4ª conversa - Expectativas, Apego e Amor

Amor - Conversando sobre o amar

Participante: quando não amamos a nada especificamente, não acabamos entrando num nada, num vazio ao invés de amarmos incondicionalmente?

Pelas perguntas que você tem me feito, posso dizer que está muito preocupada com o que acontecerá depois que realizar algum trabalho. Eu não posso lhe dizer o que acontecerá, pois a impressão sobre alguma coisa é sempre uma sensação individual. Por isso, vá, tente.

Deixe-me dizer algo. Se você está em busca de algo diferente na sua vida, e por isso veio parar aqui, é sinal de que as coisas não estão boas. Se você estivesse bem consigo mesmo, não estaria procurando nada novo. Por isso, lhe digo: tente. Pior do que está não vai ficar, mas pode ser que melhore. Espere ver o que vai acontecer.

Mas, tem mais uma coisa que quero lhe falar. Preste atenção e a cada assunto que conversamos a sua mente está lhe colocando argumentos para que nem tente. Esses argumentos estão dentro de um tema que ainda conversaremos aqui: previsão de futuro.

Repare que na sua pergunta há uma previsão de futuro. Quando diz que ficará no vazio com o fim do amor condicional, está fazendo uma previsão do que acontecerá caso coloque em prática. Mas, nem você nem ninguém sabe o que acontecerá amanhã. Por isso não deixe a mente plantar sementes ligadas a coisas futuras.

Viva o hoje, o agora. Viva o não condicionar o amor hoje e espere para ver em que dará isso.

Participante: o amor condicionado está ligado aos apegos?

Sempre. O amor condicionado sempre está ligado àquilo que se está apegado.

Participante: dessa forma, amar incondicionalmente pode significar dentro da visão humana o desapego completo, o amar o amar?

Não necessariamente o desapego completo, porque você ainda se apegará a ter que amar.

Quem ama o amor, ama a ele, mesmo que não esteja amando. Quando é preciso amar para poder amar, está vivendo uma condicionalidade.

O problema é que vocês não me ouvem apenas, mas querem entender, quererem um criar um sistema para colocar em prática o que falo. Querem saber o que é, como é, o que pode ser. Por isso se perdem, porque a mente humana não tem capacidade para entender essas coisas.

Ela faz este jogo como, por exemplo, a afirmação de que amar incondicionalmente então é o desapego completo, para que você se apegue a uma forma de amar. Aquele que não está desperto, que não está consciente da existência sua e da mente e do funcionamento desta, acaba caindo.

Neste momento começa a ter um apego: o de ter que amar.

Participante: parece que amar universalmente é só deixar de fazer as coisas humanas, deixar de amar humanamente, mas esse amar também tem a ver com um sentir algo, mesmo que não conheçamos esse algo?

Amar não é sentimento. Vocês tratam o amor como algo a mais, mas não se trata de nada diferente de qualquer outra coisa deste mundo. Amar não é aquele calor que dá no peito, não é estar se sentindo bem, estar em paz. Amar não é nada disso, mas apenas amar.

A partir desta afirmação, você me perguntaria: o que é amar? Eu diria que só tem condições de saber o que afirmei, mais nada. Isso porque amar está além do mundo humano.

Aqui, enquanto guiados por uma razão humana e viverem consciências criadas por ela, não terão consciência que amaram. Se tiverem, podem ter a certeza que esse amor é condicionado, já que tudo que é gerado pela mente é condicional.

‘Ah, Joaquim, do jeito que você fala fica difícil’. Sim, fica impossível, mas não pelo que eu falo, mas sim por conta de vocês. O problema é que ainda insistem em amar, em ter um sentimento, mas não foi isso que falei que deveriam fazer. O que disse é que deveriam se libertar das condições do amor gerado pela razão. Isso vocês entendem. Sabem o que é condicionalidade, imaginam que sabem quem é a mente e podem ver a condicionalidade presente. Portanto, se pararem por aqui, não ficará difícil.

Por isso, pare de querer saber o que é amar e como fazê-lo. Trabalhe suas condicionalidades.

