre o que fazer com o meu filho que é ladrão. Não sei, pode ser que sim pode ser que não.

Deixe-me falar uma coisa. A vivência que vocês têm com determinadas coisas são problemáticas porque possuem o hábito de santificar coisas materiais. Saiba: nesse mundo não existe nada santo, nada puro.

Esse é o mundo de provas, por isso todas as coisas que existem são instrumentos de provas. O mundo puro é outro. Aqui, não há nada santo, não há nada sagrado. Tudo que existe neste mundo é humano, por isso, tudo precisa ser abandonado. Tudo!