Lembra-se quando me disse que as coisas humanas são um saco? Isso, além de apego a algumas coisas, é o fruto de um amor material, pois para achar alguma coisa um saco, é sinal de que ama condicionalmente outras. Quando me diz que a prática do ensinamento lhe levará a um vazio, acabou de colocar uma condicionalidade no seu amar.

Por isso, lhe digo, e sei que pode compreender: destrua essas coisas. Para isso diga para si mesmo: ‘aquilo é chato, mas é o que eu tenho. Não tenho o que queria, então vivo o que aparece’. ‘Estou ouvindo um caminho e ele toca meu coração. Por isso vou tentar praticá-lo, mesmo não sabendo onde vai dar. Aliás, no que vai dar não me importa, porque o importante é o caminhar e não o chegar’.

Isso são coisas que você compreender quando digo e possui condições de fazer. Só que ao invés de realizar o que precisa, fica se aprendendo a detalhes que é incapaz de compreender e que mesmo que compreendesse, não levaria a lugar algum. Falo isso da sua mente e não de você.

Aí está o problema. A mente trabalha de tal forma que os mantenha presos ao individualismo, à posse, a paixão, aos desejos. Por isso gera necessidades. Uma delas é a de entender o que é ouvido, a esmiuçar as coisas que são incompreensíveis para ela.

Saibam que esse é o trabalho da mente e que não conseguirão se libertar dele a tal ponto de não ter o fruto dele. Por isso, precisam trabalhar a liberdade do que é criado e não mudar a produção dela.

Participante: se o senhor já parte do pressuposto que não conseguiremos, porque nos fala disso? Porque aborda este tema?

Para que tentem. Este é um mundo de provar que quer e não de realizar.

Este é um mundo para começar a lutar contra as suas condicionalidades. É um mundo que existe para que prove que quer lutar, mesmo sabendo que não conseguirá se libertar de tudo.

Portanto, volto a dizer, não conseguirão chegar ao amar, mas provará que quer chegar a isso. Fazendo isso, está apto para ir para outro grua, que chamam de mundo de regeneração, e lá executarem o amar incondicional.

Agora não é momento disso. Para vocês que estão encarnados esse é o mundo de provas e expiação e por isso a regeneração não é cobrada.

Participante: viver o presente, no presente, pelo presente. Seria isso o mais próximo que poderíamos chegar do amor universal.

Isso não tem anda a ver com amor universal. Você pode viver tudo isso amando condicionalmente.

Viver o presente, no presente por ele mesmo é ter um campo para trabalhar contra as condicionalidades, mas não é o trabalho necessário. Esse é o de libertar-se da condicionalidade do amor no presente. Se ela diz que ama determinada pessoa porque é boa, bonita, lhe faz bem, liberte-se disso.

Não do amor a ela, mas da condicionalidade do seu amar. Se o vive, terá momentos onde essa pessoa não será aquilo que se condicionou que ela é. Neste momento, perde a paz.

Participante: qual outra personalidade encarnada amou sem apego?

Muitas. Mas, o que é que cite? Nomes extremamente conhecidos? É mais difícil deles amarem dessa forma.

No entanto, sabe aquelas pessoas que moram na favela e tudo está bom, que não reclamam da vida que têm? Sabe aquelas pessoas que passam fome nas suas casas e assim mesmo se alguém deixar um recém-nascido na porta ele cria ao invés de levar para a vara da Infância? Esses amam incondicionalmente.

O detalhe é que são figuras anônimas que vocês não querem seguir. Preferem elogiar e seguir Gandhi, Madre Teresa, Chico Xavier, etc. Aliás era estes nomes que você esperava que eu respondesse, não?

Porque esperava que desse estas respostas? Porque querem seguir eles? Porque isso é um símbolo de status perante a sociedade. Eu diria que adorar a Madre Tereza e Chico transmite para os outros a condição de ser uma pessoa muito boa. Olhe a busca da fama, do reconhecimento, do elogio com as quais a sua mente está trabalhando.

Como cristo diz: se você abraça o seu amigo, mas não cumprimenta o seu inimigo, não faz nada demais, pois até um ateu faz isso. É muito simples amar estas pessoas: isso até quem está totalmente preso ao egoísmo humano faz. Quero ver é você amar um bandido que mata e estupra. Aí sim você estaria fazendo alguma coisa.

Amando a ele, pode ser que consiga chegar ao amor universal. Agora, enquanto amar somente seguindo as condições que acredita, duvido que que chegue ao amor universal. Aliás, sem isso acho que nunca nem entenderá o que é amor.

Participante: a maior barreira para provarmos que queremos amar sem condições, é a distinção que fazemos das pessoas do nosso núcleo familiar das que não são?

 A maior barreira que tem para não amar universalmente é o apego, a dependência de alguma pessoa. Cada condicionalidade que existe no seu amor está ligada a um apego.

Ama a sua mãe, porque ela é sua mãe. Se aquela pessoa não ocupasse esse papel na sua vida, não a amaria. Essa condicionalidade no seu amor é fruto da dependência que tem da figura materna.

Ama sua mulher, porque é sua mulher, porque deita com você na cama, faz a comida, trabalha para lhe ajudar a sustentar. Se ela não fosse sua esposa ou se não fizesse algumas dessas coisas, mesmo sendo sua mulher, você não a amaria. Essa condicionalidade lhe faz se apegar àquela mulher e chama este apego de amor.

Então, o que faz você não conseguir amar universalmente não é o fato de pertencerem ou não a este núcleo. Amar universalmente é amar acima do que espera, do que gosta ou da sua dependência de quem se ama.

Participante: espíritos encarnados possuem condições de chegarem perto do amor universal?

Não. Espíritos encarnados hoje no planeta Terra tem condições de provar que não querem condicionar o amor. Como? Vencendo algumas condicionalidades. Só isso.

Falo isso do mundo de provas e expiações. Em outros mundos é outra coisa.

Participante: será que posso dizer que o amor incondicional é igual a ser feliz de forma incondicional?

Claro, quem ama incondicionalmente tem a felicidade incondicional. Porque? Porque não tem dependência de nada, não tem condições de ser feliz.

Só sofre aquele que está apegado, que tem necessidades, que precisa de alguma coisa para ser feliz.

Participante: quando fiz a pergunta a respeito de personalidades que vivem o amor sem apegos, queria saber se fora Cristo outro tinha conseguido e não para encontrar um ídolo para seguir.

Mas, eu lhe respondi: há muitos que conseguiram. Agora, não posso lhe dizer quem foi. Foi a Maria, o José, que são pessoas que você não faz a mínima ideia quem seja.

Então sim, tem gente que consegue, mesmo sem sabe que conseguiu. Outros acham que conseguiram e alguns nem tem ideia do que estamos falando.

Participante: a mente usa a intenção de acabar com as condições para amar como uma nova condição para se chegar ao amor universal. Como escapar dessa armadilha?

Não dependendo de amar para ter paz, de amar para se sentir bem, para ser feliz. Ou seja, escapando da condicionalidade que ela gerou.

Participante: se outros conseguiram amar universalmente, eu posso conseguir.

Com relação a isso, tenho certeza absoluta que você e todos podem. Não amar totalmente, mas conseguir vencer diversos condicionamentos.

Sabe porque tenho essa certeza? Porque estão encarnados. Se não tivesse condição de obter essa vitória, Deus não deixaria vocês encarnarem, viver isso. A encarnação passa pelo crivo de Deus e aquilo que Ele sabe que o espírito não tem a menor condição de fazer, retira.

Portanto, se estão encarnados, se estão tendo a oportunidade de ouvir aqui ou em qualquer ugar sobre esse trabalho, é sinal que possuem condições de fazer.

Agora, o que vai determinar se fará ou não? O apego que a mente criar e você aceitar.

Participante: sem amor condicional terminam os casais?

Não. Os casais continuam existindo só que vivendo dentro da universalidade do amor: sem condicionalidade. Um cônjuge não amará o outro por alguma motivo, mas apenas amará.